terça-feira, 8 de maio de 2012

Porque SOMENTE uma dieta livre de glúten e caseína não é suficiente




O glúten é uma proteína encontrada em grãos, principalmente trigo, centeio, cevada e aveia. A caseína é uma proteína encontrada no leite e em seus derivados. A referida dieta sugere retirar completamente as fontes dessas duas proteínas da alimentação de um autista. A teoria parece bastante interessante, porém a prática se mostra um tanto problemática…

Fonte: http://pat.feldman.com.br/2009/01/27/autismo-porque-somente-uma-dieta-livre-de-gluten-e-caseina-nao-e-suficiente/


Não quero dizer aqui, nem a Dra. Natasha Campbell McBride diz em seu livro que essa dieta é inútil ou não funciona – A DIETA LIVRE DE GLÚTEN E CASEÍNA É FUNDAMENTAL no tratamento/controle do autismo, porém uma dieta livre de glúten e caseína comprovadamente não é TUDO, não é suficiente.

Vamos entender melhor, segundo uma tradução livre de um trecho do livro da Dra. Natasha Campbell McBride…           
Em algumas pesquisas realizadas foram encontrados na urina de crianças autistas substâncias chamadas gluteomorfinas e casomorfinas, derivadas de glúten e caseína, respectivamente. O mesmo achado se deu na urina de pacientes com esquizofrenia, psicose, depressão, hiperatividade e alguns distúrbios auto-imunes.

Estas substâncias (peptídeos) – gluteomorfinas e casomorfinas – possuem uma estrutura química similar às drogas opiáceas e o seu efeito no cérebro também ocorre de forma semelhante. Imagine então que para um autista, consumir glúten e caseína é quase como consumir ópio!!
Baseada em pesquisas desta linha é que surgiu a tão conhecida dieta livre de glúten e caseína. Esse dieta  praticamente se tornou a “dieta oficial do autismo”!

 As crianças autistas, talvez por conta dos problemas em sua flora intestinal, sentem especial necessidade de consumir carboidratos refinados – exatamente o que alimenta os patógenos no seu intestino.

O padrão típico do desenvolvimento autista inclui o fato de em algum momento nos dois primeiros anos de vida a criança limita seu consumo alimentar a carboidratos processados, açúcar e lácteos: pães, biscoitos, bolos, doces, salgadinhos, cereais matinais, massas, leite e iogurtes industrializados adoçados. Na enorme maioria dos casos é dificílimo mudar as preferências das crianças: ela simplesmente não aceita outro tipo de comida! Então para inserir esta criança numa dieta livre de glúten e caseína a solução em princípio seria substituir os produtos contendo glúten e caseína por equivalentes livres dessas substâncias, que ainda assim são preparados com arroz, açúcar, fécula de batata, farinha de tapioca, soja, trigo sarraceno, etc. Esse tipo de comida alimenta a flora intestina anormal tanto quanto o glúten a dieta anterior, perpetuando o ciclo vicioso de um sistema digestivo enfraquecido e doente, que libera toxinas para a corrente sanguínea e o cérebro.

É claro que a dieta livre de glúten e caseína elimina uma parte das toxinas que são enviadas por todo o organismo: a gluteomorfina e as casomorfinas e isso faz alguma diferença, isso faz algum bem. Em algumas crianças o efeito é surpreendentemente bom. Mas infelizmente na maioria dos casos o efeito não ocorre, ou quando ocorre é apenas por algum tempo, porque as demais toxinas contiuam lá, sendo produzidas pela flora intestinal anormal. Se patógenos como Candida, Clostridia, entre outros continuam lá povoando o sistema digestivo, a inflamação persiste, o intestino fica enfraquecio, permitindo ainda que diversas substâncias indigestas e tóxicas sejam espalhadas pelo organismo.

O fato desta dieta ter ganho fama mundial como “a dieta do autismo” é muito infeliz, porque ela cobre apenas uma parte muito pequena o problema: as gluteomorfinas e as casomorfinas. Como sempre acontece, diversas indústria do setor alimentício se aproveitaram de tal fama lançando uma infinidade de produtos com o rótulo “livre de glúten” e/ou “livre de caseína”, porém são produtos industrializados e são produtos cheios de açúcar (ou pior, em alguns casos, adoçantes artificiais), carboidratos refinados, gorduras alteradas edesnaturadas, proteínas alteradas e desnaturadas e outras tantas substâncias que crianças autistas jamais deveriam consumir. Toda publicação relacionada a auismo vem recheada de publicidade desses produtos, dando aos pais uma falsa sensação de segurança: se é livre de glúten e livre de caseína, então o produto deverá ser bom para a minha criança autista, pensam eles. Livros são escritos cheios de receitas, sempre baseadas nesses produtos alimentícios altamente industrializados, açúcar, proteínas e gorduras alteradas. Sites na internet e foruns trocam o mesmo tipo de receitas…

Este é apenas mais um exemplo do que já aconteceu diversas outras vezes na história da humanidade: pesquisas científicas sérias interpretadas e usadas de maneira incorreta. Não há dúvida de que eliminar o glúten e a caseína da dieta de crianças autistas seja uma medida importante, porém nem de longe essa medida é suficiente e decisiva.

Minha sugestão: continuem sim evitando totalmente o glúten e a caseína da dieta das crianças autistas, porém não se contentem apenas com isso! Livrem-se dos industrializados, busquem alimentos o mais naturais possíveis, o mais orgânicos e/ou biodinâmicos possíveis.

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