Waldman, Nicholson e Adilov (2006) fizeram um rigoroso e extenso estudo
mostrando uma alta correlação entre crianças bem pequenas (menos do que 3 anos
de idade) verem TV e aumento na incidência de autismo infantil. Eles citam dados
de que na década de 1970 nos EUA uma em cada 2.500 crianças eram autistas, ao
passo que atualmente a proporção aumentou mais de 9 vezes, para uma em cada 166
crianças. Em 1991 foram passadas leis naquele país obrigando a relatar casos de
autismo; seria de se esperar que os casos citados aumentassem, o que realmente
aconteceu, mas também seria de se esperar que, depois de alguns anos, o aumento
do número de casos se estabilizasse, o que não ocorreu. Por exemplo, segundo o
US Department of Education em 4 anos a partir de 1999-2000 o número de
casos de autismo mais do que duplicou.
Os autores citam estudos estimando custos anuais para o autismo de 35 bilhões de dólares naquele país. Desde 1964 sabe-se que há fatores genéticos envolvidos no autismo, mas que deve haver algum fator externo que o dispara. Curiosamente, para sua pesquisa eles usaram o fato de que, quando há precipitação atmosférica, isto é, chuva ou neve, as crianças ficam em casa e tendem a ver mais TV. Para evitar que o autismo pudesse ser causado por alguma toxina existente nos lares, eles empregaram uma outra variável ou experimento natural, que se correlaciona com ver TV muito cedo mas que dificilmente se correlaciona com o tempo passado dentro de casa.
O artigo deles inclui uma seção sobre o que é o autismo (dificuldades de comunicação e de expressão, de interação social, e comportamentos repetitivos e interesses obsessivos), descrevendo o fato de que incide 4 vezes mais em meninos do que em meninas, e que aparece em geral quando a criança faz 3 anos de idade. Eles ainda examinam causas admitidas para o autismo, como toxinas e vacinas que contêm termisol, um conservante à base de mercúrio, como foi amplamente divulgado alguns anos atrás. No entanto, afirmam que não há evidências empíricas para esses fatores, e nem quanto à influência da poluição atmosférica. Eles fizeram quatro estudos.
O primeiro foi no estado da California; três fatores indicam que ao redor de 1980 deve ter havido um aumento drástico de ver TV por crianças pequenas: a introdução de VCR, aumento da TV a cabo, e aparecimento de canais dedicados a crianças, incluindo Nickelodeon e Dysney (introduzidos em 1979 e em 1983, respectivamente; imagine-se agora, com o horrível canal Baby TV), e instalação de vários aparelhos de TV em cada lar. Com isso, concluem que em 1970 deve ter havido um aumento gradual de ver TV por crianças pequenas, com um aumento acelerado na década de 80. Eles acabaram por encontrar que "os dados de longo prazo de taxas de autismo são consistentes com a hipótese de que a TV é um disparador para o autismo em crianças que começam a ver TV muito cedo." Um segundo estudo envolveu comunidades religiosas Amish que, por não usarem eletricidade, necessariamente veem muito menos TV (se é que veem...).
Eles citam um levantamento de que, baseado nas taxas gerais do país, a comunidade Amish deveria ter algumas centenas de casos de autismo; no entanto, foi possível identificar menos de 10 casos. Os autores citam outras possíveis explicações, como o pool genético entre os fechados Amish, mas chamam a atenção para os resultados serem pelo menos intrigantes.
O estudo sobre correlação com precipitação atmosférica é o mais concludente. Inicialmente, afirmam que "Nossa análise mostra que o aumento da precipitação efetivamente resulta em aumento de uso da TV por crianças com menos de 3 anos." Eles usaram várias variáveis de controle, como quantidade de luz do dia, nível educacional dos pais – já que, segundo Roberts and Foehr (2004) considerado por eles provavelmente o mais abrangente estudo de uso de TV e outros meios correlatos por crianças, quando menor o nível educacional dos pais, mais as crianças vêm TV –, como etnia (crianças hispânicas e afroamericanas veem mais TV do que as outras), o fato de o levantamento ser em um fim de semana (os pais ficam mais com seus filhos) etc. Eles afirmam que "O fato de tantos resultados relativos às variáveis de controle serem consistentes com as predições sugere que nossa metodologia é válida para identificar que fatores são positivamente e negativamente correlacionados com ver televisão em menores idades." Quanto à precipitação atmosférica, "os resultados nesta seção indicam que precipitação aumenta o tempo de ver TV em crianças pequenas, tanto do ponto de vista estatístico quanto absoluto, e portanto é um instrumento válido para testar o efeito de crianças pequenas verem TV e a taxa de autismo." Eles usaram três estados americanos em que há muita variabilidade de precipitação, California, Oregon, and Washington, e encontraram que "em cada um desses estados e nos três em conjunto, há evidência substancial de que taxas de autismo são efetivamente correlacionadas com a precipitação."
Depois de descrever exaustivamente a metodologia empregada, eles concluem essa seção dizendo que "Cremos que os resultados nesta seção dão forte apoio à hipótese de que ver TV em pequenas idades é um disparador para o autismo." O mesmo se passa na seção seguinte, sobre a incidência de TV a cabo para os estados da California e Pennsylvania.
Os autores citam estudos estimando custos anuais para o autismo de 35 bilhões de dólares naquele país. Desde 1964 sabe-se que há fatores genéticos envolvidos no autismo, mas que deve haver algum fator externo que o dispara. Curiosamente, para sua pesquisa eles usaram o fato de que, quando há precipitação atmosférica, isto é, chuva ou neve, as crianças ficam em casa e tendem a ver mais TV. Para evitar que o autismo pudesse ser causado por alguma toxina existente nos lares, eles empregaram uma outra variável ou experimento natural, que se correlaciona com ver TV muito cedo mas que dificilmente se correlaciona com o tempo passado dentro de casa.
O artigo deles inclui uma seção sobre o que é o autismo (dificuldades de comunicação e de expressão, de interação social, e comportamentos repetitivos e interesses obsessivos), descrevendo o fato de que incide 4 vezes mais em meninos do que em meninas, e que aparece em geral quando a criança faz 3 anos de idade. Eles ainda examinam causas admitidas para o autismo, como toxinas e vacinas que contêm termisol, um conservante à base de mercúrio, como foi amplamente divulgado alguns anos atrás. No entanto, afirmam que não há evidências empíricas para esses fatores, e nem quanto à influência da poluição atmosférica. Eles fizeram quatro estudos.
O primeiro foi no estado da California; três fatores indicam que ao redor de 1980 deve ter havido um aumento drástico de ver TV por crianças pequenas: a introdução de VCR, aumento da TV a cabo, e aparecimento de canais dedicados a crianças, incluindo Nickelodeon e Dysney (introduzidos em 1979 e em 1983, respectivamente; imagine-se agora, com o horrível canal Baby TV), e instalação de vários aparelhos de TV em cada lar. Com isso, concluem que em 1970 deve ter havido um aumento gradual de ver TV por crianças pequenas, com um aumento acelerado na década de 80. Eles acabaram por encontrar que "os dados de longo prazo de taxas de autismo são consistentes com a hipótese de que a TV é um disparador para o autismo em crianças que começam a ver TV muito cedo." Um segundo estudo envolveu comunidades religiosas Amish que, por não usarem eletricidade, necessariamente veem muito menos TV (se é que veem...).
Eles citam um levantamento de que, baseado nas taxas gerais do país, a comunidade Amish deveria ter algumas centenas de casos de autismo; no entanto, foi possível identificar menos de 10 casos. Os autores citam outras possíveis explicações, como o pool genético entre os fechados Amish, mas chamam a atenção para os resultados serem pelo menos intrigantes.
O estudo sobre correlação com precipitação atmosférica é o mais concludente. Inicialmente, afirmam que "Nossa análise mostra que o aumento da precipitação efetivamente resulta em aumento de uso da TV por crianças com menos de 3 anos." Eles usaram várias variáveis de controle, como quantidade de luz do dia, nível educacional dos pais – já que, segundo Roberts and Foehr (2004) considerado por eles provavelmente o mais abrangente estudo de uso de TV e outros meios correlatos por crianças, quando menor o nível educacional dos pais, mais as crianças vêm TV –, como etnia (crianças hispânicas e afroamericanas veem mais TV do que as outras), o fato de o levantamento ser em um fim de semana (os pais ficam mais com seus filhos) etc. Eles afirmam que "O fato de tantos resultados relativos às variáveis de controle serem consistentes com as predições sugere que nossa metodologia é válida para identificar que fatores são positivamente e negativamente correlacionados com ver televisão em menores idades." Quanto à precipitação atmosférica, "os resultados nesta seção indicam que precipitação aumenta o tempo de ver TV em crianças pequenas, tanto do ponto de vista estatístico quanto absoluto, e portanto é um instrumento válido para testar o efeito de crianças pequenas verem TV e a taxa de autismo." Eles usaram três estados americanos em que há muita variabilidade de precipitação, California, Oregon, and Washington, e encontraram que "em cada um desses estados e nos três em conjunto, há evidência substancial de que taxas de autismo são efetivamente correlacionadas com a precipitação."
Depois de descrever exaustivamente a metodologia empregada, eles concluem essa seção dizendo que "Cremos que os resultados nesta seção dão forte apoio à hipótese de que ver TV em pequenas idades é um disparador para o autismo." O mesmo se passa na seção seguinte, sobre a incidência de TV a cabo para os estados da California e Pennsylvania.
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