Existem
inúmeros relatos de clínicos, pais e pessoas com autismo que referem a
manifestação de comportamentos atípicos por parte das crianças autistas
quando contactam com estímulos visuais, sons, cheiros ou texturas
aparentemente inócuos, seja uma atenção invulgarmente intensa a
determinadas sensações, ou uma ansiedade desconcertante que despoleta
uma birra, como um alheamento completo ao que as rodeia. Estudos
realizados concluíram que as crianças com autismo costumam funcionar em
limiares neurológicos extremos, ou seja, são hipo e/ou hiper-reactivas
aos estímulos.
Sendo
assim, as crianças com autismo podem ser agudamente sensíveis a sons
(ex. tapar os ouvidos ao ouvir um cão latir ou o barulho de um aspirador
de pó). Outras podem parecer ausentes perante ruídos fortes ou pessoas
que as chamam, mas ficam fascinadas pelo som de um papel a ser
amarrotado. Luzes brilhantes podem causar stress, ainda que algumas
crianças sejam fascinadas pela estimulação luminosa (ex. mover um
objecto para a frente e para trás em frente dos seus olhos). Muitas
crianças são fascinadas por certos estímulos sensoriais, tais como
objectos que giram, enquanto algumas têm prazer com sensações
vestibulares, como rodopiar, realizando esta acção sem, aparentemente,
ficarem tontas.
Com
base nos seus estudos sobre o modo como as pessoas processam a
variedade de sensações a que estão continuamente expostas, Winnie Dunn
construiu um modelo explicativo do processamento sensorial que descreve a
interacção entre a neurociência e o comportamento das pessoas. Além de
podermos compreender melhor as desordens sensoriais das crianças com
autismo, este modelo também fornece directrizes para a intervenção de
acordo com os padrões sensoriais dominantes na pessoa. O autismo está
associado a um padrão sensorial de Procura e de Hipersensibilidade.
Vejamos:
Por
outro lado, quando os limiares são mais baixos do que o normal, a
criança precisa de menos input sensorial para registar a resposta –
hiper-reactividade. Sendo assim, muitas crianças com autismo não toleram
o toque (defesa táctil) ou ficam fascinadas com o “tique-taque” de um
relógio de pulso, pois são muito sensíveis a estímulos tácteis e
auditivos.
Frequentemente, as crianças com autismo oscilam entre a procura de sensações e a hipersensibilidade às mesmas.
Através
do questionário para pais Sensory Profile os técnicos podem tirar
conclusões sobre o padrão de processamento sensorial da criança, e com
base nesse conhecimento criar estratégias que respondam às necessidades
sensoriais da criança e evitem os comportamentos disruptivos, o que
promove a aprendizagem e uma melhor percepção do que se passa em seu
redor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário