Livro narra depoimento de um pai sobre os sinais de autismo
Giovani
era o bebê que todos os pais gostariam de ter. Falo dos pais
contemporâneos que se dividem entre o trabalho, o cuidado dos filhos e
seus projetos pessoais. Calmo, silencioso e com pouca propensão a
chorar, Giovani era capaz de passar horas brincando sozinho, folheando
um livro ou vendo televisão sem solicitar a atenção de seus pais. Em
outras palavras, diferentemente da maioria das crianças, o garoto pouco
demandava de seus pais, produzindo neles uma sensação de conforto e
tranquilidade bastante atípica para quem estava cuidando de um bebê com
poucos meses de vida. Essa sensação, todavia, não durou muito tempo.
Seu pai, Francisco Paiva Junior,
dono de uma aguçada capacidade de observação própria da profissão de
jornalista, logo notou que além de ser excessivamente calmo para um
bebê, Giovani apresentava outros comportamentos que o distinguiam da
maioria das crianças: não utilizava os brinquedos de acordo com a função
para a qual haviam sido feitos (carrinhos, por exemplo, eram jogados ou
chutados como bolas); repetia durante um bom tempo uma mesma ação, como
levantar até a altura do rosto uma peça de um jogo de montar e depois
deixá-la cair; dificilmente atendia ao ser chamado por seu nome; não
olhava nos olhos de ninguém etc.