RIO - Um estudo que durou seis anos para medir a taxa de autismo
infantil numa população de classe média na Coreia do Sul produziu um
resultado que surpreendeu especialistas e provavelmente vai influenciar o
modo como a prevalência da doença é medida ao redor do mundo.
De acordo com o estudo, 2,6% de todas as crianças com idade entre 7 e 12 anos do distrito de Ilsan, na cidade sul-coreana de Goyang, apresentam uma forma da doença, taxa duas vezes maior que a apresentada em países ricos - aproximadamente 1%, número que tem aumentado nos últimos anos (nos Estados Unidos era de 0,6% em 2007, por exemplo).
No entanto, os especialistas defendem que a descoberta não significa que os números atuais de crianças com autismo estão aumentando, mas apenas que a pesquisa é mais abrangente que as realizadas anteriormente.
- É um estudo muito impressionante - disse ao "New York Times" Lisa Croen, diretora de um programa de pesquisa sobre autismo da Califórnia e que não participou da pesquisa. - Eles fizeram um trabalho cuidadoso e numa parte do mundo onde o autismo não foi bem documentado no passado.
Para a pesquisa, que foi publicada na Revista Americana de Psiquiatria, cientistas do Centro de Estudos sobre Crianças de Yale, Universidade George Washington e outras instituições de ponta ficaram encarregados de fazer uma análise de todas as crianças com idade entre 7 e 12 anos de Ilsan, que tem cerca de 490 mil habitantes.
Por sua vez, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e outros grupos de pesquisa mediram a prevalência do autismo examinando registros de casos tratados pelos órgãos de saúde e agências especiais de educação da localidade. Neste caso, podem ter ficado de fora muitas crianças cujos pais e escolas nunca procuraram por um diagnóstico.
Nos últimos anos, cientistas passaram a ver o autismo como um espectro de doenças que podem incluir desconexão social profunda e retardo mental, mas também formas mais brandas, como a Síndrome de Asperger, na qual as crianças são potencialmente incapacitadas, mas dificilmente são diagnosticadas.
- Tínhamos a sensação de que acharíamos uma prevalência maior que em outros estudos porque estávamos examinando uma população nunca analisada: crianças na escola regular - disse o coordenador do estudo, Young-Shin Kim, psiquiatra infantil e epidemiologista do Centro de Estudos Infantis de Yale.
A Coreia do Sul foi escolhida não apenas porque a prevalência de autismo ainda não havia sido medida lá, mas em função de seus sistemas nacional de saúde, educação universal e sua população homogênea, que fazem do lugar uma região promissora para uma série de estudos planejados que também devem analisar a relação do autismo com fatores genéticos e ambientais.
O resultado fez os pesquisadores perguntarem se se uma prevalência igualmente alta seria encontrada em outros países ricos, como os Estados Unidos, caso todas as crianças fossem analisadas. De acordo com os pesquisadores, a maioria dos casos de transtorno do espectro do autismo no estudo coreano apareceram entre crianças em escolas regulares que não tinham registro de ter recebido educação especial ou tratamento para problemas mentais. Um terceiro grupo foi definido como de alta probabilidade - 294 crianças que frequentavam escolas de educação especial ou foram listadas em um registro de deficientes.
As crianças deste grupo de alta probabilidade apresentavam muitas similaridades com as crianças com autismo de outros lugares. 59% eram incapacitadas intelectualmente ou apresentavam retardo mental; mais de dois terços tinham uma forma muito forte de autismo, em oposição a formas mais leves como Asperger; e a proporção de meninos em relação a meninas era de 5 para 1.
Entre as crianças com transtorno do espectro do autismo em escolas regulares, apenas 16% eram incapacitados intelectualmente, mais de dois terços tinham uma forma mais leve de autismo, e a proporção de meninos e meninas era surpreendentemente pequena: 2,5 para 1. Além disso, 12% dessas crianças tinham um QI alto - uma proporção maior do que a achada na população em geral.
Os pesquisadores adotaram um processo com duas etapas para identificar os estudantes: pais e professores responderam um questionário sobre cada criança, e as que receberam uma pontuação alta que indicaria existência de autismo foram avaliadas individualmente.
- Se nós tivéssemos olhado apenas entre as crianças com maior probabilidade, teríamos como resultado um número de cerca de 0,7%, alinhado com as estatísticas americanas - disse um dos autores do estudo Roy Richard Grinker, professor de antropologia e assuntos internacionais na Universidade George Washington.
A surpreendente proporção de casos escondidos nas escolas comuns, ele notou, pode em parte refletir o baixo índice de sensibilização e elevado grau de estigma ligado ao autismo na Coreia do Sul. Além disso, crianças com transtornos do espectro do autismo podem destacar-se menos nas escolas coreanas, que seguem rotinas altamente estruturadas e previsíveis, e enfatizam hábitos de aprendizagem.
De acordo com o estudo, 2,6% de todas as crianças com idade entre 7 e 12 anos do distrito de Ilsan, na cidade sul-coreana de Goyang, apresentam uma forma da doença, taxa duas vezes maior que a apresentada em países ricos - aproximadamente 1%, número que tem aumentado nos últimos anos (nos Estados Unidos era de 0,6% em 2007, por exemplo).
No entanto, os especialistas defendem que a descoberta não significa que os números atuais de crianças com autismo estão aumentando, mas apenas que a pesquisa é mais abrangente que as realizadas anteriormente.
- É um estudo muito impressionante - disse ao "New York Times" Lisa Croen, diretora de um programa de pesquisa sobre autismo da Califórnia e que não participou da pesquisa. - Eles fizeram um trabalho cuidadoso e numa parte do mundo onde o autismo não foi bem documentado no passado.
Para a pesquisa, que foi publicada na Revista Americana de Psiquiatria, cientistas do Centro de Estudos sobre Crianças de Yale, Universidade George Washington e outras instituições de ponta ficaram encarregados de fazer uma análise de todas as crianças com idade entre 7 e 12 anos de Ilsan, que tem cerca de 490 mil habitantes.
Por sua vez, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e outros grupos de pesquisa mediram a prevalência do autismo examinando registros de casos tratados pelos órgãos de saúde e agências especiais de educação da localidade. Neste caso, podem ter ficado de fora muitas crianças cujos pais e escolas nunca procuraram por um diagnóstico.
Nos últimos anos, cientistas passaram a ver o autismo como um espectro de doenças que podem incluir desconexão social profunda e retardo mental, mas também formas mais brandas, como a Síndrome de Asperger, na qual as crianças são potencialmente incapacitadas, mas dificilmente são diagnosticadas.
- Tínhamos a sensação de que acharíamos uma prevalência maior que em outros estudos porque estávamos examinando uma população nunca analisada: crianças na escola regular - disse o coordenador do estudo, Young-Shin Kim, psiquiatra infantil e epidemiologista do Centro de Estudos Infantis de Yale.
A Coreia do Sul foi escolhida não apenas porque a prevalência de autismo ainda não havia sido medida lá, mas em função de seus sistemas nacional de saúde, educação universal e sua população homogênea, que fazem do lugar uma região promissora para uma série de estudos planejados que também devem analisar a relação do autismo com fatores genéticos e ambientais.
O resultado fez os pesquisadores perguntarem se se uma prevalência igualmente alta seria encontrada em outros países ricos, como os Estados Unidos, caso todas as crianças fossem analisadas. De acordo com os pesquisadores, a maioria dos casos de transtorno do espectro do autismo no estudo coreano apareceram entre crianças em escolas regulares que não tinham registro de ter recebido educação especial ou tratamento para problemas mentais. Um terceiro grupo foi definido como de alta probabilidade - 294 crianças que frequentavam escolas de educação especial ou foram listadas em um registro de deficientes.
As crianças deste grupo de alta probabilidade apresentavam muitas similaridades com as crianças com autismo de outros lugares. 59% eram incapacitadas intelectualmente ou apresentavam retardo mental; mais de dois terços tinham uma forma muito forte de autismo, em oposição a formas mais leves como Asperger; e a proporção de meninos em relação a meninas era de 5 para 1.
Entre as crianças com transtorno do espectro do autismo em escolas regulares, apenas 16% eram incapacitados intelectualmente, mais de dois terços tinham uma forma mais leve de autismo, e a proporção de meninos e meninas era surpreendentemente pequena: 2,5 para 1. Além disso, 12% dessas crianças tinham um QI alto - uma proporção maior do que a achada na população em geral.
Os pesquisadores adotaram um processo com duas etapas para identificar os estudantes: pais e professores responderam um questionário sobre cada criança, e as que receberam uma pontuação alta que indicaria existência de autismo foram avaliadas individualmente.
- Se nós tivéssemos olhado apenas entre as crianças com maior probabilidade, teríamos como resultado um número de cerca de 0,7%, alinhado com as estatísticas americanas - disse um dos autores do estudo Roy Richard Grinker, professor de antropologia e assuntos internacionais na Universidade George Washington.
A surpreendente proporção de casos escondidos nas escolas comuns, ele notou, pode em parte refletir o baixo índice de sensibilização e elevado grau de estigma ligado ao autismo na Coreia do Sul. Além disso, crianças com transtornos do espectro do autismo podem destacar-se menos nas escolas coreanas, que seguem rotinas altamente estruturadas e previsíveis, e enfatizam hábitos de aprendizagem.
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