segunda-feira, 9 de abril de 2012

Terapia ocupacional na Retirada de fraldas

Esse blog da Sônia Falcão é muito legal e as dicas do desfralde show de bola!

FONTE: blog da Sônia Falcão
http://autismoencanta.wordpress.com/2010/08/31/terapia-ocupacional-na-retirada-de-fraldas-parte-1/
Muitas pessoas sentem um desconforto só de pensar nesse assunto, porém é uma etapa do desenvolvimento muito importante e necessária para a independência da criança.
Algumas famílias sonham com esse dia. Dizem que “sonho com os olhos fechados são sonhos do passado e os sonhos com olhos abertos se referem ao futuro”. Então olhos bem abertos.
Na verdade para conseguirmos realizar algo precisamos de muita dedicação, persistência e o mais importante que é a mudança de algumas atitudes.
Aprendizagem é algo que vem de fora para dentro, por exemplo, quando queremos ensinar alguém a andar de bicicleta observamos: como sentar no banco, como segurar o guidão, com que pé iniciar, como fazer a força no pedal, etc. Executar essas etapas geram atitudes.
Atitudes de quem ensinam e atitudes de quem aprendem.
Mudar a atitude é um aprendizado que vem de dentro para fora e depende apenas de nós.
Podemos escolher como nos sentir diante de situações.
Leia com atenção as orientações e dicas. Pense e reflita. Nossa matéria prima mais importante é você e como você vai agir, novamente sua atitude.
Existem atitudes que motivam e nos impulsionam para ação. Estão entre elas:
  • Não se conformar com a realidade
  • Ter a prontidão para agir
  • Aceitar mudanças necessárias
Existem também as atitudes que desanimam. Estão entre elas:
  • Idolatria do conhecido – Pensar que já sabemos de tudo, e que já fizemos de tudo mas lembre-se sempre há um jeito de fazer melhor.
  • Síndrome do espectador, ficar apenas olhando e se lamentando diante da situação.
  • Medo da singularidade – Medo de agir diferente de outras pessoas
Como vocês podem perceber essa forma de ver as coisas podemos aplicar em outras áreas de nossa vida, seja ela pessoal ou profissional e até no desafio de retirar a fralda.
Todos os itens relacionados às atividades da vida diária (vestuário, higiene, alimentação, comunicação e locomoção), estão divididos em etapas a serem desenvolvidas gradualmente.
Sabemos que durante todo o processo, haverá fracasso, incoerências e desânimo. Mas resista e insista.
Mude o comportamento de quem você quer mudar e não o seu.
Estaremos nesse texto orientando cada passo, e motivando você a manter o foco e realizar o sonho.
ADEUS ÀS FRALDAS!
ENTÃO VAMOS LÁ.
O processo de retirada de fralda consta de três etapas:
O método:
  • Observação e preenchimento de uma tabela de horários.
  • Análise da tabela.
  • Organização do plano de ação através das técnicas
Todas as pessoas que trabalham com a criança especial devem estar cientes da importância do preenchimento da tabela de horários.
A partir do momento que você decidiu, retire a fralda, em todos os horários para haver uma coerência em sua atitude.
Na verdade nesse período haverá uma substituição da fralda por cuecas, shorts, calcinhas, etc.
¨ Fale com a criança que ela não usará mais fralda, que será mais gostoso vestir calcinha e cueca
¨ Leve-a até o banheiro e mostre como retirar a fralda.
¨ Faça-a segurar com os dedos a fita colante da fralda e puxar (coordenação motora fina)
¨ Lembre-se de que ela precisa olhar o que faz para aprender.(coordenação olho-mão ou viso motora)
¨ Convide para sentar no vaso ou penico e caso a criança aceite e esteja motivada faça a seqüência completa. (Falaremos mais adiante).
¨ Os meninos podem segurar o penico e fazer xixi em pé. Se ele encostar na parede se sentirá mais seguro.
¨ Seja tranqüilo e leve a sério esse trabalho. Isso fará diferença no resultado
Um pouco de teoria
Em torno de 1 ano a criança não gosta de ficar molhada, mas o controle de seu esfíncter só terá início por volta dos 18 meses. E entre o trigésimo e trigésimo sexto mês, ela geralmente permanecerá seca durante o dia e a noite, dispensando assim o uso das fraldas.
Em torno do 2,5 anos a criança pode passar por longos períodos sem fazer xixi e contraindo com tanta força que se torna difícil relaxar os músculos esfincterianos. Isso acontece porque está tão absorta em suas brincadeiras que se esquece de observar as sensações da bexiga.
O controle completo da bexiga é adquirido bem mais tarde do que o controle intestinal.
A criança é capaz de segurar o cocô antes de segurar o xixi.
A tabela de observação
horário7h7:107:207:307:407:508h8:108:20
Dias 01x
02x
03x
04
O preenchimento da tabela é bastante simples, nela estão todos os horários do período da manhã, da tarde e da noite de 10 em 10 minutos.
Toda vez que a criança urinar marcará um “X” e quando a criança evacuar marcará um “0”. Essa marcação deve ser feita durante 7 a 15 dias.
¨ Deixe a criança agir normalmente
¨ Observe sinais que indiquem que a criança quer ir ao banheiro, ou, se já escapou na roupa.
¨ Caso escape, não é necessário repreender, pare a brincadeira e de forma tranqüila e com voz serena troque a criança e limpe o chão. Converse e conte tudo o que está sendo feito. “ Tudo bem…vou te trocar e quando você quiser fazer xixi, podemos ir ao banheiro”
¨ Ou mostre o penico, “você pode fazer xixi aqui também”
¨ Caso tenha sucesso, elogie, celebre, demonstre seu carinho e sua alegria
¨ Lembre-se que a criança está também aprendendo, assim como você.
A partir desses dados, saberemos:
  • Qual o melhor horário para levarmos a criança ao banheiro
  • Se a criança está preparada para o treino, se ela permanece seca por aproximadamente 2 horas.
Essa é uma observação importante e necessária. Cuidado!
Os movimentos naturais proporcionam uma satisfação natural e muitas vezes o treinamento higiênico não preenche uma necessidade da criança e sim uma imposição do adulto.
Os reflexos naturais devem ser condicionados às condições impostas pela da sociedade e assim deve ser estabelecido um controle voluntário.
Vários autores concordam que o inicio do treinamento da higiene da criança depende inteiramente do seu desenvolvimento neurológico e psicológico.
Ação
¨ Convide de forma divertida e entusiasmada para ir ao banheiro 10 minutos antes do horário analisado na tabela.
¨ Convide forma divertida e entusiasmada para fazer xixi, mostrando o penico, troninho
¨ Se ela não aceitar, não insista, fale “tudo bem…daqui a pouco eu te convido de novo”
¨ Se ela aceitar, fique no máximo 5 minutos, mostre à criança que é rápido e que não queremos que ela pare o que está fazendo “ vamos rapidinho..!!!” ´é só fazer xixi e pronto.
¨ Se conseguir…VIVA! Comemore, celebre!!! E volte imediatamente para o local onde estavam
¨ O primeiro xixi é inesquecível, a partir desse momento, tudo ficará mais fácil para o pequeno campeão!!
Existem algumas ações que facilitam a eliminação da urina, como, por exemplo, beber água ou suco 10 minutos antes do horário de ser levada ao banheiro.
A partir desses dados, saberemos:
  • Qual o melhor horário para levarmos a criança ao banheiro
  • Se a criança está preparada para o treino, se ela permanece seca por aproximadamente 2 horas.
Vários autores concordam que o inicio do treinamento da higiene da criança depende inteiramente do seu desenvolvimento neurológico e psicológico



Crianças que tem medo:

¨ Use um redutor de vaso, procure um que fique bem estável, as crianças geralmente apresentam instabilidade gravitacional(disfunção na integração sensorial)
¨ Coloque-a sentada confortavelmente com os pés apoiados.
¨ Caso não tenha um apoio de pés adequado, use listas telefônicas para resolver o problema.
¨ Abrir a torneira estimula a vontade de urinar.
¨ Estimular a bexiga, pressionando-a levemente se a criança permitir o toque e estiver espontaneamente sentada
¨ Procure deixar a criança sentada com o tronco ereto, evitando deitar sobre as pernas.
¨ Elogie-a por seu comportamento.
¨ Ignore “incidente” não a ridicularize, nem a envergonhe.
Muitas vezes quando levamos a criança ao banheiro, não acontece nada, e logo após, quando retornamos à brincadeira, a criança faz o “xixi”.
Porquê?
Porque a situação de eliminar a urina, sentar no vaso, inicialmente causa tensão, e ao voltar à brincadeira há um relaxamento dos esfíncteres e eliminação da urina.
¨ Mostre à criança que você percebeu que ela está molhada e a leve novamente ao banheiro.
¨ Troque-a cuidadosamente mostrando novamente o local adequado.
¨ Não perca muito tempo nessa hora porque a criança foi retirada da atividade ou brincadeira.
Seqüência Básica
  • Conduzir ao banheiro
  • Abaixar a calça
  • Abaixar a calcinha ou cueca
  • Sentar no vaso
  • Urinar / evacuar
  • Usar o papel higiênico
  • Recolocar a roupa
  • Lavar as mãos
  • Secar as mãos
  • Deixar o banheiro
Essa sequência pode ser utilizada todas às vezes, se a criança demosntrar interesse.
Nossa intenção em princípio é que elas façam suas necessidades no local adequado.
A aquisição desta habilidade é um grande passo para a sua independência.
Dicas
¨ Atenda prontamente aos sinais da criança, levando-a ao banheiro ou mudando de roupa.
¨ A criança deve sentir o contraste do molhado e seco
¨ Vista a criança com roupas simples para facilitar o manejo
¨ Mostre à criança como realizar cada passo do vestir, despir as roupas, meias e sapatos.
¨ O banheiro deve ter portas fáceis de abrir e deve estar disponível a maior parte do tempo.
¨ Não deve ser apresentado à criança como hora de brincar.
¨ O barulho da descarga pode assustar a criança, quando ela estiver iniciando a aprendizagem, não dê a descarga logo após ela ocupar o vaso.
¨ Se tiver que sair de carro, convide-a para ir ao banheiro
¨ Se não fizer o xixi, fale que vai fazer xixi quando chegar à casa da…..
A fralda noturna
Pode ser mantida por mais algum tempo.
  • Você pode colocar depois que a criança dormiu
  • Retirar antes que ela acorde
  • Ou simplesmente explicar que ela vai dormir de fraldas por um tempo
  • E depois, fale que “hoje eu não vou mais colocar a fralda, quando você quiser fazer xixi, você pode chamar a mamãe e o papai e eu vou junto com você ao banheiro”
  • Quando você quiser fazer xixi, você pode ir ao banheiro sozinho”
Só saberemos o que vai acontecer….Experimentando!
Mais um pouco de teoria – Controle Vesical
Este processo de controle esfincteriano seja ele anal ou vesical são muito complicado e corresponde a uma etapa bastante tardia e específica do desenvolvimento neuromúculo motor.
Os músculos da parede abdominal precisam estar sob tensão para auxiliar a defecação, enquanto os músculos da base da cintura pélvica e os músculos esfincterianos devem estar relaxados.
No inicio a criança informa que quer fazer xixi ou cocô depois de que já aconteceu ou depois de um tempo quando já está acontecendo, para somente mais tarde pedir para ir ao banheiro antes que aconteça.
O treinamento é altamente individual, mas geralmente deve estar completo aos 6 anos.
É mais demorado para algumas crianças o processo de evacuação.
  • Algumas só evacuam na fralda, quando isso acontece eu recomendo o uso de fraldas maiores e colocadas bem “frouxas”, assim se o medo de evacuar for a sensação do do”cocô caindo”isso deve melhorar
  • Podemos colocar a criança sentada com a fralda no vaso.
  • Podemos fazer um buraquinho na fralda, talvez a sensação da fralda dê segurança à criança
Existem crianças que só evacuam em pé ou mesmo seguram até quando puderem com ou sem fralda.
Com muita calma e paciência vamos ajudar esses pequenos a superarem esse processo que parece ser dolorido e com sofrimento para algumas crianças.
Nós adultos, sofremos também mas devemos demonstrar tranqüilidade e encorajá-los com a atitude de “ Eu sei que você vai conseguir, você é capaz querido”
É importante lembrar que a rotina estabelecida deve incluir alguns estágios:
  • Antecipação de ações – Quando iniciamos o treino e fazemos tudo pela criança.
  • Transferência de responsabilidade – Quando temos que nos policiar para realizar etapas que a criança já alcançou, por exemplo: esperar o sinal significativo para levá-la ao banheiro, caso a criança repentinamente queira sair do local onde se encontra, acompanhe e observe, ela pode estar indo ao banheiro.
  • Semi-independência – Quando ficamos apenas por perto enquanto a criança realiza os passos da tarefa, ou necessita de apoio verbal.
  • Independente
Concluindo:
Até que a criança possua uma total independência nos seus hábitos de higiene, ela deve aprender a rasgar o papel higiênico sem puxar o rolo todo, aprender a se vestir e a lavar as mãos.
Cada etapa que vamos vencendo, observamos dificuldades e facilidades que são características próprias de cada uma das crianças.
Dificuldades cognitivas, perceptuais, de planejamento motor, de coordenação, de força, de atenção, sensoriais e outras
Desse modo vamos diariamente avaliando os fatos e criando novos desafios para nós e para ela.
Se o problema no momento é fazer xixi dentro do vaso, isso é real (dado de avaliação e deixa de ser um problema……torna-se um desafio
Como eu posso de forma divertida fazer “Luisinho” acertar o alvo?
Então voltaremos a mesa de trabalho e com muita responsabilidade pensamos em formas criativas e divertidas para ajudá-lo atravessar essa ponte.
Pensando assim, tudo fica mais fácil e tranqüilo e então entramos na fase mais dinâmica do processo, implementar o que estava no papel, garantindo um maravilhoso trabalho em equipe.
Espero que esse manual seja útil para que possamos ajudar as crianças a vencerem esse desafio que se torna base para o desenvolvimento de tantas outras habilidades.
Sonia Falcão – Terapeuta Ocupacional /

Nenhum comentário:

Postar um comentário