fonte: http://tudobemserdiferente.wordpress.com/2012/04/13/escolhas-podem-fazer-a-diferenca/
Compartilhando um doloroso questionamento atual:
“A questão que coloco aqui é a seguinte: o que se pretende com essa entrada precoce na escola de ensino fundamental, com esse encurtamento da infância das crianças? Competir no mercado de trabalho? Entrar mais cedo na faculdade? Haverá maturidade para isso? Vocês já pararam para observar como é o estudante universitário jovem hoje? Pasmem todos: eles ‘batem’ figurinhas na sala de aula! Conversam o tempo todo, não param quietos. Continuam sendo infantis porque na época de sua infância não puderam sê-lo. Outra observação: entrar muito cedo na faculdade faz com que desistam mais cedo dela também. Quantos jovens vocês conhecem que ingressaram cedo e cursaram até o fim a faculdade sem trocar de curso? Isso ocorre porque na época da escolha da carreira ainda não estavam amadurecidos para ela”.
Artigo de Pillar Manzano
Qual a melhor idade para a entrada no primeiro ano do ensino fundamental?
Muito tem se falado nos últimos meses sobre a idade da criança para a matrícula no primeiro ano escolar. Recebi recentemente um e-mail de um escritório de advocacia (?) oferecendo serviços aos pais que desejam que seu filho ingresse no primeiro ano escolar com idade inferior à designada pelos órgãos de educação. As escolas estão cheias de crianças imaturas para o primeiro ano escolar.
Muitos pais e escolas alegam que as crianças irão perder um ano permanecendo por mais tempo no jardim de infância. Perderem um ano de serem crianças? De brincar? Não posso entender como isso passa pela cabeça de um genitor ou educador. Ser criança é se preparar para a vida adulta. A infância tem um papel muito importante no desenvolvimento do ser humano. Não podemos permitir eliminá-la nem encurtá-la. O que pais, profissionais da educação e do direito conhecem sobre desenvolvimento infantil? Qual a devida importância dada ao período da infância?
Tendo percebido ao longo desses trinta anos como educadora e terapeuta ocupacional, que as dificuldades de aprendizagem, os problemas de comportamento, as chamadas crianças hiperativas e violentas tem aumentado dia-a-dia, e que as crianças estão cada vez mais doentes, tristes e deprimidas, senti a necessidade de escrever esse artigo e encaminhá-lo a vocês todos. Como profunda estudiosa, observadora e pesquisadora da infância, sempre proferindo cursos e palestras sobre o desenvolvimento infantil, me deparei hoje, novamente, com o livro de Steve Biddulph, editora Fundamento, 2004, intitulado “Criando Meninos” e tomo a liberdade de transcrever aqui o trecho da página 60:
“Aos seis ou sete anos, quando realmente começa a escolaridade, o desenvolvimento mental dos meninos está seis a doze meses atrasado em relação ao das meninas. Eles são especialmente pouco desenvolvidos no que chamamos “coordenação motora fina”, que é a capacidade de usar os dedos para segurar uma caneta ou tesoura. Como ainda estão no estágio do desenvolvimento dos grandes músculos ficam loucos para exercitá-los e não são muito bons em ficar sentados quietinhos….Os meninos deveriam esperar mais um ano… Os meninos deveriam ficar mais tempo no Jardim de Infância – em alguns casos, mais um ano… Nos primeiros anos do ensino fundamental, os meninos cujos nervos do sistema motor ainda estão em desenvolvimento recebem sinais de seu corpo, que diz: Mexa-se. Use-me”.
O livro continua fundamentando essa imaturidade no desenvolvimento neurológico do cérebro e a necessidade da criança ainda se movimentar muito antes de ficar sentada, parada na carteira escolar como é exigida na grande maioria das escolas que não seguem a pedagogia Waldorf.
Todo e qualquer professor do primeiro e segundo ano do ensino fundamental observa que os alunos não param quietos. Essa atitude fica esclarecida quando aprendemos que nessa idade a criança ainda está adquirindo coordenação motora grossa e aprendendo hábitos sociais; e, para permanecer parada e quieta ela precisa ter maturidade orgânica. Aliás nosso corpo não foi ‘projetado’ para ficar parado por muito tempo nunca!
Outro livro que ora se encontra em minhas mãos versa sobre a saúde e a doença: “Medicina Antroposófica” de Victor Bott, da Associação Beneficente Raphael, Juiz de Fora, MG, 1984. página 25, ele diz o seguinte:
“…Há um exemplo, infelizmente muito freqüente hoje em dia, desta retirada precoce das forças etéricas (forças vitais): a escolarização precoce, levando a um desenvolvimento intelectual antes que as forças etéricas normalmente estejam disponíveis. É perfeitamente possível apelar prematuramente a essas forças a fim de apressar o desenvolvimento intelectual; é precisamente aí que está o perigo, porque esquecemos que esta retirada precoce das forças etéricas se faz em detrimento da saúde, mesmo que as conseqüências não apareçam de imediato. As repercussões podem surgir muito tempo depois e se manifestam freqüentemente ao longo de toda a existência”.
Eu me pergunto: é isso que querem para vossos filhos e/ou alunos?
A questão que coloco aqui é a seguinte: o que se pretende com essa entrada precoce na escola de ensino fundamental, com esse encurtamento da infância das crianças? Competir no mercado de trabalho? Entrar mais cedo na faculdade? Haverá maturidade para isso? Vocês já pararam para observar como é o estudante universitário jovem hoje? Pasmem todos: eles ‘batem’ figurinhas na sala de aula! Conversam o tempo todo, não param quietos. Continuam sendo infantis porque na época de sua infância não puderam sê-lo.
Outra observação: entrar muito cedo na faculdade faz com que desistam mais cedo dela também. Quantos jovens vocês conhecem que ingressaram cedo e cursaram até o fim a faculdade sem trocar de curso? Isso ocorre porque na época da escolha da carreira ainda não estavam amadurecidos para ela.
Tudo tem seu tempo certo. Vamos procurar aprender o que é amadurecimento observando a grande mãe Natureza. Uma fruta não amadurece por nossa vontade. Ela tem seu próprio tempo de amadurecimento tal qual a flor para seu florescimento. Por que então apressarmos a criança encurtando seu período de infância? Vamos preservar a infância deixando a criança brincar o quanto for necessário. Vamos deixar o adolescente viver a adolescência no tempo da adolescência se quisermos ter adultos responsáveis, habilidosos e felizes!
Pilar Tetilla Manzano Borba
Graduada em Terapia Ocupacional pela Faculdade de Medicina da USP
Especializada em Tratamento Neuroevolutivo – Conceito Bobath – Terapia de Integração Sensorial e Problemas de Aprendizagem – Extra Lesson
Formada em Pedagogia Waldorf
Pós-graduada em Antroposofia na Saúde pela UNISO – Universidade de Sorocaba
Ministra palestras e cursos para pais e professores de educação infantil.
Professora nos cursos de fundamentação e treinamento em pedagogia Waldorf.
Consultora em educação infantil de escolas Waldorf, escolas municipais e particulares.
Contato: pilarborba@gmail.com
Compartilhando um doloroso questionamento atual:
“A questão que coloco aqui é a seguinte: o que se pretende com essa entrada precoce na escola de ensino fundamental, com esse encurtamento da infância das crianças? Competir no mercado de trabalho? Entrar mais cedo na faculdade? Haverá maturidade para isso? Vocês já pararam para observar como é o estudante universitário jovem hoje? Pasmem todos: eles ‘batem’ figurinhas na sala de aula! Conversam o tempo todo, não param quietos. Continuam sendo infantis porque na época de sua infância não puderam sê-lo. Outra observação: entrar muito cedo na faculdade faz com que desistam mais cedo dela também. Quantos jovens vocês conhecem que ingressaram cedo e cursaram até o fim a faculdade sem trocar de curso? Isso ocorre porque na época da escolha da carreira ainda não estavam amadurecidos para ela”.
Artigo de Pillar Manzano
Qual a melhor idade para a entrada no primeiro ano do ensino fundamental?
Muito tem se falado nos últimos meses sobre a idade da criança para a matrícula no primeiro ano escolar. Recebi recentemente um e-mail de um escritório de advocacia (?) oferecendo serviços aos pais que desejam que seu filho ingresse no primeiro ano escolar com idade inferior à designada pelos órgãos de educação. As escolas estão cheias de crianças imaturas para o primeiro ano escolar.
Muitos pais e escolas alegam que as crianças irão perder um ano permanecendo por mais tempo no jardim de infância. Perderem um ano de serem crianças? De brincar? Não posso entender como isso passa pela cabeça de um genitor ou educador. Ser criança é se preparar para a vida adulta. A infância tem um papel muito importante no desenvolvimento do ser humano. Não podemos permitir eliminá-la nem encurtá-la. O que pais, profissionais da educação e do direito conhecem sobre desenvolvimento infantil? Qual a devida importância dada ao período da infância?
Tendo percebido ao longo desses trinta anos como educadora e terapeuta ocupacional, que as dificuldades de aprendizagem, os problemas de comportamento, as chamadas crianças hiperativas e violentas tem aumentado dia-a-dia, e que as crianças estão cada vez mais doentes, tristes e deprimidas, senti a necessidade de escrever esse artigo e encaminhá-lo a vocês todos. Como profunda estudiosa, observadora e pesquisadora da infância, sempre proferindo cursos e palestras sobre o desenvolvimento infantil, me deparei hoje, novamente, com o livro de Steve Biddulph, editora Fundamento, 2004, intitulado “Criando Meninos” e tomo a liberdade de transcrever aqui o trecho da página 60:
“Aos seis ou sete anos, quando realmente começa a escolaridade, o desenvolvimento mental dos meninos está seis a doze meses atrasado em relação ao das meninas. Eles são especialmente pouco desenvolvidos no que chamamos “coordenação motora fina”, que é a capacidade de usar os dedos para segurar uma caneta ou tesoura. Como ainda estão no estágio do desenvolvimento dos grandes músculos ficam loucos para exercitá-los e não são muito bons em ficar sentados quietinhos….Os meninos deveriam esperar mais um ano… Os meninos deveriam ficar mais tempo no Jardim de Infância – em alguns casos, mais um ano… Nos primeiros anos do ensino fundamental, os meninos cujos nervos do sistema motor ainda estão em desenvolvimento recebem sinais de seu corpo, que diz: Mexa-se. Use-me”.
O livro continua fundamentando essa imaturidade no desenvolvimento neurológico do cérebro e a necessidade da criança ainda se movimentar muito antes de ficar sentada, parada na carteira escolar como é exigida na grande maioria das escolas que não seguem a pedagogia Waldorf.
Todo e qualquer professor do primeiro e segundo ano do ensino fundamental observa que os alunos não param quietos. Essa atitude fica esclarecida quando aprendemos que nessa idade a criança ainda está adquirindo coordenação motora grossa e aprendendo hábitos sociais; e, para permanecer parada e quieta ela precisa ter maturidade orgânica. Aliás nosso corpo não foi ‘projetado’ para ficar parado por muito tempo nunca!
Outro livro que ora se encontra em minhas mãos versa sobre a saúde e a doença: “Medicina Antroposófica” de Victor Bott, da Associação Beneficente Raphael, Juiz de Fora, MG, 1984. página 25, ele diz o seguinte:
“…Há um exemplo, infelizmente muito freqüente hoje em dia, desta retirada precoce das forças etéricas (forças vitais): a escolarização precoce, levando a um desenvolvimento intelectual antes que as forças etéricas normalmente estejam disponíveis. É perfeitamente possível apelar prematuramente a essas forças a fim de apressar o desenvolvimento intelectual; é precisamente aí que está o perigo, porque esquecemos que esta retirada precoce das forças etéricas se faz em detrimento da saúde, mesmo que as conseqüências não apareçam de imediato. As repercussões podem surgir muito tempo depois e se manifestam freqüentemente ao longo de toda a existência”.
Eu me pergunto: é isso que querem para vossos filhos e/ou alunos?
A questão que coloco aqui é a seguinte: o que se pretende com essa entrada precoce na escola de ensino fundamental, com esse encurtamento da infância das crianças? Competir no mercado de trabalho? Entrar mais cedo na faculdade? Haverá maturidade para isso? Vocês já pararam para observar como é o estudante universitário jovem hoje? Pasmem todos: eles ‘batem’ figurinhas na sala de aula! Conversam o tempo todo, não param quietos. Continuam sendo infantis porque na época de sua infância não puderam sê-lo.
Outra observação: entrar muito cedo na faculdade faz com que desistam mais cedo dela também. Quantos jovens vocês conhecem que ingressaram cedo e cursaram até o fim a faculdade sem trocar de curso? Isso ocorre porque na época da escolha da carreira ainda não estavam amadurecidos para ela.
Tudo tem seu tempo certo. Vamos procurar aprender o que é amadurecimento observando a grande mãe Natureza. Uma fruta não amadurece por nossa vontade. Ela tem seu próprio tempo de amadurecimento tal qual a flor para seu florescimento. Por que então apressarmos a criança encurtando seu período de infância? Vamos preservar a infância deixando a criança brincar o quanto for necessário. Vamos deixar o adolescente viver a adolescência no tempo da adolescência se quisermos ter adultos responsáveis, habilidosos e felizes!
Pilar Tetilla Manzano Borba
Graduada em Terapia Ocupacional pela Faculdade de Medicina da USP
Especializada em Tratamento Neuroevolutivo – Conceito Bobath – Terapia de Integração Sensorial e Problemas de Aprendizagem – Extra Lesson
Formada em Pedagogia Waldorf
Pós-graduada em Antroposofia na Saúde pela UNISO – Universidade de Sorocaba
Ministra palestras e cursos para pais e professores de educação infantil.
Professora nos cursos de fundamentação e treinamento em pedagogia Waldorf.
Consultora em educação infantil de escolas Waldorf, escolas municipais e particulares.
Contato: pilarborba@gmail.com
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