Postado por Viviane Damasceno em Fala, Autismo
Tenho certeza que Içami Tiba não
vai me cobrar direitos autorais por utilizar o título de seu Best
Seller na construção do título de minha humilde coluna. Faço isso movida
pelo meu desejo de chamar a atenção de todos que amam e, sobretudo,
daqueles que se preocupam na educação com amor.
A educação é a grande porta para a inclusão social. Essa verdade vale também para o autista.
Dia 2 de abril, é o Dia Mundial de
Conscientização sobre o Autismo, data instituída pela ONU em dezembro de
2007, na busca de esclarecer e alertar a importância do diagnóstico e
intervenção precoce.
Ouço tanto falar em inclusão social, do
poder da educação e em como as pessoas portadoras de necessidades
especiais devem ser acolhidas em nosso meio. Vejo que várias escolas
estão se preparando (?) para receber tais pessoas. Noto algumas rampas,
elevadores, corrimãos, banheiros exclusivos, enfim, alguma diferença na
estrutura física. Porém, de acordo com a lei, não pode haver salas de
aula exclusivas.
Conversando com Rita Brasil, diretora do
AMA, fiquei sabendo que a didática que serve para várias síndromes não
serve para o autista. Por isso a dificuldade em instituições como o
Pestalozzi e Irmã Dulce. Este necessita não apenas de uma didática
exclusiva, mas de uma instituição também exclusiva nos primeiros anos de
desenvolvimento.
Um autista para aprender, necessitará
por anos a fio, de um (a) professor (a) exclusivo (a) lhe ensinando cada
saliência dos objetos e cada curva e reta na formação de uma única
letra. Como já mencionei, este profissional precisa ser preparado num
curso efetivo para a educação de autistas. Ele vai ensinar, entre tantas
coisas, o básico para uma mínima autonomia como sentar, comer, ir ao
banheiro etc.
Ao contrário do que se pensa, a
hiperatividade é um dos maiores empecilhos para que o autista consiga
permanecer numa sala de aula convencional porque ele simplesmente se
recusa a sentar.
Há leis que normatizam o acesso e a
inclusão nas escolas convencionais, reservando-lhe lugar desde o
estacionamento. Todavia não há formação aos professores para que estes
tenham o mínimo de preparo para lidar com essa criança.
Mesmo que se busquem centros especiais
de atenção ao autista, os pais destes portadores conhecem de perto a
escassez de opções e inexistência em muitas cidades que compõem nossa
Pátria amada.
Não basta ao autista ser preparado nos
raros centros para o ingresso nas escolas convencionais. Há de se ter
uma continuidade pedagógica e um diálogo entre ambas as instituições.
Caso contrário, o trabalho arduamente empenhado sofrerá rupturas
drásticas e o que autista menos precisa é romper com o mínimo que
construiu.
Conheci o AMA –BA (Associação de Amigos
do Autista) por conta de um estudo que começo a desenvolver acerca da
socialização dos adolescentes. É mesmo interessante o estudo da
socialização dos adolescentes em suas diversas áreas, mas estudar o que
já está socializado e largamente equipado com tantos meios de
comunicação é “chover no molhado”, por isso o estudo me direcionou
justamente às margens da sociedade.
O AMA conta hoje com 128 alunos e uma
lista de espera de mais de 300. Um time maravilhoso de voluntários e
outro de professores conveniados do município e do estado. Impossível
desenvolver esse estudo e não se envolver com a causa.
Primeiro pelo amor que paira naquele
ambiente de tanta diversidade, segundo pela força que o amor é capaz de
produzir e finalmente pelo incômodo em ver como as políticas públicas
que foram criadas para cuidar do cidadão ainda são massivamente
inacessíveis.
A luta é diária, é sofrida e o mais triste, quase solitária. O dia 2 de abril é segunda feira próxima
e para que ninguém deixe de trabalhar para estar neste encontro, aqui
em Salvador, a mobilização pela conscientização do Autismo ocorrerá no
domingo, dia 1° de abril, num dos pontos mais lindos desta cidade: o
Farol da Barra. Certamente o sol estará brilhando e o céu estará tão
azul quanto as camisetas dos que amam.
Convido você a vestir algo azul e fazer desta luta solitária uma luta solidária e provar que o azul do céu é para todos.
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