Ser mãe - tirado do perfil da Marina Almeida (lindo!)
Ser mãe
Ser mãe de uma criança com necessidades especiais faz com que o papel
de mãe tome um rumo e uma dimensão jamais antecipada. As mães se tornam
coordenadoras pedagógicas, enfermeiras, terapistas e militantes de uma
causa. As mães aprendem jargões técnicos, procedimentos médicos e
técnicas educacionais específicas.
Enquanto enfrentamos
exaustão e frustrações, nos tornamos mais fortes e mais maduras. Nós
cuidamos dos nossos filhos com necessidades tão específicas sem um
pré-treinamento formal e com um reconhecimento e suporte limitado da
comunidade em que vivemos.
As mães que seguem com seus
trabalhos por necessidade financeira sentem-se constantemente em falta, e
as mães que conseguem ter a opção de ficar em casa e dedicarem-se aos
filhos encaram outros desafios, como isolamento e falta de tempo até
mesmo para cuidar da própria saúde. Como resultado de tamanha dedicação
que a situação requer, hobbies, ginástica, amizades e outros interesses
diminuem radicalmente e em muitos casos até desaparecem.
Nós,
mães sempre sentimos que deveríamos estar fazendo mais - pesquisar uma
nova terapia ou medicação, fazer um telefonema que possa ajudar,
militando por um programa especial ou reconhecimento da causa. Somente
juntar toda a papelada e relatórios que acompanham nossos filhos já é
uma montanha de trabalho.
Para as que temos mais de um filho,
achar um balanço entre as necessidades urgentes e o que é importante
para cada criança na maioria das vezes parece uma tarefa impossível. A
maioria de nós acabamos o dia tão exaustas e exauridas de energia que
até dormir fica difícil, com esse quadro manter o casamento estável e
nutrido é muito difícil e requer muita paciência e amizade de ambas as
partes.
Administrar tanto estresse e múltiplos papéis pode
acabar por fragilizar a saúde da mãe e tirar o senso de bem-estar. Porém
é essencial cuidar da sua saúde física e mental para poder cuidar do
seu filho com necessidades especiais pelos anos à frente.
Seu
filho pode ser o que há de mais importante na sua vida, mas não pode ser
o único de importante. Quando as necessidades das crianças são demais, é
fácil acabar numa posição de esgotamento.
A maioria das mães, de qualquer forma, encontram em elas mesmas uma força interior que elas jamais imaginariam que existia.
Enquanto pais e outros membros da família também fazem sacrifícios, as
pesquisas mostram que são as mães quem suportam o peso de cuidar e criar
as crianças com necessidades especiais.
Para muitas mães,
especialmente aquelas que tem filhos com necessidades especiais, nossa
realidade não combina com que a sociedade nos ensinou quando éramos
jovens ou crianças. Se você cresceu nos anos 70 ou 80 provavelmente
tinha a impressão que você poderia ter tudo: carreira, tempo com
qualidade com a família, companheirismo e igualdade com o marido, uma
casa em ordem e bem administrada e ainda ter tempo para ir atrás de suas
paixões.
Porém, às vezes, nós passamos a vida de uma crise a
outra e parece nem haver tempo para considerar seus objetivos pessoais
porque já é difícil só levar o dia-a-dia.
De acordo com
pesquisas, as mães mais felizes são as que conseguem acomodar suas
expectativas com o que a vida nos traz, ou seja, as que são capazes de
criar novos objetivos se a vida mostra que os anteriores são
inatingíveis. Esta flexibilidade é o componente chave para resiliência
(a habilidade de levantar e reconstruir). Se você tem resiliência, você
será capaz de enfrentar os desafios, as frustrações e as perdas sabendo
que os tempos difíceis vão passar encontrando um caminho para crescer
com as adversidades da vida.
Segundo o pesquisador e psicólogo
Dr Christopher Peterson da University of Michigan, você tem que
distinguir entre a vida que é cheia de prazeres e a que é cheia de
sentido.
Dr. Martin Seligman, um pioneiro na psicologia
positiva e autor do livro "Authentic Happiness: Using the New Positive
Psychology to Realize Your Potential for Lasting Fulfillment" existem
três níveis de felicidade:
1. A vida de prazeres: este é o que a
maioria das pessoas pensam como "felicidade"que na verdade é um
subproduto da mídia, a vida deve ser repleta de emoções positivas.
2. A vida ocupada: as pessoas que se colocam em posições ocupadas usam
suas habilidades para serem os melhores no que fazem. Geralmente seus
interesses tomam quase todo o tempo de suas vidas e esses interesses são
buscados com paixão.
3. A vida com sentido: Neste nível mais
alto de felicidade, as pessoas que são dedicadas usam os seus interesses
e talentos para um bem maior, o de ajudar o próximo e a comunidade.
Elas buscam o que elas amam, enquanto fazem parte de algo maior que elas
mesmas.
Por isso se você deixou seus objetivos de vida para
trás, retome-os ou pense em outros que a realidade lhe trouxe à tona,
mas tenha objetivos para você mesma!
Bibliografia de apoio:
Amy Baskin e Heather Fawcett - More than Mom - Living a full and balanced life when your child has special needs.
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