quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Autismo, integração sensorial e a Terapia Ocupacional

Quando os Terapeutas Ocupacionais (TOs) trabalham com crianças com Perturbação de Espectro Autista (P.E.A) utilizam a Integração Sensorial como forma de intervenção. A integração sensorial pode ser descrita como, a capacidade cerebral de organizar e interpretar estímulos externos como o movimento, o toque, o som, o cheiro, etc. Crianças com PEA tendem a apresentar problemas ao nível da Integração Sensorial não sendo capazes de por exemplo, processar as informações trazidas pelos seus cinco sentidos.
   A teoria da integração sensorial foi desenvolvida pela T.O. Ayres para crianças com disfunções sensório-integrativas e com o objectivo de promover o desenvolvimento da percepção e organização do comportamento. A autora afirma que, a capacidade do indivíduo participar nos seus diferentes contextos estará dependente das capacidades neurobiológicas de processar e integrar informação sensorial, ou seja, para originar novas formas de interacção no ambiente a pessoa necessita de saber planear (planeamento motor) e sequenciar as actividades para as poder executar (Praxis). Crianças com PEA costumam apresentar défices ao nível dos quatro componentes que se seguem:
   1 - Registo Sensorial: Crianças com autismo parecem apresentar défices neste registo, levando a que, por exemplo, apenas prestem atenção a uma parte de informação visual e não prestar qualquer tipo de atenção a situações que normalmente despoletam a atenção das outras pessoas.
   2 - Modulação Sensorial: As crianças com PEA podem apresentar reacções de Hipersensibilidade ou de Hipossensibilidade a determinados estímulos. Por exemplo, estas crianças apresentam habitualmente hiperssensibilidade a inputs (estímulos) tácteis e auditivos, podendo assim, evitar o toque (defesa táctil) e serem perturbadas por alguns sons. Por outro lado as crianças podem apresentar o oposto, serem hipossensíveis necessitando de procurar estímulos e por isso gostam de sentir os objectos, gostam de ficar em locais apertados, pequenos e quentes.    3 - Praxis: Assim, tipicamente estas crianças são capazes de executar de forma calma e coordenada, atividades motoras que apresentam uma rotina, que são estereotipadas, ou seja, atividades onde a praxis não é necessária como, andar, correr, etc.
   4 - Discriminação: a criança pode ter dificuldades em distinguir diferentes estímulos sensoriais.
   Ayres enfatiza a importância de três sistemas: proprioceptivo, vestibular e tátil.
   O Sistema Proprioceptivo dá Informação sobre as sensações recebidas pelos tendões, músculos e articulações e sobre a posição das articulações e movimento. O sistema vestibular fornece informação sobre a posição da cabeça relativamente à gravidade. Estes dois sistemas proporcionam controle postural e coordenação dos movimentos com os olhos, cabeça, pescoço e corpo.
   Crianças com autismo apresentam dificuldades na integração da informação vestibular e proprioceptiva, apresentando desta forma, problemas a nível do equilíbrio, do controlo postural, da coordenação dos movimentos do corpo e membros. Assim, o principal objetivo do T.O. ao utilizar esta forma de intervenção é, estabelecer ou restituir um estilo de vida saudável para a criança e para a sua família envolvendo a criança em ocupações significativas ao proporcionar o desenvolvimento de respostas adaptativas. Os comportamentos ou respostas adaptativas correspondem a acções apropriadas onde o indivíduo responde eficazmente às exigências do meio. Para muitas crianças com autismo a terapia deverá começar pelo simples encorajamento de respostas adaptativas visto que, estas crianças apresentam distúrbios no registo sensorial e na ideação, necessitando de ajuda para realizar respostas adaptativas como, sentarem-se num balancé.
    Durante uma sessão de integração sensorial são utilizados diversos materiais com diferentes propósitos. Atividades como, saltar, subir, pendurar-se, empurrar, etc. irão propiciar a estimulação do sistema proprioceptivo. Existem alguns materiais mais direcionados para a estimulação deste sistema, como, trampolins, pneus, trapézios, escadas.
  
   Para a estimulação do sistema vestibular é necessário ser providenciada à criança equipamentos que lhe proporcionem movimentos rotatórios, lineares e orbitais e também a combinação dos mesmos. Para tal, são utilizados escorregas, barras suspensas, rede suspensa, cadeiras rolantes, plataformas suspensas, pranchas rolantes, etc.
       
   Na intervenção com a integração sensorial as experiências tácteis são componentes essenciais, sendo a pressão profunda a primeira organização deste sistema. Materiais que promovem pressão profunda são por exemplo, almofadas pesadas, travesseiros largos, sacos com areia com diferentes pesos e escovas.
   Deve também existir materiais que providenciem à criança o contacto com diferentes texturas e com materiais quentes e frios. Para tal materiais como, barris revestidos com diferentes tipos de carpetes, lençóis de flanela, cobertores, mantas, cremes, recipientes com areia, recipientes com arroz, recipientes com feijões, com água a diferentes temperaturas, amostras de roupas, objetos que proporcionem vibração, etc. devem estar presentes.
  
   No inicio do processo de intervenção os pais e/ou cuidadores devem fazer parte deste, auxiliando o terapeuta a perceber quais as rotinas e pontos fortes da criança, visto que esta intervenção é delineada tendo em conta os pontos fortes da criança como forma de colmatar as suas dificuldades.

Fonte texto: http://conheceroautismo.blogspot.com/2009/01/integrao-sensorial.html

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