Maryse Suplino
06/05/2012
Primeiramente é preciso definir
qual a função da instituição escola e o que pode ser considerado desenvolvimento escolar!!
A Escola tem como objetivo passar o conhecimento acumulado por várias
gerações, o saber produzido numa determinada cultura. A instituição
escola tem um papel fundamental em nossas vidas. Ela desempenha uma
função muito bem demarcada e estabelecida institucionalmente: guardar e
transmitir conhecimentos e valores da sociedade na qual estão inseridos
àqueles1 que num futuro não muito distante desempenharão papéis
específicos nessa mesma sociedade (IM, 2011).
Em termos muito
gerais, a escola deveria auxiliar na inclusão das crianças (que em algum
momento se tornarão jovens e adultos) na sociedade, através do acesso
ao que foi produzido pela sua cultura (ferramentas sociais) que darão as
mesma as condições para compreender seu meio social, viver e atuar
nele. As ferramentas sociais seriam, por exemplo, as habilidades de
comunicação (compreende e se fazer compreender), de cortesia (ações e
atitudes valorizadas em seu meio social), de auto cuidados (lembremos
que a higiene faz parte dos currículos “acadêmicos” também), ler e
compreender o mundo que o cerca, entre muitas outras. Se pensarmos
nesses termos, o papel da Escola toma uma nova amplitude.
A forma
como a escola determinou seu papel e afunilou o mesmo em termos de
passar informações acadêmicas e, ao mesmo tempo, se definindo como
instituição a partir desse papel e das estratégias que estabeleceu para
desempenhá-lo (transmissão de informação via quadro negro, lápis e
papel) é o que em minha opinião precisa ser urgentemente modificado.
Estamos vivendo em tempos de inclusão! Se a escola se mantiver num
papel tão restrito que institui um espectro tão limitado de
possibilidades e estratégias para ensinar, de fato, as probabilidades de
sucesso em incluir crianças com deficiências se tornam menores.
Não estou afirmando que a Escola não deva ter como uma das suas
finalidades, por exemplo, ensinar a ler e escrever. Seria um absurdo
fazer tal afirmativa! Afinal, através da leitura as pessoas podem se
apropriar das informações acerca de sua cultura e de outras, interpretar
o mundo, etc. O que afirmo é que existem diferentes maneiras de “ler”.
Nem todas elas lançam mão das palavras. O mundo pode ser interpretado de
diferentes formas! Algumas das crianças incluídas talvez não cheguem ao
aprendizado formal da leitura, o que não significa que não possam ser
ensinadas a fazer uma leitura do mundo.
Algumas necessitarão mais
que livro, lápis e papel para desenvolverem tal habilidade. Necessitarão
técnicas, estratégias e recursos específicos.
Outras chegarão à
escola com necessidades que vão além do aprender a ler escrever e contar
e para que sejam beneficiadas e se desenvolvam efetivamente, precisarão
de um currículo muito mais abrangente, um olhar educacional
infinitamente mais amplo.
Se é, como afirmo, papel da Escola,
disponibilizar ferramentas sociais e assim possibilitar aos alunos uma
maior e melhor inserção nessa mesma sociedade, então há espaço para
pensar que pessoas com autismo e deficiência intelectual podem, sim, ser
beneficiadas, de fato, por estar naquele ambiente social. Usufruindo
daquilo que ele tem para oferecer dentro dos objetivos que estão
propostos por aquela instituição para qualquer indivíduo que vier a ser
inserido nela. Não se trata de estar na Escola para se “socializar”, uma
vez que esse não é o único espaço onde as crianças e jovens com
deficiência poderiam fazê-lo. Sem contar que, muitas das vezes, nem
mesmo essa “socialização” tão proclamada está realmente ocorrendo em
muitos dos casos de tentativas de inclusão Escolar.
Reprodução de um posto do Grupo Tratamento do Autismo, do facebook
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