domingo, 12 de fevereiro de 2012

Menino com autismo surpreende pela evolução alcançada em sete anos

Inés Quinteros Orio La Gaceta [Argentina]

Tradução: Romeu Kazumi Sassaki.

Um especialista destacou que o autismo, tratado a tempo, pode ser bem encaminhado, embora não possa ser curado. Será aplicada em Tucumán [Argentina] a metodologia do perito Hunter-Watts. José Ignacio responde todas as perguntas à La Gaceta. Ele fala sobre seu autismo e até brinca a esse respeito.

Esperto e brincalhão, José Ignacio examina tudo o que estiver ao seu alcance, especialmente flores e plantas, e diz que é muito detalhista em tudo.

No jardim de sua casa em Yerba Buena, José Ignacio Ascárate, de 10 anos de idade, se comporta como um verdadeiro guia de turismo cada vez que recebe visitas, como ele mesmo admite. “Vocês são da La Gaceta e vieram me entrevistar... porque sou um menino com síndrome de Asperger [uma categoria do espectro autista]. Bom, então vamos, quero mostrar o jardim e contar o que me agrada fazer e o que me desagrada...”, expressou enquanto abria a porta e convidava a repórter de La Gaceta a segui-lo.

Durante a curta caminhada, José Ignacio explicou quais atividades sua família e ele realizam em cada canto do jardim, apontou as árvores e as plantas chamando-as pelo nome, assinalou quais delas têm parasitas e até explicou como se reproduzem as árvores e em que época florescem. “Esta árvore é a minha favorita e gosto de subir nela. Lá de cima atiro pedrinhas e gosto de espiar os vizinhos... e às vezes converso com eles. Isso é brincadeira, viu? Também nado, mas o tanque está sujo porque estamos no inverno”, contou. Seus pais, Claudia e José Ricardo Ascárate, e a principal referência argentina em autismo, Claudio Hunter-Watts, seguiam de perto a conversa.

- Em qual escola você estuda?

- Na Nova América.

- Quais são suas disciplinas favoritas?

- Matemática, Inglês (porque brincamos e é divertido), Ciências Sociais, Ciências Naturais e Artes Plásticas. Tenho boa memória visual e sou muito detalhista quando eu desenho....

[desconversou e mudou de assunto] Sabem por que o Claudio está na minha casa? Ele vem por minha causa, porque sou um Asperger e não tenho muito relacionamento com outros meninos; gosto de estar isolado, às vezes me afasto, mas não sou uma criança com autismo dessas que não falam... Ah, escreva aí que eu gosto também de artes marciais, tiro ao alvo, futebol e videogames.

Hunter-Watts entrou na conversa para esclarecer que José Ignacio está aprendendo a jogar em um time de futebol. "Isto é muito importante; agora estamos trabalhando a socialização", disse.
José Ignacio tinha três anos quando Hunter-Watts diagnosticou o transtorno neurobiológico e começou o tratamento. Em pessoas com Asperger, segundo o perito, não existe evidência de atraso cognitivo e a grande maioria delas tem uma capacidade intelectual acima do normal e, por isso, memoriza detalhadamente tudo o que as motiva. Cada caso é único, varia com o tempo e é influenciado quando recebe apoio especializado em cada área. Este é o caso de José Ignacio. Seus pais cumprem um importante papel: desde o começo lhe deram contenção, compreensão, e empreenderam com amor o elevado caminho para ajudá-lo a desenvolver suas capacidades dentro das limitações impostas por este tipo de transtorno neurobiológico. E os resultados são assombrosos, conforme destaca Hunter-Watts. “Nós vamos dando ferramentas aos pais e aos profissionais que o tratam – disse – para que o menino possa desenvolver todas as suas potencialidades. Mas deve ficar claro que nenhum tipo de autismo tem cura”.

O dia mais emocionante para José Ignacio foi quando o convidaram pela primeira vez a dormir na casa de um amigo. “Aquela noite vi meu filho imensamente feliz. Creio que sua felicidade se devia a que, nesse momento, ele compreendia finalmente que podia ser como as demais pessoas; que seus companheiros e amigos não o viam como uma criança com Asperger ou diferente – como ele mesmo se define – e sim como qualquer criança comum”, relembrou sua mãe sem disfarçar sua emoção.

Einstein e Bill Gates são algumas das notáveis pessoas com Asperger.

Albert Einstein e Isaac Newton são considerados como casos de síndrome de Asperger. De Einstein, por exemplo, se diz que ele não falou até os 3 ou 4 anos de idade e que não falou fluentemente até os 9 anos. Foi uma criança de mau humor, que repetia o que dizia e seus pais o consideravam uma criança com atraso no desenvolvimento. Newton tinha epilepsia e gaguejava. Outros notáveis com diagnóstico de Asperger são: o ator comediante Dan Aykroyd; o criador da franquia Pokémon, Satoshi Tajiri; o falecido criador de Pink Floyd, Syd Barrett; e o multimilionário e criador do Windows, Bill Gates.

Fonte: La Gaceta, in: HF Noticias, boletim n. 145, 6/9/09.

Descrição da foto: José Ignacio, sentado na borda de um tanque d’água, sorridente, encosta uma lupa em seu olho direito e olha para o fotógrafo.
 
http://topicosemautismoeinclusao.blogspot.com/2009/09/menino-com-autismo-surpreende-pela.html

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