quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Fonoaudiologia e a SDA Síndrome de Déficit de Atenção

Segundo estudiosos, a Síndrome do Déficit de Atenção (SDA) é decorrente de um conjunto de sinais e sintomas causados por uma imaturidade neurológica, na formação Reticular, localizada no tronco Cerebral.

Quando a criança não atinge a maturidade da Formação Reticular, no momento da velocidade ideal, desenvolve-se um quadro caracterizado por atraso de aquisição de linguagem, associado a distúrbios psicomotores ou de comportamento, que compromete as relações familiares e o aprendizado escolar.

O diagnóstico dessa síndrome é considerado complicado por certos neuropediatras e sem o mesmo, cabe ao Fonoaudiólogo lançar mãos de teorias e técnicas que julgar necessárias e úteis, que são, muitas vezes, exaustivas para se obter um resultado positivo no prognóstico do tratamento, ou até mesmo ir em busca de opções de pesquisas que visam a elucidação de tais casos.

Além das crianças serem desatentas, devido à incapacidade de selecionarem estímulos importantes, apresentam outras disfunções neurológicas:
• Formação Reticular: desatenção, hiperatividade, atraso na questão da fala e insensibilidade a dor.
• Sistema Piramidal: sincinesias.
• Cerebelo: distúrbios no equilíbrio.
• Região Parietal: deficiente esquema corporal, dispraxias.
• Sistema Circulatório: taquilalia, trocas e supressões de fonemas.
Devido à associação de todas essas imaturidades é compreensível que a criança tenha dificuldades escolares.

O tratamento é medicamentoso e através de exercícios especiais destinados aos distúrbios que podem ser encontrados. A equipe multidisciplinar, como a fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicomotricidade, ludoterapia, psiquiatria e neuropediatria, trabalha em conjunto.

No ambiente escolar é necessário aplicar técnicas pedagógicas especializadas, em classes adaptadas com menor número de alunos e que realizem estímulos em menores quantidades, devido o grau de dificuldade apresentado pelo portador da SDA.

A hiperatividade é o sintoma que mais chama a atenção de todos, porém é importante destacar que nem todos os portadores da síndrome são hiperativos, o que acontece é que pode acontecer de ser mais distraído ou até mesmo mais agitado.

É importante fazer essa diferenciação para não rotular uma criança que apresente tais comportamentos como portador da SDA. O fonoaudiólogo irá trabalhar, principalmente, as anormalidades motoras e de sensibilidade.

Por Elen Cristine M. Campos Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia

Fonte: http://www.artigos.com/artigos/saude/fonoaudiologia/a-fonoaudiologia-e-a-sindrome-do-deficit-de-atencao-21959/artigo/

Principais Fatores Relacionados à Linguagem que Podem Dificultar a Aprendizagem



http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/spfrl.htm

                                                Thereza Cristina dos Santos Lopes



      Quando falamos de aprendizagem estamos nos referindo a um processo global de crescimento, pois toda aprendizagem desencadeia, em algum sentido, crescimento individual ou grupal.
      A aprendizagem infantil, no que tange ao processo escolar em geral, está intimamente relacionada ao desenvolvimento da criança, às figuras representativas desta aprendizagem (escola, professores), ambiente de aprendizagem formal, condições orgânicas, condições emocionais e estrutura familiar.
      Qualquer intercorrência em um ou mais destes fatores, pode influenciar direta ou indiretamente o processo de aquisição da aprendizagem.

LINGUAGEM


      Podemos definir linguagem como um instrumento que, através de diversas formas, o ser humano utiliza para se comunicar.
      A comunicação ocorre através de gestos, expressões faciais, fala e escrita formal obedecendo as regras da comunidade lingüística na qual está inserida.
      Diversas são as alterações que podem ser diagnosticadas durante o processo de aprendizagem e conseqüentemente, o processo educacional em geral, como desempenho e qualidade globais.

FATORES


      - Atraso de Linguagem
      - Atraso Global de Desenvolvimento
      - Déficits cognitivos / Síndromes Neurológicas
      - Déficits Perceptivos
      - Emocionais
      - Síndrome do Déficit de Atenção com Hiperatividade - DDAH

ATRASO DE LINGUAGEM


      Traduz-se pela ausência da mesma na idade em que, normalmente, ela se manifesta.
      Caracteriza-se pela permanência de certos padrões lingüísticos além da fase da idade cronológica.
      No atraso simples ou moderado observa-se a redução de padrões fonológicos.
      No atraso grave de linguagem a criança apresenta todos os padrões fonológicos reduzidos e também os padrões morfossintáticos estão muito reduzidos com, praticamente, ausência dos elementos de ligação e estruturas frasais primitivas.
      Sendo o atraso propriamente dito, apresenta transtornos nas demais áreas de linguagem podendo estar implicados os mecanismos de memória imediata.
      Dificuldades oro-motoras acompanham o atraso de linguagem necessitando de um maior enriquecimento ou ajustamento das sensações proprioceptivas, facilitando a fixação dos padrões fonológicos corretos.

ATRASO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO


      Caracterizado pelo atraso psicomotor, da linguagem oral e da comunicação em geral, estando a criança defasada em diversas áreas do desenvolvimento com ou sem problemas motores.
      Aspectos cognitivos e perceptivos também podem acompanhar o Atraso Global de Desenvolvimento.
      Os padrões espertados para cada faixa etária depende, além da estimulação ambiental com qualidade, da maturação neurológica.
      No quadro de atraso da linguagem devemos ressaltar a disfasia onde existem, quase sempre, problemas de compreensão e sua evolução terapêutica é muito lenta.

DÉFICITS COGNITIVOS


      Podem ser causados por lesões neurológicas ou por alterações perceptivas graves e não valorizadas precocemente que levem ao desenvolvimento aquém das possibilidades da criança.
      No caso das síndromes neurológicas podemos citar, por exemplo, aberrações cromossômicas: Síndrome do 21, Síndrome de Turner, Síndrome Kleinefelter.
      Erros inatos ao metabolismo e transtornos endócrinos, também são responsáveis por desenvolvimento de déficits cognitivos.
      Também consideramos, como causa dos mesmos, transtornos endócrinos, patologias pré-natais (rubéola, sífilis, uso de medicamentos); peri-natais (prematuridade e imaturidade, sofrimento neo-natal); pós-natais (encefalites, meningites, etc.)

DÉFICITS PERCEPTIVOS


      As capacidades de percepção visual e auditiva, permitem captação dos estímulos ambientais e sua decodificação.
      A linguagem vai se estruturando à medida em que esses fatores (visão e audição) se desenvolvem, juntamente com a maturação neurológica e as habilidades psicomotoras.
      Necessárias para um adequado desempenho da escrita e da leitura a visão e suas áreas perceptivas (coordenação viso-motora, posição no espaço, relação espacial, constância de percepção e figura-fundo), bem como a audição e suas habilidades (atenção, localização e discriminação) formam e estruturam a base desta formalização da escrita e da leitura e interpretação da mesma.

FATORES EMOCIONAIS


      Permeando toda e qualquer relação que o indivíduo faça ou venha a fazer consigo mesmo ou com o mundo exterior, o fator emocional e sua estrutura não devem ser desprezados.
      Levando-se em conta a estrutura familiar, social e as relações estabelecidas entre si e o meio e a forma com que estas relações são feitas, influenciam, sem dúvida, o desenvolvimento do processo de aprendizagem.
      A maneira de encarar novas informações, a relação com este "novo" e a disponibilidade da criança para permitir-se a aprender, estão intrinsecamente ligadas com suas condições psicológicas.

SÍNDROME DDAH


      A Síndrome do Déficit de Atenção com Hiperatividade – DDAH, faz com que a criança apresente características como:
      - Dificuldade de concentração
      - Impulsividade
      - Dificuldade de manutenção de atenção mesmo durante as brincadeiras
      - Parece não escutar quando é chamado
      - Não termina as atividades
      - Perde com facilidade os objetos
      - Facilidade para distrair-se com estímulos externos
      - Movimento freqüente de mãos ou pés
      - Dificuldade de permanecer sentado
      - Dificuldade em se engajar em jogos ou atividades de leitura onde necessita permanecer sentado

      Para se obter um diagnóstico seguro desta Síndrome é necessário que a criança seja avaliada por uma equipe multidisciplinar que inclui neuropsicologia, fonoaudiologia, psicologia, neurologia e que estejam presentes ao menos em seis das características acima citadas.
      Certamente esta Síndrome influenciará na qualidade do desenvolvimento da aprendizagem escolar e muitas vezes defasagem em alguma área relacionada com a linguagem.


THEREZA CRISTINA DOS SANTOS LOPES
FONOAUDIOLOGIA-ORTÓPTICA
CRFª 7605     ABO 86.
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
TELS: (0 xx 21) 205-2205 / 240-2929
E-Mail: thelopes@domain.com.br



Para referência desta página:
LOPES, Thereza Cristina dos Santos. Principais fatores relacionados à linguagem que podem dificultar a aprendizagem. Pedagogia em Foco. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/spfrl.htm>. Acesso em: dia mes ano.

Alguns transtornos de aprendizagem

http://www.psicopedagogia.com.br/atuacao/disturbios/alguns.shtml

Dislexias:
A incapacidade de aprender a ler de um indivíduo que possui a capacidade intelectual necessária. Vários são os termos dados a este transtorno como: dislexia específica, dislexia de evolução, e no passado "cegueira verbal congênita".
Segundo L. Bender (Teoria de atraso na maturação cerebral. "Retardo de maturação", explica Bender, "significa lenta diferenciação em relação a um padrão estabelecido, sem que se especifique ser o déficit local, estrutural, específico ou fixo. Não implica em limitação obrigatória quanto ao potencial; na verdade, com freqüência sobrevêm aceleramento de maturação".
A dislexia representaria um tipo especial de imaturidade cerebral, na qual se atrasaria a função de reconhecimento visual e auditivo dos símbolos verbais.

Dislalia:
Transtorno funcional primário que corresponde ao atraso da fala, à linguagem "bebê".

Atenção:
É um evento oculto que não pode ser controlado diretamente. Dessa maneira, é muito parecido com o processo oculto de aprendizagem, que também não apresenta referência direta e só pode ser mensurado pela observação das alterações no desempenho. Infelizmente, a atenção é um pré-requisito da aprendizagem. Se ambos são mensurados por uma alteração no desempenho é devida à atenção imperfeita, à aprendizagem imperfeita ou ambas.
A atenção na aprendizagem refere-se à seleção de estímulos dentre os vários utilizados no processo de aprendizagem, a fim de a ele associar a resposta adequada. A criança precisa dispor da atenção seletiva para discernir dentre tantos estímulos aquele que leva a uma resposta apropriada. A atenção deve estar centrada no conteúdo propriamente, não na forma e recursos utilizados na aprendizagem do mesmo. Ao escutar uma explicação oral, além de preocupar-se com a compreensão da mesma, há uma percepção de tom de voz, sotaque, etc; que também fazem parte do estímulo. Caso a atenção não esteja centrada, ( atenção seletiva); ela se desviará, não vingando o essencial.

Apraxias:
Incapacidade de executar os movimentos apropriados a um determinado fim, conquanto não haja paralisias.

Disfasias/Audiomudez:
Transtornos raros da evolução da linguagem. Trata-se de crianças que apresentam um transtorno da integração da linguagem sem insuficiência sensorial ou fonatória; que podem, embora com dificuldade, comunicar-se verbalmente e cujo nível mental é considerado normal.

Ecolalia:
Repetição da fala do interlocutor.

Disortografia:
Escrita com os erros de que tratamos, pode ser o primeiro ou único achado de exame em caso de dislexia leve não examinado logo no início, podendo ter havido, mas já desaparecido, as dificuldades à leitura. Boa parte dos disléxicos melhora razoavelmente nesta matéria, enquanto ainda cometem muitos erros à escrita.
Os disléxicos podem fazer toda a sua escrita em espelho, o que é, entretanto, raro.
Quanto aos erros de omissão, o mais freqüente é suprimirem-se letras mudas ou vogais - BNDT (por BENEDITO), por exemplo.
É comum a tendência à união de duas ou mais palavras numa só, mas se pode também verificar a divisão de uma palavra, que o disléxico escreve em duas partes.
Quanto a pontuação, pode haver dificuldade na colocação de vírgulas.

Afasia:
É a perda parcial ou total da capacidade de linguagem, de causa neurológica central decorrentes de AVC (Acidente Vascular Cerebral), lesões cerebrais nas áreas da fala e linguagem. Conforme a extensão e localização da lesão o paciente pode apresentar um ou mais sintomas.
Sintomas:
·perda total ou parcial da articulação das palavras;
·perda total ou parcial da fluência verbal; dificuldade de expressar-se verbalmente; nomear objetos; repetir palavras; contar; nomear por exemplo os dias da semanas, meses do ano; ou ainda perda da noção gramatical;
·perda total ou parcial da habilidade de interpretação, não reconhece o significado das palavras.
·ler;
·escrever;
·perda total ou parcial da capacidade de organização de gestos para comunicar o que quer.

"Adquirida" da criança é considerada como algo excepcional. Ressalta uma redução da expressão verbal com transtornos articulares freqüentes, uma compreensão oral raramente perturbada, uma alexia freqüente acompanhando-se de transtornos da escrita. Afasias pós-traumáticas ou tumorais das quais poderíamos obter certas características: redução da expressão verbal oral mas sobretudo escrita, freqüência muito maior dos transtornos da realização da linguagem, em menos grau, da compreensão da linguagem, evolução um tanto favorável quando a lesão não é evolutiva.
Segundo Ketchum, afasia congênita, geralmente se relaciona com lesão cerebral evidente.

Disfasia:
Transtorno da linguagem- afasia congênita. Cujos transtornos se referem a recepção e análise do material auditivo, verbal e dificuldades com o discurso (perturbações na comunicação verbal).
Gagueira

Memória:
A memória pode ser definida como a capacidade do indivíduo de gravar as experiências e acontecimentos ao longo da vida.

Pode ser dividida em:
Tipos de Material: Verbal ou não verbal
Modalidade de Experiência Sensorial: Visual, Auditiva, Táctil e Gustativa
Memória de Curto Termo: aspecto de memória que envolve lembrança imediata
Memória de Longo Termo: para informações apresentadas pelo menos há 30 minutos
Memória Remota: para informações que ocorreram há mais de 24 h.

Os transtornos de memória tem sido mais freqüentemente relatados como déficits de habilidade associadas com algum tipo de disfunção cerebral.
problema de memória é também freqüentemente foco de intervenções de tratamento, e podem ser classificados como Retrógrada ( dificuldade de memória para informação codificada antes da lesão) e Anterógrada ( dificuldade de memória para informações subseqüentes à lesão).
No tratamento das disfunções da memória é importante identificar a fonte da dificuldade, se possível, bem como a natureza e parâmetros da disfunção. Entendendo-se o mecanismo da dificuldade pode-se conduzir ao desenvolvimento das intervenções apropriadas.
Dentro de uma abordagem psicológica, Dejours analisa o tema a partir da distinção de 03 tipos de memória:

Psíquica: ligada aos mecanismos de esquecimento;
Cognitiva: referente ao estocar e evocar informações;
Memória do "Saber Fazer": ligada aos programas genéticos que necessitam de encontros específicos com o ambiente, denominada Memória POTENCIAL ou LATENTE.

A intervenção psicopedagógica em indivíduos que tem problema de retenção vem no sentido de auxiliar para que este faça um maior número de relações entre o objeto de estudo ( o que quer ou precisa aprender) e suas estruturas mentais.

Hiperatividade:
A imagem composta da primeira infância e da meninice das crianças hiperativas é a de crianças que têm dificuldade de alimentar-se, de dormir, estão muitas vezes em mau estado de saúde e não aprendem a falar ou só falam adequadamente após os três anos de idade ou mais.
Transtornos Emocionais
Deficiência Mental
Desenvolvimento psicomotor
Sexualidade

Atraso de Linguagem:
Considera-se atraso de linguagem crianças que:
Até 1 ano e ½ não falam palavras isoladas
A partir dos 2 anos não formam frases

Causas possíveis:
Quando os pais ou aqueles que cuidam da criança não esperam que a mesma exprima sua vontade, antecipam-se fazendo aquilo que a criança quer fazendo com que a criança não sinta necessidade de falar.
Quando não há estímulos adequados
Quando o meio socio-afetivo-cultural não é adequado
Quando há atraso psicomotor
Quando à perda auditiva parcial ou total
Quando à problema neurológico.
Tratamento: Fonoaudiológico
Será identificado o nível de linguagem, as causas do atraso, orientação da participação familiar. 
 

TDAH - sintomas

Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

A Síndrome do Déficit de Atenção (S.D.A.), como é chamada atualmente, já foi denominada, em meados de 1947, de Lesão Cerebral Mínima, e posteriormente, em 1962, de Disfunção Cerebral Mínima e Hiperatividade. Após estudos, a Associação Psiquiátrica Americana, segundo Christiane Araújo Angelotti (1996), propôs uma nova denominação em 1980, utilizando o termo Síndrome do Déficit de Atenção. A adoção desse termo ocorreu para "englobar tanto a hiperatividade quanto outros sintomas e, também, por não se tratar de uma disfunção propriamente dita e sim uma falta de maturação do Sistema Nervoso Central que tende a amenizar com o passar dos anos", (Angelotti, 1996).

A S.D.A. pode ser entendida como uma alteração neurológica, destacando "a imaturidade neurológica difusa e a perturbação quanto aos neurotransmissores químicos", (Angelotti, 1996). Os sintomas da S.D.A., entre outros englobam hiperatividade, incoordenação motora e falta de equilíbrio, distúrbios da fala, além dos distúrbios de comportamento.

A hiperatividade abarca uma atividade motora intensa incontrolável, além do excesso de atividade verbal e das idéias, fazendo com que a criança não consiga se concentrar, distraindo-se com facilidade. Devido à coordenação insatisfatória e à falta de equilíbrio, as crianças com S.D.A. costumam cair com freqüência, derrubar objetos ou esbarrar nas pessoas. Além disso, a criança com S.D.A. é percebida com alteração em sua sensibilidade, demorando a perceber alguma dor ou machucado quando se ferem, por vezes não identificando a ocorrência do ferimento.
Devido aos distúrbios da fala, a criança com S.D.A. demonstra atraso no desenvolvimento da linguagem, e posteriormente, gagueira. Distúrbios de comportamento também são observados e, por vezes, são agravados em virtude da rejeição social, pois essas crianças são estigmatizadas como desajeitadas e inquietas. Vale citar, ainda, como sintoma da S.D.A., os distúrbios de aprendizagem que costumam ocorrer devido à dificuldade de concentração (Angelotti, 1996).
Estudos comprovam que, além da falta de atenção, impulsividade, irritabilidade, intolerância e frustração são alguns sintomas de quem é portador de SDA e que acabam tendo maior tendência à depressão e uso de drogas e álcool.

A maioria são pessoas hiperativas, com dificuldade de aprendizagem, mesmo quando têm inteligência acima da média.
Um dos problemas mais graves a serem enfrentados é a discriminação de professores,colegas e até da família. Os pais, muitas vezes, criam um ambiente de tensão, ao exigirem que elas se comportem ou dêem respostas como as outras.
Tudo isso contribuiu para que as pessoas nessas condições tenham auto-estima baixa e passem a exigir atenção especial de pais e educadores pois elas nem conseguem ficarpor muito tempo paradas ou em silêncio.
Se é hiperativa, a pessoa com SDA sofre ainda com o aumento das suas reações emocionais e por não reconhecer seus limites, sendo que em ambiente estressante o problema tende a se agravar.
Outros sintomas: desorganização, esquecimento, falta de senso de horário, criatividade e inteligência mas com pouco rendimento, dificuldade de concentração, para seguir ordens ou direção, para aguardar sua vez em filas ou para participar de jogos, para ouvir os outros sem interromper e para não se distrair facilmente.
A SDA é um problema que atinge nada menos do que 1/3 da população mundial, segundo levantamento realizado recentemente por especialistas dos Estados Unidos.
No Brasil, onde a problemática não é diferente, já se sabe que pelo menos 10% da população infantil sofre com os sintomas mais graves dessa síndrome.
Segundo informações da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil essetranstorno afeta um grande número de crianças, comprometendo o desempenho escolar, dificultando as relações interpessoais e provocando baixa auto-estima.
A dificuldade em conviver com essa situação é provocada mais pela falta de informaçãoe de compreensão dos pais e educadores, pois a questão é entender como são essas pessoas e como elas se comportam.
A partir do diagnóstico, a solução torna-se possível com a adoção de medidas que incluem um novo direcionamento na sua educação, não apenas na escola, mas em casa e em outros ambientes, sempre procurando uma acomodação de acordo com as suas necessidades. Também é fundamental que esse trabalho educacional seja integrado, incluindo pais e professores, com uma grande dose de compreensão, determinação, perseverança e paciência.

A Fonoaudiologia e a Síndrome do Déficit de Atenção
Segundo estudiosos, a Síndrome do Déficit de Atenção (SDA) é decorrente de um conjunto de sinais e sintomas causados por uma imaturidade neurológica, na formação Reticular, localizada no tronco Cerebral.
Quando a criança não atinge a maturidade da Formação Reticular, no momento da velocidade ideal, desenvolve-se um quadro caracterizado por atraso de aquisição de linguagem, associado a distúrbios psicomotores ou de comportamento, que compromete as relações familiares e o aprendizado escolar.
O diagnóstico dessa síndrome é considerado complicado por certos neuropediatras e sem o mesmo, cabe ao Fonoaudiólogo lançar mãos de teorias e técnicas que julgar necessárias e úteis, que são, muitas vezes, exaustivas para se obter um resultado positivo no prognóstico do tratamento, ou até mesmo ir em busca de opções de  HYPERLINK "http://www.brasilescola.com/fonoaudiologia/a-fonoaudiologia-sindrome-deficit-atencao.htm" pesquisas que visam a elucidação de tais casos.
 Além das crianças serem desatentas, devido à incapacidade de selecionarem estímulos importantes, apresentam outras disfunções neurológicas:

• Formação Reticular: desatenção, hiperatividade, atraso na questão da fala e insensibilidade a dor. 
• Sistema Piramidal: sincinesias. 
• Cerebelo: distúrbios no equilíbrio. 
• Região Parietal: deficiente esquema corporal, dispraxias. 
• Sistema Circulatório: taquilalia, trocas e supressões de fonemas. 
Devido à associação de todas essas imaturidades é compreensível que a criança tenha dificuldades escolares. 

O tratamento é medicamentoso e através de exercícios especiais destinados aos distúrbios que podem ser encontrados. A equipe multidisciplinar, como a fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicomotricidade, ludoterapia, psiquiatria e neuropediatria, trabalha em conjunto.
No ambiente escolar é necessário aplicar técnicas  HYPERLINK "http://www.brasilescola.com/fonoaudiologia/a-fonoaudiologia-sindrome-deficit-atencao.htm" pedagógicas especializadas, em classes adaptadas com menor número de  HYPERLINK "http://www.brasilescola.com/fonoaudiologia/a-fonoaudiologia-sindrome-deficit-atencao.htm" alunos e que realizem estímulos em menores quantidades, devido o grau de dificuldade apresentado pelo portador da SDA.
A hiperatividade é o sintoma que mais chama a atenção de todos, porém é importante destacar que nem todos os portadores da síndrome são hiperativos, o que acontece é que pode acontecer de ser mais distraído ou até mesmo mais agitado.
 É importante fazer essa diferenciação para não rotular uma criança que apresente tais comportamentos como portador da SDA. O fonoaudiólogo irá trabalhar, principalmente, as anormalidades motoras e de sensibilidade.
Por Elen Cristine M. Campos Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e  HYPERLINK "http://www.brasilescola.com/fonoaudiologia/a-fonoaudiologia-sindrome-deficit-atencao.htm" Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Sintomas relacionados à desatenção
a) A criança tem pouca atenção, e com freqüência comete erros em trabalhos escolares e provas por puro descuido. Examinando a prova que ela mesma fez, a criança é capaz de apontar os próprios erros e até se aborrecer por ter cometido erros tão tolos. Ou a professora se espantar com os erros cometidos em matéria que a criança comprovadamente conhece.
b) Nas aulas é comum perder a atenção no que o professor está falando, e ficar pensando em coisas bem distantes das aulas. Costuma dizer que "voa" ou "viaja" nas aulas. Essa mesma perda constante de concentração é que dificulta a leitura de um livro recomendado pela escola. Com freqüência precisa voltar a ler do início da página pois é como se tivesse dado um branco no momento em que estava lendo um trecho.
c) Tem grande dificuldade de fazer os deveres de casa sozinha, porque se distrai a todo instante, interrompe, leva muito tempo, fazendo desses momentos verdadeiras batalhas entre mãe e filho.
d) Outras vezes quando está fazendo algo que é do seu interesse, como ver TV, jogar videogame, etc., é capaz de ficar tão concentrada que parece não escutar se é chamada. Isso quer dizer que a criança com Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade é capaz de ficar hiper-concentrada (se estiver interessada) ou então ficar desconcentrada (quando não tiver tanto interesse).
e) É facilmente distraída daquilo que está fazendo. Por exemplo, basta que alguém chame seu nome ou que ocorra um ruído diferente para se perca quase completamente da tarefa que estavam realizando, em especial se era uma leitura ou aula.
f) É em geral muito desorganizada com seus pertences e na maneira com tenta fazer as coisas. Por isso está freqüentemente perdendo objetos, como lápis, livros, etc.
g) Algumas crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade têm grande dificuldade em dar a partida para realizar qualquer coisa, parecem lentas, sem energia. Já outras começam as coisas rapidamente, mas também logo abandonam o que começaram para fazer uma segunda atividade, que por sua vez dificilmente será completada.
h) Quando se pede a uma criança com Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade que efetue 2 ou 3 tarefas ao mesmo tempo, ou que transmita um recado, com maior freqüência haverá esquecimento das tarefas solicitadas.
RESUMINDO....
Não prestar atenção a detalhes;
ter dificuldade para concentrar-se;
não prestar atenção ao que lhe é dito;
ter dificuldade em seguir regras e instruções;
desvia a atenção com outras atividades;
não terminar o que começa;
ser desorganizado;
evitar atividades que exijam um esforço mental continuado;
perder coisas importantes;
distrair-se facilmente com coisas alheias ao que está fazendo;
esquecer compromissos e tarefas;
problemas financeiros;
tarefas complexas se tornam entediantes e ficam esquecidas;
dificuldade em fazer planejamento de curto ou de longo prazo.

Sinais de hiperatividade e impulsividade:
a) É muito ativa, inquieta, tem dificuldade de ficar sentada na sala de aula, ou numa missa. Quando é forçada a ficar sentada, fica se revirando na cadeira o tempo todo.
b) Fala muito, é barulhenta, a ponto de perturbar a classe e ser freqüentemente advertida pelas professoras.
c) Não consegue esperar sua vez, seja em jogos, filas, etc. Fala quando não deve, interrompe as pessoas, responde sem ouvir a pergunta por inteiro. Muitas vezes revela falta de tato, dizendo coisas inadequadas, que saem de supetão.
d) Algumas têm pouca noção de perigo, por isso sobem em locais perigosos, se machucam com freqüência.
e) Costumam ser estabanadas, derrubando os objetos por onde passam.
f) Tem baixa tolerância à frustração. Insistentes, não suportam uma resposta negativa.
Como se apresenta um adolescente com Déficit de Atenção ?
As características do adolescente com Déficit de Atenção são semelhantes às das crianças com o mesmo problema, apenas com diferenças decorrentes do próprio amadurecimento, da faixa de vida. Vejamos apenas algumas particularidades:
a) Tem dificuldade de ficar concentrado nas aulas, em leituras, em especial se não for do seu interesse. Certamente que qualquer pessoa se não tiver interesse vai ter maior dificuldade de atenção, só que na pessoa com Hiperatividade isso é bem mais acentuado.
b) Tem dificuldade em completar tarefas. Alguns desses adolescentes iniciam várias atividades, mas completam poucas.
c) Habitualmente é desorganizado, esquece compromissos, trabalhos, ou então não sabe onde guardou chaves, óculos, livros, etc.
d) Costuma fazer várias coisas ao mesmo tempo, mas dificilmente completa alguma.
e) É impaciente e inquieto, mas não tanto hiperativo como quando era criança.
f) Dirige motos ou carros de forma perigosa, expondo-se freqüentemente a acidentes.
g) Faz uso de álcool ou drogas. Em geral os adolescentes com Déficit de Atenção procuram as drogas porque se sentem passageiramente melhor sob o efeito delas, ou seja, a droga é uma forma de automedicação, embora inadequada.
E um adulto com Hiperatividade que outras particularidades apresenta?
Os traços são semelhantes aos da criança e do adolescente, com as modificações próprias da idade. Vejamos apenas algumas particularidades:
a) É desatento, desconcentrado, e facilmente distraído. Alguns desses adultos jamais conseguiram ler um livro inteiro. Outros até conseguem, mas só quando o assunto é de muito interesse.
b) É pouco persistente no que faz, tendo dificuldade em completar suas tarefas.
c) Seu estilo de vida é desorganizado, esquece de pagar contas em dia, sua mesa de trabalho é caótica, esquece compromissos. Sente-se confuso quando tem muitas coisas a fazer, não conseguindo estabelecer prioridades.
d) Atrasa-se com muita freqüência.
e) É inquieto, tem dificuldade em parar, e às vezes quando está em férias procura mais coisas para fazer.
f) Fala muito, monopoliza as conversas. Nem sempre é bom ouvinte.
g) Impaciente, toma decisões precipitadas, e muitas vezes se arrepende logo em seguida. Impulsivo também para dirigir. Muda freqüentemente de trabalho, relacionamentos ou residência.
h) É muito emotivo, tem freqüentes oscilações do humor, e se irrita com facilidade.
i) No trabalho tem um rendimento abaixo do que seria capaz.

Para se diagnosticar um caso de TDAH é necessário que o  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Indiv%C3%ADduo" \o "Indivíduo" indivíduo em questão apresente pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos sintomas de hiperatividade; além disso os sintomas devem manifestar-se em pelo menos dois ambientes diferentes e por um período superior a seis meses. Pessoas com TDAH tem problemas para fixar sua atenção em coisas por mais tempo do que outras, interessantemente, crianças com TDAH não tem problemas para filtrar informações. Elas parecem prestar atenção às mesmas coisas que as crianças que não apresentam o TDAH prestariam. Crianças com TDAH se sentem chateadas ou perdem o interesse por seu trabalho mais rapidamente que outras crianças, parecem atraídas pelos aspectos mais recompensadores, divertidos e reforçativos em qualquer situação, essas crianças também tendem a optar por fazer pequenos trabalhos no presente momento em troca de uma recompensa menor, embora mais imediata, ao invés de trabalhar mais por uma recompensa maior disponível apenas adiante. Na realidade, reduzir a estimulação torna ainda mais difícil para uma criança com TDAH manter a atenção. Apresentam também dificuldades em controlar impulsos. Os problemas de atenção e de controle de impulsos também se manifestam nos atalhos que essas crianças utilizam, em seu trabalho. Elas aplicam menor quantidade de esforços e despendem menor quantidade de tempo para

Quem pode diagnosticar TDAH?
O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, realizado por profissional que conheça profundamente o assunto, que necessariamente deve descartar outras doenças e transtornos, para então indicar o melhor tratamento. O termo hiperatividade tem sido popularizado e muitas crianças rotuladas erroneamente. É preciso cuidado ao se caracterizar uma criança como portadora de TDAH. Somente um médico (preferencialmente psiquiatra) psicólogo especializado ou terapeuta ocupacional podem confirmar a suspeita de outros profissionais de áreas afins, como fonoaudiólogos, educadores ou psicopedagogos, que devem encaminhar a criança para o devido diagnóstico. Existem testes e questionários, como o site da psicóloga Cleide Heloisa Partel, especialista em TDAH, que auxiliam o diagnóstico clínico. Hoje já se sabe que a área do  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebro" \o "Cérebro" cérebro envolvida nesse processo é a região orbital frontal (parte da frente do cérebro) responsável pela  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Inibi%C3%A7%C3%A3o&action=edit&redlink=1" \o "Inibição (página não existe)" inibição do comportamento, pela  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Aten%C3%A7%C3%A3o_sustentada&action=edit&redlink=1" \o "Atenção sustentada (página não existe)" atenção sustentada, pelo autocontrole e pelo planejamento para o futuro. Entretanto, é importante frisar que o cérebro deve ser visto como um órgão cujas partes apresentam grande interligação, fazendo com que outras áreas que possuam conexão com a região frontal possam não estar funcionando adequadamente, levando aos sintomas semelhantes aos de TDAH. Os  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Neurotransmissores" \o "Neurotransmissores" neurotransmissores que parecem estar deficitários em quantidade ou funcionamento, em indivíduos com TDAH, são basicamente a  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Dopamina" \o "Dopamina" dopamina e a  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Noradrenalina" \o "Noradrenalina" noradrenalina, que precisam ser estimuladas através de medicações.
Algumas pessoas precisam tomar estimulantes como forma de minorar os  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Sintoma" \o "Sintoma" sintomas de déficit de atenção/hiperatividade, entretanto nem todas respondem positivamente ao tratamento. É importante que seja avaliada criteriosamente a utilização de medicamentos em função dos  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeitos_colaterais" \o "Efeitos colaterais" efeitos colaterais que os mesmos possuem. Em alguns casos, não apresentam nenhuma melhora significativa, não se justificando o uso dos mesmos. A duração da administração de um medicamento também é decorrente das respostas dadas ao uso e de cada caso em si.
Famílias caracterizadas por alto grau de agressividade nas interações, podem contribuir para o aparecimento de comportamento agressivo ou de oposição desafiante nas crianças, o que pode ser denomiado de Hiperatividade de fundo social, diferente de TDAH.
Causas
As pesquisas têm apresentado como possíveis causas de TDAH a hereditariedade, problemas durante a gravidez ou no parto, exposição a determinadas substâncias ( HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Chumbo" \o "Chumbo" chumbo) ou problemas familiares como: um funcionamento familiar caótico, alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução, famílias com baixo nível socio-econômico, ou famílias com apenas um dos pais. Famílias caracterizadas por alto grau de agressividade nas interações, podem contribuir para o aparecimento de comportamento agressivo ou de oposição desafiante nas crianças. Segundo Goldstein, alguns fatores podem propiciar o aparecimento do TDAH quando em condições favoráveis, por isso as causas do TDAH são de uma vulnerabilidade herdada ao transtorno que vai se manifestar de acordo com a presença de desencadeadores ambientais. A  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Ansiedade" \o "Ansiedade" ansiedade, frustração,  HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Depress%C3%A3o_nervosa" \o "Depressão nervosa" depressão ou criação imprópria podem levar ao comportamento hiperativo.

Uma questão prática muito importante é que com muita freqüência ao Transtorno de Hiperatividade se associam outros transtornos (a isso se denomina comorbidade).
Uma característica marcante do Transtorno do Déficit de Atenção é sua alta taxa de comorbidade. Em crianças, calcula-se que mais da metade dos casos ocorrem acompanhados de outros transtornos. Em adultos, estima-se que esse índice seja ainda maior.
Na infância, as condições comórbidas mais comuns são: transtornos específicos do aprendizado, transtornos do comportamento, transtornos ansiosos, transtornos depressivos, e tiques.
Em adolescentes, além desses transtornos citados, surge o abuso de drogas.
Em adultos são também comuns os transtornos ansiosos, os transtornos depressivos, o abuso de drogas (incluindo o álcool e tranqüilizantes), transtornos do apetite e do sono.

No que se refere às formas de tratamento da S.D.A., Christiane Araújo Angelotti (1996) indica a associação do tratamento medicamentoso à terapia interdisciplinar com psicólogos, fonoaudiólogos, psicomotristas, entre outros. Angelotti revela ainda que a terapia não medicamentosa precisa ter como objetivo o desenvolvimento da atenção e concentração da criança. Para que esse objetivo seja alcançado é necessário que o terapeuta tenha alguns cuidados como: a quantidade de estímulos presentes na sala de terapia, o número de estímulos apresentados para a criança, o interesse dela na atividade proposta e o tempo de duração da terapia.
Por fim, cabe enfatizar a importância da intervenção dos pais junto à criança com S.D.A.. É preciso que os pais saibam lidar com seus filhos portadores de S.D.A. sem se tornarem displicentes ou autoritários demais. É bom lembrar, também, que nem toda criança que apresenta alguns dos sintomas revelados como comuns à S.D.A. seja portadora dessa síndrome. Outros fatores podem estar desencadeando comportamentos inadequados, como questões emocionais isoladas ou simplesmente falta de educação adequada dispensada pelos pais ou educadores.
Hoje sabe-se que pessoas como Steven Spielberg, Thomas Edson, Einstein, Leonardo da Vinci, Walt Disney, John Lennon, Louis Pasteur e tantos outros que se destacaram pela genialidade tinham SDA.

TDAH - imaturidade neurológica

Em conversas informais sobre educação de filhos ou comportamento infantil, habitualmente, são emitidos comentários sobre o comportamento de crianças muito agitadas, que não conseguem ficar paradas, que mexem em vários objetos ao mesmo tempo, inclusive fora do ambiente doméstico.
Além disso, os comentários costumam se estender à inabilidade de certos pais em limitar os atos dos filhos. Entretanto, em alguns casos, esse tipo de comportamento infantil pode não ser derivado apenas da falta de educação, mas sim de um comprometimento neurológico denominado Síndrome do Déficit de Atenção.
A Síndrome do Déficit de Atenção (S.D.A.), como é chamada atualmente, já foi denominada, em meados de 1947, de Lesão Cerebral Mínima, e posteriormente, em 1962, de Disfunção Cerebral Mínima e Hiperatividade. Após estudos, a Associação Psiquiátrica Americana, segundo Christiane Araújo Angelotti (1996), propôs uma nova denominação em 1980, utilizando o termo Síndrome do Déficit de Atenção. A adoção desse termo ocorreu para "englobar tanto a hiperatividade quanto outros sintomas e, também, por não se tratar de uma disfunção propriamente dita e sim uma falta de maturação do Sistema Nervoso Central que tende a amenizar com o passar dos anos", (Angelotti, 1996).
Foto ilustrativa A S.D.A. pode ser entendida como uma alteração neurológica, destacando "a imaturidade neurológica difusa e a perturbação quanto aos neurotransmissores químicos", (Angelotti, 1996). Os sintomas da S.D.A., entre outros englobam hiperatividade, incoordenação motora e falta de equilíbrio, distúrbios da fala, além dos distúrbios de comportamento.
A hiperatividade abarca uma atividade motora intensa incontrolável, além do excesso de atividade verbal e das idéias, fazendo com que a criança não consiga se concentrar, distraindo-se com facilidade. Devido à coordenação insatisfatória e à falta de equilíbrio, as crianças com S.D.A. costumam cair com freqüência, derrubar objetos ou esbarrar nas pessoas. Além disso, a criança com S.D.A. é percebida com alteração em sua sensibilidade, demorando a perceber alguma dor ou machucado quando se ferem, por vezes não identificando a ocorrência do ferimento.
Devido aos distúrbios da fala, a criança com S.D.A. demonstra atraso no desenvolvimento da linguagem, e posteriormente, gagueira. Distúrbios de comportamento também são observados e, por vezes, são agravados em virtude da rejeição social, pois essas crianças são estigmatizadas como desajeitadas e inquietas. Vale citar, ainda, como sintoma da S.D.A., os distúrbios de aprendizagem que costumam ocorrer devido à dificuldade de concentração (Angelotti, 1996).
Foto ilustrativa No que se refere às formas de tratamento da S.D.A., Christiane Araújo Angelotti (1996) indica a associação do tratamento medicamentoso à terapia interdisciplinar com psicólogos, fonoaudiólogos, psicomotristas, entre outros. Angelotti revela ainda que a terapia não medicamentosa precisa ter como objetivo o desenvolvimento da atenção e concentração da criança. Para que esse objetivo seja alcançado é necessário que o terapeuta tenha alguns cuidados como: a quantidade de estímulos presentes na sala de terapia, o número de estímulos apresentados para a criança, o interesse dela na atividade proposta e o tempo de duração da terapia.
Por fim, cabe enfatizar a importância da intervenção dos pais junto à criança com S.D.A.. É preciso que os pais saibam lidar com seus filhos portadores de S.D.A. sem se tornarem displicentes ou autoritários demais. É bom lembrar, também, que nem toda criança que apresenta alguns dos sintomas revelados como comuns à S.D.A. seja portadora dessa síndrome. Outros fatores podem estar desencadeando comportamentos inadequados, como questões emocionais isoladas ou simplesmente falta de educação adequada dispensada pelos pais ou educadores.

Dra. Denise Menezes fala sobre TDAH

O que é transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH)?

É um quadro comportamental em que uma criança apresenta, de forma incompatível com a sua faixa etária, dificuldade para se concentrar no que faz, para conter seus impulsos e/ou agitação motora. Tal padrão de comportamento origina prejuízos na vida acadêmica, social ou afetiva do paciente.

O TDAH é um problema neurológico, psiquiátrico ou psicológico?

Tanto médicos como psicólogos podem ajudar um paciente com TDAH. O que muda é o instrumento utilizado por cada profissional. Os médicos usam remédios enquanto os psicólogos fazem terapia através das palavras, práticas corporais ou treinamentos comportamentais.
Em relação à medicina, cabe uma breve explicação sobre as duas áreas que tratam os pacientes com TDAH. Quando psiquiatria e neurologia deixaram de ser uma especialidade única – neuropsiquiatria –, as alterações de pensamento, humor e comportamento passaram a ser abordadas pela psiquiatria e as decorrentes de problemas estruturais do cérebro, pela neurologia. As pesquisas neurobioquímicas reaproximaram as duas especialidades e, embora psiquiatras e neurologistas tenham experiência clínica com patologias diferentes, algumas vieram a ser objeto de estudo de ambas as especialidades. Esse é o caso do TDAH.

O TDAH é um problema estrutural do cérebro?

Não necessariamente. Com frequência, é um problema funcional.
O diagnóstico de TDAH pelos critérios do DSM-IV-TR™ (American Psychiatric Association, 2002) é um diagnóstico comportamental e não inclui explicitamente uma causa. É preciso que se excluam diagnósticos psiquiátricos como transtornos do humor, de ansiedade, dissociativos ou de personalidade. A ênfase dada pelo DSM-IV à necessidade de se excluir outros diagnósticos psiquiátricos explicita que o conjunto de comportamentos e atitudes do TDAH não é exclusivo desse transtorno. Quando médicos não especializados no tratamento de TDAH ou pessoas leigas tentam definir esse diagnóstico, podem incorrer em equívocos por não serem capazes de excluir outras possibilidades diagnósticas.

Como é feito o diagnóstico de TDAH?
Primeiramente, são feitos os seguintes procedimentos: anamnese detalhada da história de vida da criança e de seu ambiente familiar e social; observação clínica durante a consulta e exame neurológico. A seguir, pode-se utilizar critérios provenientes de sistemas classificatórios como o DSM-IV ou algum dos vários questionários inspirados nele. Finalmente, é solicitada uma avaliação neuropsicológica.
Nenhum desses métodos garante um diagnóstico definitivo porque o comportamento pode ter como bases quadro de ansiedade, transtornos de humor ou de personalidade, desajuste na dinâmica afetivo-emocional familiar ou inadequação da linha pedagógica da escola.
Quando o paciente tem menos de sete anos de idade, não se deve ter pressa para definir um diagnóstico. Nesse caso, o acompanhamento da criança em médio ou longo prazos ajudará a confirmar ou afastar nossa suspeita.

Um quadro de ansiedade pode ser tão intenso a ponto de ser confundido com TDAH?

Sim. Quanto mais inconsciente for a causa do sofrimento psíquico, mais ela irá se manifestar através de comportamentos fora do controle do paciente. Para quem acompanha de longe, tais comportamentos parecem tão desproporcionais ao fator desencadeante que, por isso, são classificados como impulsividade ou hiperatividade. Isso pode acontecer não apenas com transtornos ansiosos, mas também com os depressivos, neuróticos e outros.
Qualquer que seja a causa de seus comportamentos, quando uma pessoa não consegue controlar seus impulsos ou hierarquizar os estímulos que a rodeiam e, assim, não se mostra capaz de escolher seu foco de atenção, essa dificuldade pode tão intensa que se encaixe no diagnóstico de TDAH.

Uma criança normal pode aprender a funcionar como TDAH?

Sim, até certo ponto. Vamos raciocinar juntos:
Graças à plasticidade cerebral, qualquer atividade que uma pessoa desenvolve gera circuitos cerebrais estáveis – a isso se dá o nome de aprendizado. A plasticidade cerebral da criança é muito intensa. Através de hábitos de vida a criança vai construindo seu cérebro.

Por outro lado, no mundo atual, há excesso de informações e de estímulos. Exemplo da consequência disso é que, há alguns anos, no Japão, milhares de pessoas tiveram que ir ao pronto socorro devido à excessiva foto-estimulação a um desenho animado veiculado na televisão, sendo que centenas delas tiveram convulsões. Por isso, um trecho do desenho animado precisou ser cortado para que o filme fosse novamente liberado.

Nos jogos a maioria das imagens é apresentada de forma quase frenética. Assim, o cérebro da criança aprende a processar esse excesso de estímulos e os circuitos dessa maneira gerados determinam um estilo de comportamento que passa a ser parte integrante da sua estrutura cerebral. Trata-se de uma bola de neve.

Outro fato: muito do que o padrão de exigência atual valoriza está além da possibilidade humana normal de assimilação ou, pelo menos, além da capacidade de assimilação de determinada criança. Por exemplo, uma que tenha um temperamento mais contemplativo pode sentir-se na obrigação de ser como as outras e ultrapassar seus limites. Às vezes, a própria família exige isso dela.
Nesses casos, é preciso mudar a meta. Existem diversas opções profissionais que precisam de maior introspecção e lentidão. É importante respeitar as diferenças e evitar encaixar a criança em padrões, exigindo o que é esperado pela sociedade ou o que o mercado de trabalho indica como mais rentável.

Alguém pode ter um quadro comportamental semelhante ao TDAH porque está desmotivado de uma maneira muito significativa?

Pode sim, principalmente quando há desatenção sem hiperatividade. Exemplo disso ocorre quando uma pessoa escolheu atuar em uma área profissional por influência de outras pessoas ou por uma necessidade circunstancial quando, na verdade, seus dons e suas necessidades são diferentes. Nesse caso, talvez o paciente desenvolva uma dificuldade atencional que, em outras circunstâncias, seria facilmente administrada e não seria intensa a ponto de ser enquadrada no diagnóstico de TDAH.

Quer dizer que existe TDAH sem hiperatividade, só com desatenção?

Sim. Se você acessar o texto Critérios diagnósticos do TDAH você verá que o DSM-IV inclui esse sub-tipo de transtorno, predominantemente desatentivo. O nome oficial do transtorno ainda é TDAH, mas muitas vezes chamamos esse quadro de DDA (desordem de déficit de atenção) ou de TDA (transtorno de déficit de atenção). As crianças com DDA apresentam quadro atencional muito parecido com o DPA (desordem de processamento auditivo), que em ambientes ruidosos mostram-se incapazes de focar a atenção e se dispersam. Além de um diagnóstico diferencial que deve ser lembrado, o DPA pode coexistir com TDAH como comorbidade.

Quando todos os pré-requisitos dos sistemas classificatórios para diagnóstico de TDAH são preenchidos significa que a origem do problema é orgânica?

Não necessariamente. Há grande chance de a causa ser orgânica, mas há a possibilidade de ter outro motivo. Pode-se verificar que os circuitos neuronais estão completos, com suas redes sinápticas maduras e motivos afetivos emocionais impedem que eles sejam adequadamente utilizados.
Se nos prendermos apenas aos resultados dos questionários, estaremos abrindo mão de um método diagnóstico fundamental que é a impressão clínica obtida pela anamnese, pela observação no consultório, pelo olhar mais abrangente sobre a família e o meio em que o paciente vive.
Testes e questionários ajudam, mas não são infalíveis. Às vezes, estamos diante de um paciente que preenche os pré-requisitos para um determinado diagnóstico, mas estamos convencidos de que não se trata disso. Outras vezes, ocorre o contrário, porém temos certeza de que é aquele transtorno que ele tem. Medicina não é uma ciência exata e esquecer isso nos fará incorrer em muitos erros.

Se chegarmos à conclusão de que, realmente, se trata de TDAH, qual pode ser a causa?
Podemos estar diante de um caso de lesão cerebral ou imaturidade neurológica que atinge os circuitos cerebrais responsáveis pelo controle da atenção e dos impulsos afetivo emocionais.
Tanto na lesão cerebral como na imaturidade neurológica o circuito neuronal é ineficiente. Assim, o paciente tem dificuldade para hierarquizar os estímulos do meio ambiente e escolher um deles como foco de atenção. Além disso, ele apresenta dificuldade em manter informações circulando em áreas subcorticais do cérebro durante a execução de uma tarefa, incorrendo em erros por causa disso. Da mesma forma, toda emoção que sente irá aflorar em forma de comportamento. Por exemplo, enquanto um colega de classe pensa “Que professora chata”, mas diz “Está bem, professora”, uma criança com TDAH dirá para a professora, de maneira irrefletida, “Você é uma chata”.

Qual a diferença entre TDAH por lesão cerebral e por imaturidade neurológica?
No TDAH por lesão cerebral os neurônios que compõem o circuito controlador e organizador de ações, emoções e comportamentos não existem em quantidade suficiente. A lesão cerebral decorre de uma agressão sofrida pelo cérebro antes, durante ou depois do nascimento. Além do TDAH a lesão pode gerar outros sintomas como paralisia motora, deficiência mental etc. Muitos pacientes com quadros neurológicos graves têm como complicador de tratamento ser pouco colaborativo por causa de um TDAH.

No TDAH por imaturidade neurológica o circuito neuronal existe, mas não é eficaz. A informação química entre os neurônios não é transmitida, pois as sinapses não se comunicam eficientemente. Provavelmente, a programação genética do paciente com TDAH determina que esses circuitos sejam desenvolvidos mais lentamente do que na maioria das pessoas. Por esse motivo, nos casos não lesionais, costumamos perceber nitidamente uma história familiar em que o pai ou a mãe apresenta algum nível do transtorno.

O que pode causar uma lesão cerebral que leve a um quadro de TDAH?

A lesão cerebral pode ser causada por qualquer situação que agrida o cérebro em fase precoce da vida e atinja os circuitos envolvidos no transtorno. São exemplos dessas situações: anóxia de parto, meningite nos primeiros dias de vida e obstrução de vasos sanguíneos cerebrais durante o período intrauterino.

Caso o quadro surja na vida adulta após um traumatismo craniano, por exemplo, não pode ser considerado TDAH mesmo pareça ser semelhante. Isso porque, para que se faça esse diagnóstico oficialmente, é necessário que os sintomas tenham se iniciado, de acordo com alguns autores, antes dos sete anos de idade, e para outros, antes dos quatro anos.

O tratamento médico é diferente se a causa do TDAH for lesão cerebral ou imaturidade neurológica?
Não. Do ponto de vista medicamentoso, a definição do tratamento ocorre a partir das seguintes questões: intensidade do quadro; nível de prejuízo pedagógico, afetivo ou social; existência de comorbidades e os princípios e filosofia de vida da família do paciente.

Quer dizer que não existe uma forma única de tratamento?

Exatamente. Às vezes, optamos por terapia psicológica, aconselhamento da família e dos cuidadores, acompanhamento terapêutico ou pedagógico do paciente, antes de decidirmos introduzir medicamentos.

De maneira geral, baseada na impressão clínica, eu trato meus pacientes com homeopatia. Solicito avaliação neuropsicológica quando tenho dúvida diagnóstica ou quando decido receitar alopatia, porque dará respaldo para a introdução de medicamentos. Nesse caso, também são requisitados exames clínicos laboratoriais, eletroencefalograma (EEG) e, algumas vezes, avaliação cardiológica. Solicito também avaliação neuropsicológica quando o tratamento dos pacientes não evolui conforme o esperado ou quando há suspeita de transtornos específicos de aprendizagem associados.

Uma criança desatenta tem sempre dificuldade escolar pedagógica?

Não é obrigatório que ocorram dificuldades pedagógicas. Uma criança desatenta pode deixar de aprender a matéria por não ter ouvido a explicação, por ter dificuldade para memorizar ou por não conseguir se organizar minimamente para que o aprendizado aconteça. Por outro lado, uma criança muito inteligente com TDAH leve ou moderado, sem transtornos específicos de aprendizagem associados, pode sair-se muito bem do ponto de vista pedagógico.

Nesse caso, qual seria a queixa escolar?
A queixa escolar seria relacionada ao comportamento. Um paciente pode ser bem avaliado nas provas, mas ser agitado e impulsivo a ponto de atrapalhar os colegas em sala de aula. Devido ao fato de sua impulsividade fazê-lo reagir sem pensar às contrariedades, pode envolver-se em brigas frequentes. Nesse caso, o transtorno compromete mais a vida afetiva ou social do que a pedagógica.

É possível TDAH sem queixa escolar?

Sim, é possível, embora não seja frequente. O diagnóstico de TDAH requer que as queixas aconteçam em pelo menos dois ambientes. A escola, pelo fato de reunir muitas crianças e exigir do paciente uma atenção ou um autocontrole que ele não tem, apresenta condições propícias para que as queixas ocorram.

E a vida familiar? O TDAH é causa ou consequência dos problemas em casa?

Boa pergunta.
Precisamos estar atentos para definir onde tudo começou. A dinâmica familiar complicada pode levar uma criança a ter comportamento agitado e rebelde, mas uma criança com comportamento agitado e rebelde pode gerar complicações na dinâmica familiar.
É necessária experiência clínica e, geralmente, auxílio de profissional da psicologia para avaliar essa questão. Desvendá-la é fundamental, pois a conduta médica pode ser muito diferente dependendo da avaliação realizada.

A solução para o caso em que a dinâmica familiar mostra-se complicada não é medicar a criança. São outros os problemas e a criança pode estar sendo a vítima e não a causadora da situação. Medicar seria mascarar um sintoma familiar que precisa ser enfrentado.

Por outro lado, quando a criança apresenta déficit de atenção acompanhado de hiperatividade/impulsividade pode gerar uma dinâmica familiar ruim. Devido às brigas constantes e desobediências, aos comportamentos de risco e barulho que fazem, os pacientes podem construir em casa um ambiente desagradável, cansativo ou mesmo exasperante. Os adultos têm muita dificuldade de lidar com a própria impotência, pois uma criança desobediente gera a sensação de “ele não me obedece”, “ele não me respeita”, ao invés de “ele não consegue”.

Pais e cuidadores também têm seus problemas pessoais e nem sempre estão em condições de compreender ou ser úteis para uma criança hiperativa. Por isso, castigos repetidos, excessivos ou injustos podem levar o paciente a se sentir discriminado, incompreendido, injustiçado e isso acabar colaborando para um comportamento intencionalmente rebelde. O problema cresce como uma bola de neve e cria um círculo vicioso complexo. Com freqüência, só um profissional experiente da psicologia consegue ajudar à família e aos médicos.
 
Isso é o que chamam de transtorno de oposição desafiador (TOD), uma comorbidade do TDAH?
Sim e não. Explico:

Comorbidades são doenças que coexistem, sem que uma seja a causa da outra. Embora o Transtorno de oposição desafiador (TOD) seja considerado comorbidade, em minha opinião, ele é um comportamento reativo porque tem relação de causa e efeito.

Uma criança que cresce sentindo-se um peso para aqueles que a cercam pode usar a agressividade como defesa. Já escutei de paciente, justificando-se de uma atitude indisciplinada na escola: “Se eu não tivesse feito aquilo, mesmo assim, diriam que fui eu. Então, eu fiz”. Quanto maior a angústia, quanto mais comprometida a autoestima da criança, maior será a chance de aparecimento de um comportamento opositor. O ser humano, criança ou adulto, que se sente constantemente rejeitado pode desistir de ser compreendido e, por sua vez, desistir de compreender os que o cercam.

É preciso medicar essa agressividade?

Eu diria que é preciso tratá-la. De que forma? Depende do caso.
Sempre com terapia psicológica. Associar homeopatia ajuda muito e, às vezes, é necessário utilizar alopatia também.
Vamos raciocinar juntos:
1. O TDAH pode cursar com impulsividade. Essa impulsividade faz com que o paciente se precipite em transformar pensamentos e emoções em ações;
2. Essas ações podem ser muito agradáveis e criativas (um abraço apertado fora de hora que, no entanto, é bem vindo; uma atitude de compaixão com desconhecidos na rua etc.);
3. As crianças podem ter a intenção de ser agradáveis e terminarem de forma desastrada (a criança corre para ajudar e derruba o pacote que você tem nas mãos quebrando seu conteúdo, por exemplo) ou de forma perigosa (como subir no telhado da escola para pegar um objeto que alguém deixou cair do edifício ao lado);
4. As crianças podem ser extremamente agressivas. Por exemplo, a criança tem ciúmes do irmão e bate nele com o pretexto mais insignificante ou o paciente sente-se desprezado pela turma e provoca acidentes, intencionalmente, para extravasar seus sentimentos. Neste caso, frente a pessoas ou situações específicas, a impulsividade se manifesta de forma destrutiva.
5. Finalmente, as ações podem refletir o modo como a criança se sente em relação à vida. Se ela se sente rejeitada de maneira geral, passa a rejeitar tudo o que vem do meio. Se isso acontecer de forma sistemática, pode se tornar um transtorno de oposição desafiador.
Chegamos agora no ponto que eu quero abordar:
No TDAH a impulsividade é neurológica e gera a imediata transformação de pensamentos e emoções em atos, mas, o conteúdo dessa impulsividade é psíquico. Dependendo de fatores psicológicos esse conteúdo será: agradável, criativo, desastrado, perigoso, agressivo, desafiador ou opositor. Em última análise, depende de como a criança percebe a própria vida.
A impulsividade deixa aparecer mais facilmente o que o paciente tem dentro de si.
Podemos tratar essa impulsividade com medicamento, homeopático ou alopático, mas tratamos o conteúdo psíquico da impulsividade com terapia psicológica.
É importante ter em mente que se usarmos medicação psicotrópica de forma banalizada corremos o risco de não percebermos o grito de socorro embutido no comportamento agressivo. Preciso ressaltar que o uso talvez exagerado de medicamento psicotrópico para tratar casos de TDAH ocorre frequentemente por pressão de escolas ou famílias. A intenção é boa, mas o resultado pode ser desastroso.

Homeopatia é um tratamento alternativo?

Não. Homeopatia é uma alternativa de tratamento e não um tratamento alternativo. Homeopatia é uma especialidade médica reconhecida e representada na Associação Médica Brasileira.


É melhor tratar TDAH com homeopatia ou alopatia?

Depende. Há vantagens e desvantagens em ambas as abordagens. Algumas já bem conhecidas e documentadas, outras ainda são especulações teóricas ou achados empíricos.
Primeiramente, precisamos lembrar que nosso cérebro, como todo o nosso corpo, utiliza mecanismos de feedback para seu funcionamento e desenvolvimento. Por exemplo, o pâncreas libera insulina na circulação sanguínea quando temos glicose no sangue; para que o cérebro desenvolva o circuito da visão, é preciso haver o estímulo luz; as áreas de associação da audição só se desenvolvem se nós ouvirmos etc. A natureza não desperdiça energia. Generalizando, podemos dizer que só quando precisamos de uma determinada função é que o cérebro desenvolve e aperfeiçoa as sinapses relacionadas a ela.

Agora vamos raciocinar juntos.
Se alguém tem um circuito cerebral imaturo, suas sinapses não estão adequadamente desenvolvidas e, por isso, não haverá transmissão bioquímica das informações de um neurônio para o outro. Se suprirmos esse processo químico com um medicamento que atua nos receptores em que a química endógena não está atuando – e este é o caso do tratamento alopático –, o circuito vai funcionar. Para aqueles pacientes que não têm ou têm poucos efeitos colaterais, isso pode ser quase milagroso, pois a vida muda imediatamente para melhor. O paciente torna-se atento, aprende, tudo melhora. A vantagem para quem se adapta à medicação alopática é a rapidez do efeito, levando a uma melhora significativa na vida escolar, familiar e social.

Já vimos as vantagens do tratamento alopático. Quais são as desvantagens?
Primeiramente, os efeitos colaterais. Estes podem acontecer com qualquer remédio, mais ainda com aqueles que agem diretamente no sistema nervoso central (SNC).
Efeitos colaterais graves não são comuns. Quem receita alopatia procura ser cuidadoso, solicitando avaliação cardiológica e EEG antes de iniciar a medicação. Perda de apetite, com conseqüente diminuição no crescimento e no ganho de peso, são efeitos relativamente comuns.
Devido ao uso de alguns dos remédios para TDAH, transtornos latentes podem passar a ser manifestos, tais como o transtorno obsessivo compulsivo e os tiques múltiplos. Ansiedade e agitação podem aumentar durante o uso ou a abstinência do remédio. Nesse último caso, a família pode optar por ministrar o medicamento inclusive em finais de semana e feriados, quando na verdade deveria ser feita uma pausa. Também pode ocorrer idiossincrasia, com o paciente passando a apresentar apatia e humor depressivo.

Além disso, o organismo tende a desenvolver tolerância ao remédio, sendo necessário o aumento progressivo das doses e, consequentemente, há maior chance de ocorrerem efeitos colaterais. As doses maiores acabam levando à necessidade da administração de outros medicamentos para o controle dos efeitos colaterais, no entanto, esses novos remédios têm, por sua vez, seus próprios efeitos colaterais. No caso de o paciente apresentar comorbidades, pode ser necessário medicá-las também.

É comum eu ser procurada por pais desapontados porque acham seu filho muito diferente do que era antes do início do tratamento alopático. Falam “Ele parece outra criança” ou “Não parece o meu filho” e preferem lidar com os sintomas do TDAH e tentar outra abordagem terapêutica.
É importante lembrar que cada paciente é uma individualidade e tem sua própria maneira de responder aos estímulos químicos. Não devemos ter preconceito quanto ao tratamento alopático, apenas sermos rigorosos quanto à sua indicação e atentos à relação de custo benefício.
Gostaria de ressaltar de que parte dos meus pacientes me procurou por não ter se adaptado ao tratamento alopático. Assim, há um desvio na minha amostragem. Pacientes que evoluem bem quando tratados alopaticamente provavelmente não procuram uma alternativa de tratamento. voltar
Você se referiu anteriormente a desvantagens que são especulações teóricas ou achados empíricos? Quais são?

Essas acontecem com todos os pacientes.
Lembram-se de que o desenvolvimento dos nossos circuitos cerebrais se dá por feedback? Então, o cérebro de quem toma o remédio não discrimina que a substância medicamentosa não foi fabricada pelo próprio corpo e que foi acrescentada através da medicação. Se o organismo está funcionando isso significa que o cérebro está pronto, não há necessidade de amadurecer nada. Quando o paciente interromper o uso do medicamento, verá que sua dificuldade persiste. É por isso que muitos médicos dizem para quem tem TDAH “você não está assim, você é assim”.

E essa afirmação não está correta?

Nem sempre.
Atualmente, existe resistência dentro da medicina em se dar opinião pessoal não corroborada por pesquisa científica. Assim, peço licença para expressar a minha opinião, uma vez que os resultados do tratamento homeopático sugerem uma evolução diferente. Na minha experiência profissional com homeopatia, a maioria dos pacientes melhora progressivamente até o desaparecimento do transtorno e consegue manter seu perfil de personalidade característico sem que isso lhe traga algum prejuízo.

A homeopatia ajuda a amadurecer os circuitos sinápticos imaturos?

Os resultados do tratamento homeopático sugerem que sim. Pode haver sintomas residuais considerados sequelas de personalidade, quando as necessidades de âmbito afetivo-emocional e pedagógico da criança não são contempladas ao longo do seu tratamento. Por isso é de fundamental importância oferecermos ao paciente com TDAH um tratamento multidisciplinar.

Outros médicos homeopatas também têm esse resultado?

Há muitas pesquisas homeopáticas sérias bem sucedidas, publicadas em periódicos respeitados. Algumas apresentam resultados com êxito total, outras com sucesso parcial sugerindo que, assim como no uso da alopatia, o efeito do medicamento desaparece após a interrupção do tratamento.
Atribuo esses resultados ao período de acompanhamento inferior a dois anos nessas publicações. Na minha experiência o tratamento homeopático do TDAH dura muito mais tempo do que isso. Outros motivos possíveis para essa diferença de resultados talvez estejam nas linhas de tratamento homeopático utilizadas nas pesquisas. Esta seria outra discussão muito interessante que, no entanto, não seria adequado realizar neste texto. Para entender o fundamento do tratamento homeopático, leia o manual de homeopatia deste site.

Qual é a vantagem da homeopatia?

O paciente não corre risco dos efeitos colaterais oferecidos pela alopatia e percebe, ao longo do tratamento, uma evolução para auto suficiência, ou seja, não é necessário o acompanhamento para o resto da vida.

Na maioria dos pacientes tratados com homeopatia, observa-se a real melhora do quadro. Ao final do tratamento, que é longo, os pacientes estão com os processos atencionais normalizados e a impulsividade apresentada não assume intensidade que a classifique como um transtorno. Essas pessoas podem manter um perfil de personalidade aberto ao novo, mais ousado, sem que isso constitua uma característica desagradável para si ou para os outros. Pelo contrário, às vezes, é uma grande vantagem.

Preciso ressaltar que essa evolução acontece nos casos bem sucedidos, que são a maioria, porém, há pacientes que não respondem bem à homeopatia e é preciso administrar medicamento alopático.
Na maioria dos casos que não evoluíram bem com o tratamento homeopático, a família ou os próprios pacientes desistiram antes de haver tempo suficiente para que essa evolução acontecesse. Geralmente, eram casos que, a despeito da minha indicação, não eram acompanhados por uma equipe multiprofissional.

Qual a desvantagem do tratamento homeopático?

É a demora dos resultados.
É necessária orientação à escola e à família para que todos colaborem. Precisamos recordar às pessoas que lidam com o paciente que sua melhora é paulatina. Ele deve ser comparado com ele mesmo e não com o resto da turma ou com os irmãos. Sempre que algo desagradável ou preocupante acontecer, devemos comparar a frequência e a gravidade de fatos semelhantes nos últimos meses e no ano anterior. É muito importante valorizar os progressos alcançados!

A demora para se atingir resultados acontece porque a homeopatia é lenta para agir?
Nem sempre.

Um dos motivos é a dificuldade para definir o remédio de fundo do paciente. As pessoas não têm auto conhecimento suficiente para responder de forma adequada às perguntas do médico. Existem mais de 3000 remédios homeopáticos e, muitas vezes, apenas depois de várias consultas e tentativas é possível determinar o medicamento mais adequado.

Depois de definir o remédio de fundo, é preciso realizar ajustes progressivos nas suas potências. A evolução pode ocorrer das seguintes maneiras:

1. A princípio o paciente melhora muito, porém por pouco tempo. O risco, neste caso, é que a família, ao perceber a curta duração dos benefícios, imagine que será sempre assim e abandone o tratamento. Na realidade, a cada nova receita a duração do efeito aumenta. Com a progressão do tratamento os sintomas diminuem cada vez mais e a melhora persiste por tempo cada vez mais longo. Quando ele conseguir ficar muito tempo bem com a mesma receita programamos a retirada lenta da medicação, até que ele tenha condições de alta.

2. A melhora é pequena e gradual. O paciente melhora um pouco a cada receita e só após algum tempo de tratamento ele apresenta um resultado animador. Nessa situação, o risco é que a família e a escola não tenham paciência ou condições de esperar uma melhora satisfatória.

Esses resultados são conhecidos pelos médicos em geral?

No Brasil, acredito que não. No nosso país, não existe uma cultura de se incluir o raciocínio homeopático ao lidarmos com quadros neurológicos. De maneira geral, homeopatia não é ensinada em cursos de graduação e o paradigma da ciência oficial não abarca os conceitos filosóficos que dão suporte ao raciocínio médico homeopático. Apesar de existirem muitas pesquisas comprovando a utilidade da homeopatia no TDAH, a maioria dos colegas não lê sobre isso ou cita apenas os trabalhos que não obtiveram sucesso.

Como fica a vida escolar e social do paciente durante o período inicial do tratamento homeopático, antes de ocorrer uma melhora clínica consistente?

Depende do paciente. Alguns apresentam melhora suficiente e consideram sua vida satisfatória apenas com o tratamento homeopático e com acompanhamento psicológico. Se houver comorbidade na área da linguagem ou na pedagógica, o paciente precisará de tratamento fonoaudiológico e/ou psicopedagógico. Outras vezes, é necessário fazer psicomotricidade etc. Há pacientes que necessitam de acompanhamento terapêutico dentro da própria escola. Quanto maior o número das comorbidades, maior é a necessidade de atenção multiprofissional.

E a terapia psicológica? Existe uma linha teórica ideal?

Depende do caso. A terapia cognitiva comportamental é de grande utilidade para ensinar estratégias para que o paciente possa lidar com suas dificuldades. Geralmente, é uma terapia mais objetiva e de duração curta. Porém, às vezes, os pacientes têm um comprometimento afetivo e emocional em uma esfera mais profunda e eu opto por indicar uma terapia psicodinâmica. Quando os comportamentos defensivos estão muito sólidos, é preciso cuidar desse sofrimento psíquico para que as outras abordagens fluam, para que a criança se arrisque a tentar, ouse aprender. Frequentemente é útil complementar um trabalho com outro.

O que você aconselha para pais que precisam decidir sobre qual tratamento escolher?

Procurem se informar sobre o assunto em várias fontes diferentes.
Levem em consideração o que sabem sobre o assunto e escolham um prhttp://www.dradenisemenezes.com/artigo_convTDAH.htmlofissional indicado por alguém competente para fazer tal indicação e que tenha uma abordagem que faça sentido para os pais.
Confiem no profissional escolhido relatando todas as dificuldades encontradas no percurso. Qualquer que seja a linha de tratamento escolhida, o trabalho é longo e construído dia após dia.
Por fim, não tenham medo de mudar de opção quando as evidências e a consciência assim pedirem. Todos os caminhos têm suas vantagens e desvantagens e, às vezes, só caminhando é possível saber se a opção escolhida estava correta.

Síndrome do Déficit de Atenção


Este artigo foi retirado da homepage de Christiane Araújo Angelotti – http://www.angelotti.eti.br/fono/ Christiane Araújo Angelotti

1- Introdução
Grande parte das queixas relatadas na clínica fonoaudiológica referem-se à problemas de aprendizagem e/ou atraso no desenvolvimento e aquisição da linguagem. Muitas vezes essas queixas associadas à outros sintomas constituem um quadro mais complexo, a Síndrome do Déficit de Atenção.

No relato da maioria dos responsáveis por estes pacientes, em geral crianças, estão presentes sintomas como: hiperatividade, distúrbios de atenção, incoordenação motora, distúrbios de fala e outros.
É comum os pais relatarem que os seus filhos "não param quietos, são desatentos, parecem estar sempre no "mundo da lua", distraídos, muito ativos, bagunceiros etc".
A investigação por parte dos médicos, fonoaudiólogos, psicólogos e outros profissionais, que recebem esse tipo de queixa na clínica é fundamental para constituir o diagnóstico diferencial do paciente.

2-Histórico
Um dos primeiros autores a escrever sobre a Síndrome do Déficit de Atenção, foi Dupré, que durante a Primeira Guerra Mundial descreveu um quadro sintomático intitulado: "Debilité Motrice", e que na época, passou meio desapercebido.

Anos depois, em 1947, Strauss e Lehtinen definiram esse quadro de sintomas de "Lesão Cerebral Mínima", acreditando assim existir uma pequena lesão cerebral.

Em 1962, no simpósio de Oxford, foi oficializada a expressão "Disfunção Cerebral Mínima", já que a hipótese da existência de uma lesão cerebral mínima não tenha sido comprovada.

No ano de 1966, um grupo de estudos organizado pela National Society for Crippled Children and Adults, NINDB, deram a seguinte conceituação à Disfunção Cerebral Mínima ( in Paine, 1968 ): "As categorias diagnóstica e descritiva incluídas no termo Disfunção Cerebral Mínima, referem-se à crianças com inteligência próxima ou superior à média, com problemas de aprendizado e/ou certos distúrbios de comportamento de grau leve à severo. associados a discretos desvios de funcionamento do Sistema Nervoso Central, SNC.

Esses podem ser caracterizados por variadas combinações de déficits na percepção, conceituação , linguagem, memória e controle da atenção, dos impulsos nervosos ou da função motora. Sintomas similares podem ou não complicar o quadro de crianças com paralisia cerebral, epilepsia, retardo mental, cegueira ou surdez.

Essas aberrações podem originar-se de variações genéticas, irregularidades bioquímicas, sofrimento perinatal, moléstias ou traumas sofridos durante os anos críticos para o desenvolvimento e maturação do Sistema Nervoso Central ou de causas desconhecidas.

A definição também admite a possibilidade de que a privação severa ou um trauma, ocorrido precocemente, podem resultar em alterações do Sistema Nervoso Central, possivelmente permanentes. Durante os anos escolares, uma variedade de dificuldades especiais de aprendizagem constituem as mais importantes manifestações da condição que é designada por esse termo".

Após esta conceituação, ocorreram estudos no campo da neuroquímica que trouxeram contribuições para a patogenia da Disfunção Cerebral Mínima. A partir de então, novas propostas foram elaboradas para precisar o conceito de DCM.

Durante as décadas de 60 e 70, a denominação DCM foi considerada e empregada para designar um conjunto de sinais e sintomas como: alteração motora, distúrbio de conduta, distúrbio de aprendizagem, distúrbio de atenção.

Em 1.980, a Associação Psiquiátrica Americana propôs uma nova denominação, para uniformizar o conceito, não utilizando mais a antiga DCM e hiperatividade, mas Síndrome do Déficit de Atenção.
Esta mudança ocorreu para englobar tanto a hiperatividade como os demais sintomas, também por não se tratar de uma disfunção propriamente dita e sim uma falta de maturação do Sistema Nervoso Central que tende a amenizar com o passar dos anos.

3-Etiologia e Sintomas
A etiologia da Síndrome do Déficit de Atenção, abrange alterações neurológicas facilmente confundidas com distúrbios emocionais específicos e autismo.
Entre as alterações neurológicas ligadas à Síndrome do Déficit de Atenção ( SDA ), pode-se destacar a imaturidade neurológica difusa e a perturbação quanto aos neurotransmissores químicos.
Todos os estímulos que a todo momento "bombardeiam" nosso cérebro, passam pela formação Reticular ( área localizada no tronco Cerebral ), esta determina os estímulos que irão tornar-se conscientes, atingindo assim o Córtex.

Na formação Reticular existe um agregado de neurônios ,separados por uma rede de fibras nervosas que ocupam a parte central do Tronco Cerebral. Nesta área existe um grande número de núcleos ricos em neurotransmissores destacando-se as monoaminas como serotonina, noradrenalina, dopamina.
Entre as funções da Formação Reticular, pode-se destacar o controle da atividade elétrica cortical, Sono e Vigília; controle eferente da sensibilidade ; controle da motricidade somática ; controle do sistema Nervoso autônomo ; controle neuro-endócrino ; integração de reflexos, centro respiratório e vasomotor.

A integridade das funções de tal área depende da maturação do Sistema Nervoso Central, consequentemente também da estimulação a qual a criança é submetida. Quando esta maturação está atrasada, a criança apresenta a desatenção, que é o principal sintoma desta Síndrome.
Outros Sintomas que constituem o quadro da SDA são: a hiperatividade, a incoordenação motora e falta de equilíbrio, distúrbios de fala, alterações de sensibilidade, distúrbios de comportamento e dificuldades escolares, que serão discutidos a seguir.

4-Sintomas
Hiperatividade - é uma atividade motora intensa, composta por movimentos involuntários, associados aos movimentos voluntários, os quais a criança não consegue controlar. Muitas vezes essa movimentação intensa é acompanhada por hiperatividade verbal ou ideativa . A criança com hiperatividade possui assim, um aumento na atividade motora. Um exemplo disso, seria quando colocamos uma criança com hiperatividade em frente a um aparelho de televisão; com freqüência mantém-se inquieta, movimenta-se constantemente, distrai-se facilmente . A hiperatividade presente na vida motora da criança, também está presente na sua atividade cognitiva, a mesma não consegue concentrar-se e distrai-se facilmente com vários estímulos os quais é submetida . Incoordenação Motora e Falta de Equilíbrio - são funções dependentes da maturação do Cerebelo. Como esta maturação não está presente na maioria das crianças portadoras da Síndrome do Déficit de Atenção, elas possuem uma incoordenação motora e falta de equilíbrio, sendo crianças caracterizadas pelos pais como "estabanadas", derrubam objetos, caem com maior freqüência . Sensibilidade - ocorre devido o atraso na maturação das áreas do cérebro que comandam as noções de esquema corporal e praxias. As crianças com SDA possuem uma certa dificuldade gnósicas ( como de localização corporal ) e alteração de sensibilidade. Sendo assim, essas crianças ao sofrerem algum tipo de ferimento demoram mais para percebe-lo, e na maioria das vezes nem sabem como ocorreu . São crianças mais expostas a situações de risco por não possuírem exata consciência de perigo.
Distúrbios da fala - freqüentemente são encontrados atraso na aquisição e desenvolvimento da linguagem, fato que pode ocorrer devido à dificuldade de atenção e à lentidão em ultrapassar as etapas do desenvolvimento da linguagem oral.

Ocorrem também, com freqüência, alterações fonemicas sistemáticas ( como omissões; substituições ), devido a imaturidade dos mecanismos articulatórios . Os distúrbios de ritmo também são encontrados, como a taquilalia. Podem ocorrer também a gagueira ou o clutter( variações na aceleração da fala, algumas vezes com caracter de jargão, sugestivo a dificuldade na elaboração da linguagem e mecanismos articulatórios. Tais alterações são difíceis de serem reconhecidas como um problema primário ou efeito de um problema emocional, associado a um quadro inicial de SDA.
Distúrbios de comportamento - A criança com SDA, pode possuir maior tendência em apresentar problemas emocionais, pois devido sua hiperatividade e todo o seu quadro sintomático pode a vir a gerar alguma alteração de comportamento.

São crianças tidas como "desligadas", "inquietas", "desajeitadas", sendo na maioria das vezes rejeitadas pela sociedade. Muitas vezes, os próprios pais não sabendo como lidar com o " temperamento difícil da criança", acabam tornando-se displicentes.
Devido a rejeição a qual é submetida, a criança pode desenvolver quadros de introversão e agressão variados.

Inteligência
Não existem dados que comprovem que a inteligência da criança com SDA não seja normal, exceto quando existir associação de outros distúrbios neurológicos.
Distúrbio de aprendizagem : A aprendizagem da criança com SDA é bastante prejudicada devido a dificuldade de concentração.

Durante a idade escolar, a criança é considerada como diferente, indisciplinada , já que costuma manter-se agitada o tempo inteiro, distrai-se com facilidade pela existência de inúmeros estímulos . Portanto, as crianças com SDA são "crianças problemas" na escola, com muita dificuldade na aprendizagem, principalmente devido às alterações de atenção e conseqüentemente concentração.

5-Diagnóstico Diferencial
Existem algumas patologias com uma sintomatologia semelhante à SDA. Por isso, em alguns momentos, torna-se difícil um diagnóstico diferencial.

A seguir será feito um paralelo entre a SDA e outras patologias . Problemas Psicológicos Graves - Nesses tipos de distúrbios, a criança geralmente possui hiperatividade. Porém, uma das diferenças encontradas que a difere da criança com SDA é que esta hiperatividade cessa em alguns momentos, principalmente quando a criança se encontra em situações novas ou difíceis. Quando, por exemplo, uma criança vai a casa de um desconhecido, ela procura, primeiramente , reconhecer o ambiente e as pessoas. Enquanto a criança com SDA, já entra no ambiente mexendo em tudo, inquieta, sobe e desce escadas... Autismo- O que difere a criança autista da criança com SDA é o tipo de hiperatividade.
Na criança autista a hiperatividade é na maioria das vezes esteriotipadas, ritmada e repetitiva, ou seja, sempre com os mesmos movimentos numa mesma seqüência. Em alguns momentos a hiperatividade cessa para dar lugar a outras atitudes como por exemplo o choro, o riso, outras expressões faciais, etc.Enquanto que na criança com SDA, a hiperatividade não cessa nunca, nem para dar lugar a outros comportamentos.Deficiência Auditiva - Este diagnóstico diferencial é muito importante, pois muitas vezes a mãe traz a queixa de que a criança " não escuta bem", ou "não presta atenção quando os outros falam com ela" e quando submetida á avaliação audiológica não é detectada uma alteração auditiva.

É nesse momento que o profissional pode suspeitar da SDA, principalmente se a avaliação audiológica for normal, somada a sintomas como hiperatividade e dificuldades escolares.Esta criança pode apresentar uma audiometria normal e queixa por parte dos pais de que ela "não escuta direito", tanto devido a dificuldades na seleção dos estímulos, devido a falta de maturidade do SNC ,especialmente da formação reticular, quanto por uma dificuldade no cumprimento das etapas do processamento auditivo central( principalmente a atenção) . Dislexia -Em crianças com SDA comumente, pode-se encontrar como foi dito anteriormente, quadros de disgrafia, discalculia e dislexia( dificuldade para ler e escrever).A disgrafia deve-se em geral à incoordenação motora. A discalculia pode ser proveniente da dificuldade que a criança possui da noção de equivalência quantitativa. A dislexia deve-se a dificuldade de concentração e reconhecimento dos símbolos gráficos . Contudo, é importante ser feito o diagnóstico diferencial da criança com dislexia e da criança com SDA e sintoma de dislexia . O paciente disléxico tem dificuldades de reconhecimento estritamente relacionados com símbolos gráficos, porém não possui falhas de concentração e atenção como nos pacientes com SDA.

Um exemplo disso, é que uma criança com dislexia tem dificuldade na escrita, mas é capaz de realizar um jogo sem dificuldades em prestar atenção nas regras que envolvem o mesmo. Enquanto a criança com SDA possuirá dificuldade em perceber as regras, e manter atenção para tal atividade . Deficiência Mental-A criança portadora de deficiência mental possui seu desenvolvimento intelectual prejudicado, o que a impede em alguns momentos de realizar determinadas atividades, ou seja, ela é incapaz de entender, por exemplo, regras de jogos mais complexos . Enquanto a criança com SDA, não é incapaz por ter função intelectual prejudicada ou deficiente, mas por ter dificuldade no campo da atenção.A criança com Deficiência Mental na maioria das vezes pode não apresentar uma hiperatividade, mas sim um estado de agitação.Outra característica da criança com deficiência mental é o quadro de hipotonia que a acompanha . Afasia de Evolução - o que a diferencia da SDA é principalmente a existência de uma lesão cerebral, o que não acontece na SDA.

6-Tratamento
Sempre houve muita discussão em torno do tratamento das crianças com SDA. Inicialmente, os neuropediatras acreditavam que o tratamento à base de calmantes e sedativos seria mais eficaz. Porém, foi observado que tais drogas de ação sedativa agravavam os sintomas . Após estudos, iniciou-se o tratamento com substâncias estimulantes do Sistema Nervoso Central, e que nas crianças com SDA estão deficitárias, substâncias como a anfetamina, que possui composição semelhante às monoaminas, presentes no SNC. Tais substâncias são responsáveis pela condução dos impulsos nervosos até o Córtex Cerebral.; porém a eficácia do tratamento deu-se apenas em parte dos casos . Desde a década de 70 vem sendo pesquisados os efeitos de outras drogas como a cafeína, usada como estimulante do SNC em crianças com SDA.O uso da cafeína em substituição à anfetamina, embora com efeito bem menor que esta, deve-se ao fato da rígida legislação de controle do uso de anfetaminas, e ao custo do tratamento . 

A cafeína quando administrada terapeuticamente, em dosagem prescrita, promove a acentuação do estado de atenção Nestes estudos não foi evidenciada uma melhora significativa diretamente relacionada no tratamento de crianças com SDA.Atualmente discute-se o tratamento medicamentoso em pacientes com SDA. Segundo estudos, parte dos pacientes com DAS necessitam do tratamento medicamentoso associado à terapia interdisciplinar, devido a presença de intensa hiperatividade. Outros pacientes conseguem melhora significativa somente com terapia interdisciplinar( fonoaudiólogos, psicomotrista, psicólogos, terapeutas ocupacionais etc) . 

A terapia não medicamentosa, deverá ter como objetivo principal, desenvolver a atenção e concentração da criança. Para que esse objetivo seja alcançado é necessário que o terapeuta tenha alguns cuidados como: a quantidade de estímulos presentes na sala de terapia, o número de estímulos apresentados para a criança, o interesse dela na atividade proposta e o tempo de duração da terapia.Ambiente da sala- A sala de terapia deverá conter pouca quantidade de estímulos visuais, para que os mesmos não distraiam a criança durante a terapia . Número de estímulos- não adianta a apresentação de grande número de estímulos, vários jogos e brinquedos ao mesmo tempo. Deve-se ter o cuidado de apresentar um estimulo por vez, para que a criança mantenha o interesse e a atenção por mais tempo possível . Interesse na atividade proposta- a atividade proposta deverá ser adequada à idade e aos interesses da criança, às suas experiências pessoais, para que as mesmas possam tornar-se mais interessantes e proporcionarem maior possibilidade de concentração .

 Duração da terapia- A principio não adianta estabelecer tempo para a terapia, pois provavelmente a criança não terá condição de manter sua atenção por toda a sessão. Para a melhor evolução da terapia, o tempo de duração de cada sessão deverá aumentar gradualmente de acordo com as condições de atenção da criança . Além desses cuidados, o trabalho com a atenção deverá ser realizado também através de abordagens de percepção auditiva, percepção visual, orientação de espaço e tempo, orientação corporal, coordenação motora . Essas percepções podem ser desenvolvidas também através do trabalho com ritmo, discriminação, percepção visual, entre outros. A coordenação motora poderá ser melhor trabalhada na terapia de psicomotricidade. 

Reprodução parcial ou integral do texto permitida com a devida citação da fonte.
No texto: " Síndrome do Déficit de Atenção" a autora contou com a colaboração ,na Parte I ,das Fonoaudiólogas: Kátia Meneghetti e Dinorah Q. L de Vita no ano de 1996.