segunda-feira, 6 de junho de 2011

Arcturianos

Por Manuel Vazquez Gil

Arcturus é a estrela mais brilhante da constelação de Böötes. Ilumina o polo Norte com a grandeza que lhe confere o status de quarta mais brilhante do Universo. Está a 33 anos-luz da terra e um dos planetas que a circundam abriga a mais evoluída forma de vida de toda a via-láctea.

        Arcturianos são extremamente pacíficos, mentais, espirituais. Sua nave principal navega pelo espaço prevenindo guerras e ódios entre os seres. Estão presentes na terra, sob disfarce, orientando e aconselhando os homens em suas decisões. Nem sempre são ouvidos, ou compreendidos, mas têm logrado êxito nos seus objetivos, e mantido o Universo em razoável equilíbrio.

        Pequenos, eles não falam. Comunicam-se através de ondas mentais. Teletransportam-se pelo tempo e pelo espaço, usando maquetes dos lugares onde desejam estar. Calmos e talentosos, ajudam o homem a dirigir seu próprio destino e conservar seu planeta. Umas poucas vezes confundem-se com um de nós.

        A descrição de um arcturiano, se estendida à área médica e psicológica, corresponderia à descrição de um autista. A possibilidade de que alguns autistas célebres pudessem ser acturianos não é pequena. Essas pessoas raras, dotadas de um dom extraordinário, conseguiram, através dos tempos, unir humanos de todos os cantos do planeta dentro de um projeto de amor, de paz, de convivência fraterna.

        Projetos que nos permitissem conviver pacificamente sem que precisássemos estar juntos, olhando nos olhos uns dos outros. Projetos que, de alguma maneira, mostrassem as pegadas de Deus, universal e presente em todos ao mesmo tempo.

        Ia falar de Einstein e sua Teoria da Relatividade, que explica o Universo sem se preocupar em explicar sua origem. Ou de Asperger, que cuidava de seus iguais sem se preocupar de onde vieram. Ou de Bill Gates, que uniu todos os seres humanos de um modo não presencial.

        Mas há uma linguagem mais divina, mais universal, que une os homens de todas as raças e credos. Uma linguagem que ousou desafiar Babel e, com sete letras, escreve a nossa história desde que o mundo é mundo. Uma linguagem ao mesmo tempo profunda e simples, que todos entendem, não importa a idade. Uma linguagem onde não há analfabetos, mas há virtuosos, muitos virtuosos.

        Nenhum deles maior que Mozart, arcturiano e autista, morto no vigor da juventude e enterrado em cova rasa por falta de recursos financeiros. O mais profícuo de todos, o mais nobre, mais calado, mais tolerante, mais capaz. Que tinha um dom, um único e raro talento, que levou ao extremo da luz, à completude da beleza. E que, com esse talento raro, juntou os povos em torno da fogueira para ouvir sua dor exposta pelas teclas do seu piano. Não por seus olhos, sua voz, não pela sociabilidade, que não tinha, mas pelas teclas do seu piano.

        Nada é mais divino que o dom de um autista.

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