sexta-feira, 12 de agosto de 2011

À procura de voluntários para brincar com autista



À procura de voluntários para brincar com autista

Alto Minho
 “O que nós pedimos é que as pessoas disponibilizem uma hora por semana do seu tempo para virem brincar, na nossa casa, com o nosso filho, nada mais que isso”, disse, à Agência Lusa, a mãe do Marco, um menino que este mês completa cinco anos.

Segundo Cristina Meinier, neste momento já há 27 voluntários inscritos para brincarem com o Marco, o que é insuficiente para assegurar as oito horas de brincadeira que a criança deve ter por dia.“Temos tido dificuldade em encontrar mais gente, e mesmo alguns dos que se ofereceram faltam bastante”, admitiu a mãe.

Os pais fizeram formação em França para tratar do filho, a quem estão a aplicar o chamado “método 3 i”: intensivo, individual e interactivo.
“Agora, somos nós que ministramos uma formação de duas horas às pessoas que se disponibilizem para viirbrincar com o Marco, para que a terapia seja correctamente aplicada. Mas, no fundo, o que se pretende é que eles brinquem com ele”, acrescentou Cristina Meinier.

“Podem ser de qualquer faixa etária”

O Marco tem em casa uma sala de jogo, com uma bola gigante, um escorrega, um baloiço, livros, puzzles e outros brinquedos, estando agora à procura de amigos para a brincadeira.
Os voluntários podem ser “de qualquer faixa etária”, tendo apenas de ter capacidade de entender e assimilar a formação prévia que lhes é ministrada pelos pais e aplicá-la nos moldes correctos.

Dos inscritos, há gente com mais de 60 anos, mas há também jovens na casa dos 20.
“O importante é que gostem de brincar”, acentuou a mãe do Marco. O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento, uma alteração que afecta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento.

Entrevista com Tonny Attwood



Entrevista com Tony Attwood


Entrevista com o Dr. Tony Attwood em Looking Up Autism




O Dr. Tony Attwood é um psicólogo clínico de Queensland, Austrália, sendo conhecido por todos como o maior especialista do mundo sobre a síndrome de Asperger. Adam Feinstein falou com ele em Melbourne.




ADAM FEINSTEIN: A síndrome de Asperger só foi reconhecida recentemente como um transtorno específico. O que pensa que tenham sido os grandes avanços na nossa compreensão da doença nos últimos 30 anos, desde que o artigo de Hans Asperger em 1944 foi traduzido para o Inglês?


Tony Attwood: Eu penso que os principais avanços vêm não da literatura de investigação, mas a partir de conversas e debates com aqueles que têm síndrome de Asperger, lendo as suas autobiografias e não os livros e textos científicos. O meu maior conhecimento dos Aspergers vem dos que o tem. Outro grande avanço é o reconhecimento dos desafios que eles enfrentam, e alguma forma de ajudá-los a ultrapassar. O que também pode estar a ocorrer é uma mudança de atitude em relação a essas atitudes e, espero, uma maior ênfase nos seus talentos ao invés dos seus déficits.


ADAM FEINSTEIN Costumava-se pensar que os indivíduos com síndrome de Asperger tinham um domínio normal da linguagem e que esta, na verdade, era uma das características que distinguem os Aspergers do autismo. Sabemos agora que a linguagem utilizada por pessoas com Asperger geralmente é afectada, não normal. Falei com Lorna Wing no Reino Unido sobre o uso da linguagem em crianças autistas, que, tal como meu filho, perderam o seu discurso, e concordo com Lorna de que a natureza dessa linguagem era anti-social. A minha pergunta é esta: é a línguagem utilizada por pessoas com Asperger decididamente anti-sociail? É a sua obsessão em falar de dinossauros ou lâmpadas ou Winston Churchill uma tentativa deliberada de evitar uma interação social significativa?


Tony Attwood: Tem aí muitas perguntas. Vou respondê-las uma a uma. O perfil de linguagem na síndrome de Asperger é diferente. Acredito ser irrelevante que tenham ou não tido atraso na linguagem quando eram crianças. O importante é como eles usam a linguagem num contexto social. A arte da conversação é algo em que eles não são naturalmente qualificados. Além disso, eles não são hábeis em traduzir os seus pensamentos para voz. E muitas vezes os seus pensamentos podem ser visualizações, ou conceitos que não são fáceis de transportar para a comunicação falada, mas que podem ser transmitidas através de comunicação escrita, em e-mails, desenhos, etc Mas num contexto social existem problemas nos aspectos pragmáticos da linguagem - especialmente na conversa social. Também pode haver dificuldades em relação a serem um tanto pedantes, com bastante prosódia, e com o não pereceberem pistas. Mas certamente quando eu, como clínico, socializar linguisticamente com alguém com a síndrome de Asperger, ele tende, do seu ponto de vista, a ser um pouco artificial, forjado, elaborado e desajeitado. No entanto, quando você começa a falar acerca dos interesses especiais dele, então a sua eloquência, fluência e entusiasmo pode ser cativantes. Assim, com a fala, depende do que é que se está a falar.


ADAM FEINSTEIN: No caso das crianças que perderam a linguagem, alguns recomeçaram a falar. Nunca vi esta pergunta respondida, aqui vai. Será que algum desses indivíduos recuperam um nível suficiente de linguagem para garantir um diagnóstico de síndrome de Asperger? Isso já


Tony Attwood: Até ao momento, nós não analisamos exaustivamente o desenvolvimento longitudinal de quem tem autismo de início tardio: aqueles que, tanto quanto podemos dizer, têm um desenvolvimento relativamente normal e, seguidamente, perdem não só habilidades linguísticas como as habilidades sociais e de brincar. Algumas dessas crianças podem - talvez dois, três ou quatro mais tarde - recuperar algum do seu discurso e ir além do nível que tinha atingido antes de este começar a desaparecer. Nós realmente não sabemos se estes grupos têm um prognóstico distinto, mas eu sei que algumas pessoas que perdem a fala podem mais tarde recuperá-la e passar para a descrição da síndrome de Asperger em vez de autismo clássico de Leo Kanner.


ADAM FEINSTEIN: Na controversa questão do autismo de alto funcionamento versus síndrome de Asperger, que continua a provocar acalorado debate, talvez eu possa ter interpretado mal uma parte da sua palestra aqui em Melbourne ontem, quando você disse que havia uma cura simples para Asperger: basta deixar a criança no seu quarto sozinha! A minha experiência ao conhecer pessoas com Asperger é que, no seu conjunto, eles tendem a querer fazer amigos, e sentem uma certa vergonha, até mesmo dor, de que não podem. Você concorda?


Tony Attwood: O que eu quis dizer com o meu comentário sobre como resolver o autismo ou a síndrome de Asperger era que, caso você mantenha a pessoa sozinha, sem ninguém para socializar ou comunicar, você permite que a criança faça o que bem quiser. Noutras palavras, os sintomas de autismo ou de Asperger são proporcionais ao número de pessoas presentes a observar o que eles estão fazendo. No entanto, há aqueles com autismo clássico, que pode preferir ter uma vida de solidão, enquanto há outros que, quer pelo nível de capacidade ou de caráter, pode optar por tentar socializar com os outras pessoas. É então nesse momento que eles vivenciam essa confusão e fracasso. Isso preocupa –me porque os custos psicológicos para esses indivíduos podem ser enormes. Os pais podem estar preocupados com a criança isolada querer, metaforicamente, construir uma ponte entre eles e outros. Mas a descrição é que eles atravessaram a ponte e não havia ninguém para atender ou recebê-los do outro lado. É quando eles podem ficar bastante melancólicos, porque querem ter amigos, querem fazer parte de um grupo social. Eles estão conscientes das suas diferenças, e isto pode levar a reações de depressão, negação, arrogância, a raiva - reações emocionais intensas.


ADAM FEINSTEIN: Na minha experiência, aqueles com diagnóstico de autismo de alto funcionamento não parecem ter, no seu conjunto, a mesma forma de fazer amigos e assim não sentem as emoções intensas como a depressão ou melancolia que você mencionou - ou isto é demasiado simplista?




Tony Attwood: Uma das coisas que eu noto é que aqueles que foram diagnosticados com autismo clássico quando eram mais jovens - tinham grandes problemas com a socialização, comunicação e jogo - evoluíram para um nível em que eles e outros os vêem como um enorme sucesso. Eles são agora capazes de realizar coisas que antes nunca teriam pensado ser possível. Então, eles estão felizes com aquilo com que se podem comparar. Mas aqueles com síndrome de Asperger, que se comparam com o neurotípico terá mais depressão e desânimo. Então, muitas vezes, as pessoas com autismo clássico, que evoluíram com sucesso para o autismo de alto funcionamento são felizes, e as pessoas vão vê-los como um sucesso.


ADAM FEINSTEIN: Mas você é bem conhecido por afirmar que não há distinção realmente válido entre autismo de alto funcionamento e síndrome de Asperger, não é?


Tony Attwood: A minha opinião é que, se não tivermos cuidado, vamos ter uma visão "autista" de autismo. Nós estamos a caminhar para um excesso de foco nos detalhes minúsculos e perder a grande figura. Estamos sempre a ter um olhar de imediato para as diferenças, ao invés das semelhanças. Eu acho que, a um nível clínico comportamental, e com o que os pais dizem, são mais parecidos do que diferentes. Pode muito bem haver estudos acadêmicos que sugerem que pode haver diferenças entre os dois grupos em alguns aspectos. No entanto, penso que este é um interesse mais acadêmico do que prático, pois quando se trata de socialização, comunicação, integração da comunidade, etc, existem mais semelhanças do que diferenças.


ADAM FEINSTEIN: Então você concorda que as pessoas com autismo de alto funcionamento são menos orientada para fazer amigos do que aqueles com síndrome de Asperger?


Tony Attwood: Eu penso que, quando estamos olhando para a unidade de amizade em autismo de alto funcionamento e de Asperger, isso também depende da personalidade do indivíduo. Alguns com habilidades muito limitadas estão desesperados para se relacionar com os outros. Enquanto outras pessoas que tenham uma comunicação notável e habilidades sociais, escolhem o isolamento devido ao seu caráter. Portanto, temos de olhar para a personalidade, tanto quanto para a expressão de diagnóstico.


ADAM FEINSTEIN: Você concorda com a Dra Rita Jordan, quando ela disse aqui em Melbourne esta manhã que havia perigo de que, no nosso reconhecimento de grupos de alto funcionamento com autismo, que tendamos a ignorar o autismo entre aqueles com profundas dificuldades de aprendizagem?


Tony Attwood: O que acontece é que há sempre uma moda ou tendência no autismo. Durante vários anos, houve uma repentina da exploração da "nova biologia", à medida que nos afastávamos do modelo psicogênico. Depois ficamos encantados tão com o modelo de linguagem. De seguida, desenvolveu-se a a Teoria da Mente nas áreas sociais e cognitiva. A nossa mais nova área de exploração é a síndrome de Asperger. Mas não devemos perder de vista todo o espectro, ou o contínuum, e negligenciar relativamente aqueles que são mais desafiados pelo seu autismo - talvez com menos mecanismos de enfrentamento. O que eu espero é que nosso conhecimento das pessoas com síndrome de Asperger - porque podemos falar com eles sobre seus sentimentos e experiências mais eloqüente - pode ser de grande utilidade para aqueles que são menos capazes de se comunicar. Então eu acho que vale a pena explorar a extremidade superior do espectro autístico, a fim de ser capaz de desenvolver estratégias para aqueles que têm maiores problemas.

Criatividade no brincar

Olá pessoal, eu preciso sempre atualizar esse blog para que vocês possam saber as novidades diárias de uma TO que se vira nos 30. Viro, reviro, transformo, inverto o olhar, olho de cabeça para baixo, olho por cima e por baixo e então DESCUBRO, YEBAAA!!!!!   coisas novas em lances velhos.
Leio nos grupos que várias mães e pais são divertidos e animados e criam brincadeiras para seus filhos. Muitos pais também que falam que não são criativos ou que sempre foram,  mas estão bloqueados e quando tem que bolar alguma brincadeira….travam.
Criatividade é uma palavrinha interessante que parece que tem “dono certo”, algumas pessoas acham que não são criativas e que isso é um dom ou um presente que poucos recebem.
Saibam que TODOS NÓS nascemos criativos e fomos crianças livres de regras para brincar e descobrir. Então vamos crescendo e aprendendo coisas novas,  associando com outras coisas e descobrindo outras tantas e vamos brincando,  criando,  inventando e adquirindo conhecimento. Reinventamos nossas brincadeiras com grande facilidade.
E o que acontece quando crescemos? Para onde foi tudo isso?
A  criatividade está adormecida ou está com receio de ser externalizada. O conhecimento das coisas bloqueia e  impede o pensar inovador ou a aceitação de experiências novas. Ás vezes é preciso desaprender para inovar.
Identificamos alguns entre tantos  vilões: “O julgamento,  o medo de ser diferente,  a idéia fixa”
Então aquela idéia nova, tão legal, tão divertida e animada que você criou….PUFF!    se torna algo comum, fácil de ser aceita, uma tarefa corriqueira   E  novamente caímos  na armadilha cerebral do mais simples….A MESMICE.  Usar criativamente nosso cérebro para solucionar problemas é uma metodologia eficaz do pensar. não apenas para criar brincadeiras novas para nossas crianças que estão autistas mas para ser utilizada em vários palcos de nossas vidas.
Brincar com uma criança que está autista é maravilhoso !
Saber o que fazer quando a criança te olha nos olhos é um diferencial entre pessoas.
Ter um olhar “esperto”para o interesse e para a motivação da criança  é voltar à prancheta e pensar e repensar o que observamos.
É necessário disciplina para planejar o programa de uma criança e com atitudes de indisciplina o criamos. CRIATIVIDADE É A DISCIPLINA DA INDISCIPLINA.
Difícil??? Estou te fazendo um convite,  Venha conhecer o país HOPESKIN.
 WORK PLAY AUTISMO ENCANTA em São Paulo
dias 26 e 27 de agosto ( sexta e sábado)
dias 23 e 25 de setembro (sábado e domingo)

Construindo o saber

POR ELLEN NOTTOHM (TRADUÇÃO LIVRE - ANDRÉA SIMON)




1) ANTES DE TUDO EU SOU UMA CRIANÇA. EU TENHO AUTISMO. EU NÃO SOU SOMENTE "AUTISTA". O MEU AUTISMO É SÓ UM ASPECTO DO MEU CARÁTER. NÃO ME DEFINE COMO PESSOA. VOCÊ É UMA PESSOA COM PENSAMENTOS, SENTIMENTOS E TALENTOS. OU VOCÊ É SOMENTE GORDO, MAGRO, ALTO, BAIXO, MÍOPE. TALVEZ ESTAS SEJAM ALGUMAS COISAS QUE EU PERCEBA QUANDO CONHECER VOCÊ, MAS ISSO NÃO É NECESSARIAMENTE O QUE VOCÊ É. SENDO UM ADULTO, VOCÊ TEM ALGUM CONTROLE DE COMO SE AUTO-DEFINE. SE QUER EXCLUIR UMA CARACTERÍSTICA, PODE SE EXPRESSAR DE MANEIRA DIFERENTE. SENDO CRIANÇA EU AINDA ESTOU DESCOBRINDO. NEM VOCÊ OU EU PODEMOS SABER DO QUE EU SOU CAPAZ. DEFINIR-ME SOMENTE POR UMA CARACTERÍSTICA, ACABA-SE CORRENDO O RISCO DE MANTER EXPECTATIVAS QUE SERÃO PEQUENAS PARA MIM. E SE EU SINTO QUE VOCÊ ACHA QUE NÃO POSSO FAZER ALGO, A MINHA RESPOSTA NATURALMENTE SERÁ: PARA QUE TENTAR?



2)A MINHA PERCEPÇÃO SENSORIAL É DESORDENADA. INTERAÇÃO SENSORIAL PODE SER O ASPECTO MAIS DIFÍCIL PARA SE COMPREENDER O AUTISMO. QUER DIZER QUE SENTIDOS ORDINÁRIOS COMO AUDIÇÃO, OLFATO, PALADAR, TOQUE, SENSAÇÕES QUE PASSAM DESAPERCEBIDAS NO SEU DIA A DIA PODEM SER DOLORIDAS PARA MIM. O AMBIENTE EM QUE EU VIVO PODE SER HOSTIL PARA MIM. EU POSSO PARECER DISTRAÍDO OU EM OUTRO PLANETA, MAS EU SÓ ESTOU TENTANDO ME DEFENDER. VOU EXPLICAR O PORQUÊ UMA SIMPLES IDA AO MERCADO PODE SER UM INFERNO PARA MIM: A MINHA AUDIÇÃO PODE SER MUITO SENSÍVEL. MUITAS PESSOAS PODEM ESTAR FALANDO AO MESMO TEMPO, MÚSICA, ANÚNCIOS, BARULHO DA CAIXA REGISTRADORA, CELULARES TOCANDO, CRIANÇAS CHORANDO, PESSOAS TOSSINDO, LUZES FLUORESCENTES. O MEU CÉREBRO NÃO PODE ASSIMILAR TODAS ESTAS INFORMAÇÕES, PROVOCANDO EM MIM UMA PERDA DE CONTROLE. O MEU OLFATO PODE SER MUITO SENSÍVEL. O PEIXE QUE ESTÁ À VENDA NA PEIXARIA NÃO ESTÁ FRESCO. A PESSOA QUE ESTÁ PERTO PODE NÃO TER TOMADO BANHO HOJE. O BEBÊ AO LADO PODE ESTAR COM UMA FRALDA SUJA. O CHÃO PODE TER SIDO LIMPO COM AMÔNIA. EU NÃO CONSIGO SEPARAR OS CHEIROS E COMEÇO A PASSAR MAL. PORQUE O MEU SENTIDO PRINCIPAL É O VISUAL. ENTÃO, A VISÃO PODE SER O PRIMEIRO SENTIDO A SER SUPER-ESTIMULADO. A LUZ FLUORESCENTE NÃO É SOMENTE MUITO BRILHANTE, ELA PISCA E PODE FAZER UM BARULHO. O QUARTO PARECE PULSAR E ISSO MACHUCA OS MEUS OLHOS. ESTA PULSAÇÃO DA LUZ COBRE TUDO E DISTORCE O QUE ESTOU VENDO. O ESPAÇO PARECE ESTAR SEMPRE MUDANDO. EU VEJO UM BRILHO NA JANELA, SÃO MUITAS COISAS PARA QUE EU CONSIGA ME CONCENTRAR. O VENTILADOR, AS PESSOAS ANDANDO DE UM LADO PARA O OUTRO... TUDO ISSO AFETA OS MEUS SENTIDOS E AGORA EU NÃO SEI ONDE O MEU CORPO ESTÁ NESTE ESPAÇO.



3) POR FAVOR, LEMBRE DE DISTINGUIR ENTRE NÃO PODER (EU NÃO QUERO FAZER) E EU NÃO POSSO (EU NÃO CONSIGO FAZER) RECEBER E EXPRESSAR A LINGUAGEM E VOCABULÁRIO PODE SER MUITO DIFÍCIL PARA MIM. NÃO É QUE EU NÃO ESCUTE AS FRASES. É QUE EU NÃO TE COMPREENDO. QUANDO VOCÊ ME CHAMA DO OUTRO LADO DO QUARTO, ISTO É O QUE EU ESCUTO "BBBFFFZZZZSWERSRTDSRDTYFDYT JOÃO". AO INVÉS DISSO, VENHA FALAR COMIGO DIRETAMENTE COM UM VOCABULÁRIO SIMPLES: "JOÃO, POR FAVOR, COLOQUE O SEU LIVRO NA ESTANTE. ESTÁ NA HORA DE ALMOÇAR". ISSO ME DIZ O QUE VOCÊ QUER QUE EU FAÇA E O QUE VAI ACONTECER DEPOIS. ASSIM É MAIS FÁCIL PARA COMPREENDER.

4) EU SOU UM "PENSADOR CONCRETO" (CONCRETE THINKER). O MEU PENSAMENTO É CONCRETO, NÃO CONSIGO FAZER ABSTRAÇÕES.EU INTERPRETO MUITO POUCO O SENTIDO OCULTO DAS PALAVRAS. É MUITO CONFUSO PARA MIM QUANDO VOCÊ DIZ "NÃO ENCHE O SACO", QUANDO O QUE VOCÊ QUER DIZER É "NÃO ME ABORREÇA". NÃO DIGA QUE "ISSO É MOLEZA, É MAMÃO COM AÇÚCAR" QUANDO NÃO HÁ NENHUM A MAMÃO COM AÇÚCAR POR PERTO E O QUE VOCÊ QUER DIZER É QUE ISSO E ALGO FÁCIL DE FAZER. GÍRIAS, PIADAS, DUPLAS INTENÇÕES, PARÁFRASES, INDIRETAS, SARCASMO EU NÃO COMPREENDO.



5)POR FAVOR, TENHA PACIÊNCIA COM O MEU VOCABULÁRIO LIMITADO. DIZER O QUE EU PRECISO É MUITO DIFÍCIL PARA MIM, QUANDO NÃO SEI AS PALAVRAS PARA DESCREVER O QUE SINTO. POSSO ESTAR COM FOME, FRUSTRADO, COM MEDO E CONFUSO, MAS AGORA ESTAS PALAVRAS ESTÃO ALÉM DA MINHA CAPACIDADE, DO QUE EU POSSA EXPRESSAR. POR ISSO, PRESTE ATENÇÃO NA LINGUAGEM DO MEU CORPO (RETRAÇÃO, AGITAÇÃO OU OUTROS SINAIS DE QUE ALGO ESTÁ ERRADO).POR UM OUTRO LADO, POSSO PARECER COMO UM PEQUENO PROFESSOR OU UM ARTISTA DE CINEMA DIZENDO PALAVRAS ACIMA DA MINHA CAPACIDADE NA MINHA IDADE. NA VERDADE, SÃO PALAVRAS QUE EU MEMORIZEI DO MUNDO AO MEU REDOR PARA COMPENSAR A MINHA DEFICIÊNCIA NA LINGUAGEM. POR QUE EU SEI EXATAMENTE O QUE É ESPERADO DE MIM COMO RESPOSTA QUANDO ALGUÉM FALA COMIGO. AS PALAVRAS DIFÍCEIS QUE DE VEZ EM QUANDO FALO PODEM VIR DE LIVROS, TV, OU ATÉ MESMO SEREM PALAVRAS DE OUTRAS PESSOAS. ISTO É CHAMADO DE ECOLALIA. NÃO PRECISO COMPREENDER O CONTEXTO DAS PALAVRAS QUE ESTOU USANDO. EU SÓ SEI QUE DEVO DIZER ALGUMA COISA.



6)EU SOU MUITO ORIENTADO VISUALMENTE PORQUE A LINGUAGEM É MUITO DIFÍCIL PARA MIM.POR FAVOR, ME MOSTRE COMO FAZER ALGUMA COISA AO INVÉS DE SIMPLESMENTE ME DIZER. E, POR FAVOR, ESTEJA PREPARADO PARA ME MOSTRAR MUITAS VEZES. REPETIÇÕES CONSISTENTES ME AJUDAM A APRENDER. UM ESQUEMA VISUAL ME AJUDA DURANTE O DIA-A-DIA. ALIVIA-ME DO STRESS DE TER QUE LEMBRAR O QUE VAI ACONTECER. AJUDA-ME A TER UMA TRANSIÇÃO MAIS FÁCIL ENTRE UMA ATIVIDADE E OUTRA. AJUDA-ME A CONTROLAR O TEMPO, AS MINHAS ATIVIDADES E ALCANÇAR AS SUAS EXPECTATIVAS. EU NÃO VOU PERDER A NECESSIDADE DE TER UM ESQUEMA VISUAL POR ESTAR CRESCENDO. MAS O MEU NÍVEL DE REPRESENTAÇÃO PODE MUDAR. ANTES QUE EU POSSA LER, PRECISO DE UM ESQUEMA VISUAL COM FOTOGRAFIAS OU DESENHOS SIMPLES. COM O MEU CRESCIMENTO, UMA COMBINAÇÃO DE PALAVRAS E FOTOS PODE AJUDAR MAIS TARDE A CONHECER AS PALAVRAS.



7)POR FAVOR, PRESTE ATENÇÃO E DIGA O QUE EU POSSO FAZER AO INVÉS DE SÓ DIZER O QUE EU NÃO POSSO FAZER. COMO QUALQUER OUTRO SER HUMANO NÃO POSSO APRENDER EM UM AMBIENTE ONDE SEMPRE ME SINTA INÚTIL, QUE HÁ ALGO ERRADO COMIGO E QUE PRECISO DE "CONSERTO". PARA QUE TENTAR FAZER ALGUMA COISA NOVA QUANDO SEI QUE VOU SER CRITICADO? CONSTRUTIVAMENTE OU NÃO É UMA COISA QUE VOU EVITAR. PROCURE O MEU POTENCIAL E VOCÊ VAI ENCONTRAR MUITOS! TEREI MAIS QUE UMA MANEIRA PARA FAZER AS COISAS.



8)POR FAVOR, ME AJUDE COM INTERAÇÕES SOCIAIS. PARECER QUE NÃO QUERO BRINCAR COM AS OUTRAS CRIANÇAS NO PARQUE, MAS ALGUMAS VEZES SIMPLESMENTE NÃO SEI COMO COMEÇAR UMA CONVERSA OU ENTRAR NA BRINCADEIRA. SE VOCÊ PODE ENCORAJAR OUTRAS CRIANÇAS A ME CONVIDAREM A JOGAR FUTEBOL OU BRINCAR COM CARRINHOS, TALVEZ EU FIQUE MUITO FELIZ POR SER INCLUÍDO. EU SOU MELHOR EM BRINCADEIRAS QUE TENHAM ATIVIDADES COM ESTRUTURA COMEÇO-MEIO-FIM. NÃO SEI COMO "LER" EXPRESSÃO FACIAL, LINGUAGEM CORPORAL OU EMOÇÕES DE OUTRAS PESSOAS. AGRADEÇO SE VOCÊ ME ENSINAR COMO DEVO RESPONDER SOCIALMENTE. EXEMPLO: SE EU RIR QUANDO SANDRA CAIR DO ESCORREGADOR NÃO É QUE EU ACHE ENGRAÇADO. É QUE EU NÃO SEI COMO AGIR SOCIALMENTE. ENSINE-ME A DIZER: "VOCÊ ESTA BEM?".



9)TENTE ENCONTRAR O QUE PROVOCA A MINHA PERDA DE CONTROLE.PERDA DE CONTROLE, "CHILIQUE", BIRRA, MAL-CRIAÇÃO, ESCÂNDALO, COMO VOCÊ QUISER CHAMAR, ELES SÃO MAIS HORRÍVEIS PARA MIM DO QUE PARA VOCÊ. ELES ACONTECEM PORQUE UM OU MAIS DOS MEUS SENTIDOS FOI ESTIMULADO AO EXTREMO. SE VOCÊ CONSEGUIR DESCOBRIR O QUE CAUSA A MINHA PERDA DE CONTROLE, ISSO PODERÁ SER PREVENIDO - OU ATÉ EVITADO. MANTENHA UM DIÁRIO DE HORAS, LUGARES PESSOAS E ATIVIDADES. VOCÊ ENCONTRAR UMA SEQÜÊNCIA PODE PARECER DIFÍCIL NO COMEÇO, MAS, COM CERTEZA, VAI CONSEGUIR. TENTE LEMBRAR QUE TODO COMPORTAMENTO É UMA FORMA DE COMUNICAÇÃO. ISSO DIRÁ A VOCÊ O QUE AS MINHAS PALAVRAS NÃO PODEM DIZER: COMO EU SINTO O MEU AMBIENTE E O QUE ESTÁ ACONTECENDO DENTRO DELE.



10)SE VOCÊ É UM MEMBRO DA FAMÍLIA ME AME SEM NENHUMA CONDIÇÃO.ELIMINE PENSAMENTOS COMO "SE ELE PELO MENOS PUDESSE…" OU "PORQUE ELE NÃO PODE…" VOCÊ NÃO CONSEGUIU ATENDER A TODAS AS EXPECTATIVAS QUE OS SEUS PAIS TINHAM PARA VOCÊ E VOCÊ NÃO GOSTARIA DE SER SEMPRE LEMBRADO DISSO. EU NÃO ESCOLHI SER AUTISTA. MAS LEMBRE-SE QUE ISTO ESTÁ ACONTECENDO COMIGO E NÃO COM VOCÊ. SEM A SUA AJUDA A MINHA CHANCE DE ALCANÇAR UMA VIDA ADULTA DIGNA SERÁ PEQUENA. COM O SEU SUPORTE E GUIA, A POSSIBILIDADE É MAIOR DO QUE VOCÊ PENSA. EU PROMETO: EU VALHO A PENA. E, FINALMENTE TRÊS PALAVRAS MÁGICAS: PACIÊNCIA, PACIÊNCIA, PACIÊNCIA. AJUDA A VER O MEU AUTISMO COMO UMA HABILIDADE DIFERENTE E NÃO UMA DESABILIDADE. OLHE POR CIMA DO QUE VOCÊ ACHA QUE SEJA UMA LIMITAÇÃO E VEJA O PRESENTE QUE O AUTISMO ME DEU. TALVEZ SEJA VERDADE QUE EU NÃO SEJA BOM NO CONTATO OLHO NO OLHO E CONVERSAS, MAS VOCÊ NOTOU QUE EU NÃO MINTO, ROUBO EM JOGOS, FOFOCO COM AS COLEGAS DE CLASSE OU JULGO OUTRAS PESSOAS? É VERDADE QUE EU NÃO VOU SER UM RONALDINHO "FENÔMENO" DO FUTEBOL. MAS, COM A MINHA CAPACIDADE DE PRESTAR ATENÇÃO E DE CONCENTRAÇÃO NO QUE ME INTERESSA, EU POSSO SER O PRÓXIMO EINSTEIN, MOZART OU VAN GOGH. ELES TAMBÉM TINHAM AUTISMO, UMA POSSÍVEL RESPOSTA PARA ALZAHEIM O ENIGMA DA VIDA EXTRATERRESTRE - O QUE O FUTURO TEM GUARDADO PARA CRIANÇAS AUTISTAS COMO EU, ESTÁ NO PRÓPRIO FUTURO. TUDO QUE EU POSSO SER NÃO VAI ACONTECER SEM VOCÊ SENDO A MINHA BASE. PENSE SOBRE ESTAS "REGRAS" SOCIAIS E SE ELAS NÃO FAZEM SENTIDO PARA MIM, DEIXE DE LADO. SEJA O MEU PROTETOR SEJA O MEU AMIGO E NÓS VAMOS VER ATE ONDE EU POSSO IR. CONTO COM VOCÊ!!!

Fonte: Grupo Professores Solidários
e blog http:proportoseguro.blogspot.com

Son rise - o início do programa

Nós da Inspirados pelo Autismo agradecemos pelo seu interesse no Programa Son-Rise e nos nossos serviços. A seguir encontra-se um resumo explicativo do programa e algumas informações sobre os nossos serviços:



1 - PROGRAMA SON-RISE



O Programa Son-Rise apresenta uma abordagem altamente inovadora e dinâmica ao tratamento do autismo e outras dificuldades de desenvolvimento similares – uma abordagem relacional, onde a relação entre pessoas é valorizada. O Programa Son-Rise não é um conjunto de técnicas e estratégias a serem utilizadas com uma criança. É um estilo de se interagir, uma maneira de se relacionar com uma criança que inspira a participação espontânea em relacionamentos sociais. Os pais aprendem a interagir de forma prazerosa, divertida e entusiasmada com a criança, encorajando então altos níveis de desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Psicólogos e especialistas em desenvolvimento infantil têm apontado há décadas que crianças que possuem um desenvolvimento típico aprendem melhor através de experiências interativas e emocionalmente prazerosas com outras pessoas. Nestas interações, a criança é um participante ativo ao invés de um recipiente passivo de informação. Nos últimos dez anos, os pesquisadores têm percebido que o mesmo vale para crianças com autismo e dificuldades similares. As novas perspectivas e pesquisas em relação ao autismo estão começando a perceber recentemente aquilo que o Programa Son-Rise já vem praticando há anos. Este programa tem sido utilizado internacionalmente por mais de 30 anos com crianças e adultos representantes de todo o Espectro do Autismo e dos Transtornos Globais do Desenvolvimento.



No início dos anos 70, o casal Barry e Samahria Kaufman, fundadores do Programa Son-Rise®, ouviram dos especialistas que não havia esperança de recuperação para seu filho Raun, diagnosticado com autismo severo e um QI abaixo de 40. Decidiram porém acreditar na ilimitada capacidade humana para a cura e o crescimento, e puseram-se à procura de uma maneira de aproximar-se de Raun. Foi a partir da experimentação intuitiva e amorosa com Raun, há cerca de 30 anos, que eles desenvolveram o Programa Son-Rise. Raun se recuperou de seu autismo após 3 anos e meio de trabalho intensivo com seus pais. Ele continuou a se desenvolver de maneira típica, cursou uma universidade altamente conceituada e agora é o CEO do Autism Treatment Center of America, fundado por seus pais em Massachusetts, nos EUA. Desde a recuperação de Raun, milhares de crianças e adultos utilizando o Programa Son-Rise têm se desenvolvido muito além das expectativas convencionais, algumas delas apresentado completa recuperação. O Programa Son-Rise é centrado na pessoa com autismo. Isto significa que o tratamento parte do desenvolvimento inicial de uma profunda compreensão e genuína apreciação da pessoa, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus interesses. O Programa Son-Rise descreve isto como o "ir até o mundo da pessoa com autismo", buscando fazer a ponte entre o mundo convencional e o mundo desta pessoa em especial. Com esta atitude, o adulto facilitador vê a pessoa como um ser único e maravilhoso, não como alguém que precisa "ser consertado", e pergunta-se "como eu posso me relacionar e me comunicar melhor com essa pessoa?" Quando a pessoa com autismo sente-se segura e aceita por este adulto, maior é a sua receptividade ao convite para interação que o adulto venha a fazer.



O Programa Son-Rise oferece uma abordagem prática e abrangente para inspirar a pessoa com autismo a participar espontaneamente de interações divertidas e dinâmicas com outras pessoas, tornando-se aberta, receptiva e motivada para aprender novas habilidades e informações. A participação da pessoa nestas interações é então fator chave para o tratamento e recuperação do autismo. E o papel dos pais é essencial neste processo de tratamento. Durante todo o processo, o crescimento emocional dos pais é enfatizado. Orientação atitudinal é oferecida para os pais para ajudá-los a trabalhar quaisquer crenças limitantes ou sentimentos negativos em relação a eles mesmos, à criança ou ao diagnóstico da criança. Instruções práticas são oferecidas para auxiliar os pais na criação de uma nova perspectiva que permita que se relacionem com a criança a partir de um sentimento de apreciação e alegria. "Toda a aprendizagem acontece no contexto de uma interação divertida, amorosa e espontânea que inspira tanto pais como filhos. Pais que utilizam o Programa Son-Rise relatam não somente um progresso magnífico no desenvolvimento dos filhos, mas também uma melhora dramática em seu próprio bem-estar emocional." O Programa Son-Rise propõe a implementação de um programa dirigido pelos pais na residência da criança ou adulto com autismo. As sessões individuais (um-para-um) são realizadas em um quarto especialmente preparado com poucas distrações visuais e auditivas, contendo brinquedos e materiais motivadores que sirvam como instrumento de facilitação para a interação e subseqüente aprendizagem. Devido às diferenças neurológicas apresentadas por uma criança com autismo, os pais aprendem um novo estilo de interação que difere de como eles se relacionam com crianças de desenvolvimento típico.



O Programa Son-Rise é uma abordagem educacional efetiva para todas as idades, pois o tratamento adequa-se tanto ao estágio de desenvolvimento como ao conjunto de interesses de cada indivíduo, independentemente da idade. No programa Son-Rise, dá-se ênfase à criação de divertidas e motivadoras atividades nas quais a pessoa com autismo esteja empolgada para participar. A ênfase está na diversão. As atividades são adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao estágio de desenvolvimento específico do indivíduo, qualquer que seja sua idade. Uma vez que a pessoa com autismo esteja motivada para interagir com um adulto, este adulto facilitador poderá então criar interações que a ajudarão a aprender todas as habilidades do desenvolvimento que são aprendidas através de interações dinâmicas com outras pessoas (por exemplo, o contato visual “olho no olho, as habilidades de linguagem e de conversação, o brincar, a imaginação, a criatividade, as sutilezas do relacionamento humano). O Programa Son-Rise instrui os pais na criação destas efetivas interações com a criança ou adulto de forma que eles possam dirigir o programa de seus filhos e ajudá-los durante todas as interações diárias com eles.



Crença fundamental dentro do Programa Son-Rise é a da plasticidade do cérebro. Ou seja, que o cérebro é capaz de se modificar em termos de estrutura e funcionalidade em resposta às mudanças do ambiente e aos estímulos sensoriais. Quando o Programa Son-Rise teve início na década de 70, a plasticidade cerebral não era reconhecida pela maioria dos médicos e neurocientistas. A crença generalizada daquele período era a de que o cérebro de uma criança tinha plasticidade apenas nos primeiros anos de vida, e que após 3 ou 4 anos de idade o crescimento neurológico era interrompido e o cérebro tornava-se uma estrutura rígida. Durante os últimos 10 anos, uma grande quantidade de pesquisas tem descartado a idéia da rigidez cerebral e apontado para a presença da plasticidade cerebral durante toda a vida do indivíduo. Por exemplo, utilizando moderna tecnologia de imagens cerebrais, pesquisadores do Semel Institute of Neuroscience and Human Behavior da universidade americana UCLA, em conjunto com pesquisadores da Mount Sinai School of Medicine, recentemente publicaram um estudo no General Arquives of Psychiatry. Eles ensinaram crianças dentro do Espectro do Autismo a prestar maior atenção a alguns estímulos sociais (como a expressão facial e de voz) e constataram que as regiões cerebrais que haviam previamente apresentado baixa atividade em resposta àqueles estímulos, passaram a apresentar níveis normais de atividade após o treinamento. Isto significa que os cérebros destas crianças transformaram-se em resposta à mudança dos estímulos do ambiente.



2 - SITES:



Site da Inspirados pelo Autismo:
http://www.inspiradospeloautismo.com.br/



Para um primeiro contato com o método, nós recomendamos que você visite, caso ainda não tenha visitado, as páginas disponíveis no site www.inspiradospeloautismo.com.br , que oferecem informações relativas à criação de um ambiente social e como aprender mais sobre o mundo da pessoa com autismo. O site também oferece textos com algumas primeiras dicas de implantação do Programa Son-Rise, como o texto “Para Começar o Programa Son-Rise” (http://www.inspiradospeloautismo.com.br/pdfs/Iniciar.pdf) e “Como Criar um Quarto de Brincar em Casa” (http://www.inspiradospeloautismo.com.br/pdfs/Quarto.pdf). Estas informações já fornecem dicas práticas que podem ser aplicadas imediatamente com o seu filho.



Site do The Autism Treatment Center of America (parcialmente traduzido para o português):
http://www.autismtreatmentcenter.org/



3 – VÍDEOS QUE PODEM SER ASSISTIDOS ONLINE (legendas em português):



- “Uma Solução para o Autismo – Iniciando o Programa Son-Rise”, com demonstrações de técnicas e princípios da abordagem.

- “Histórias de Famílias”, com depoimentos de famílias no Reino Unido que utilizaram o Programa Son-Rise.

- “Desenvolvendo a Comunicação Verbal”, palestra com orientações sobre como promover a comunicação verbal de crianças e adultos com autismo e dificuldades relacionadas.

- "Lidando com Comportamentos Agressivos de Pessoas com Autismo", palestra com sugestões sobre como agir para minimizar a ocorrência de comportamentos agressivos de pessoas com autismo.

- “Estratégias para Auxiliar o Desenvolvimento de Pessoas com Autismo”, palestra em que Raun Kaufman, que foi a criança que deu origem ao Programa Son-Rise na década de 70, relata a história do programa que levou à sua total recuperação do autismo.
http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Apoio/videos/videos.html



4 – WORKSHOPS



Criamos os workshops de dois e três dias para ajudar grupos de pais, familiares e profissionais a compreender os princípios fundamentais relativos à educação social de uma criança ou um adulto com autismo, e para que eles aprendam técnicas práticas que possibilitem a imediata implementação de nossa abordagem baseada no Programa Son-Rise. Temos realizado workshops nas cidades de São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Brasília, Ji-Paraná (Rondônia) e Florianópolis.



Realizaremos um novo Workshop de Nível 1 nos dias 1, 2 e 3 de abril de 2011, em Florianópolis:
http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Workshops/Intro/Intro.html



Será um prazer ter você conosco!



5 – ATENDIMENTOS DOMICILIARES E CONSULTAS TELEFÔNICAS PARA AS FAMÍLIAS:



Oferecemos serviços personalizados como atendimentos domiciliares e consultas telefônicas para cada família.

Os atendimentos domiciliares são realizados por uma equipe de facilitadores, previamente capacitados em workshops da Inspirados pelo Autismo e com experiência prática de 01 a 03 anos com o método. Durante os atendimentos, poderão ocorrer sessões no quarto de brincar; assim como o treinamento de familiares, voluntários e profissionais que poderão observar as sessões e participar de reuniões com o facilitador. O atendimento domiciliar oferece um apoio ao tratamento e desenvolvimento social, emocional e cognitivo da pessoa com autismo por meio da interação direta entre o facilitador e a pessoa com autismo, a família, os voluntários e os profissionais envolvidos.



As consultas telefônicas são realizadas por um facilitador infantil certificado pelo Programa Son-Rise, como a Mariana Tolezani. As consultas podem ser feitas com um simples agendamento ou podem também contar com o apoio de um vídeo da pessoa com autismo com um adulto. O vídeo pode ser enviado pelos Correios ou o mesmo pode ser inserido de forma privada no Youtube, para nossa observação. Na data agendada, o facilitador infantil lhe atenderá em uma consulta telefônica de 01h30min para conversarem sobre o feedback do vídeo e informações sobre o programa educacional para a pessoa com autismo.



Para informações sobre esses serviços, acesse os links abaixo:
http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Servicos/Consultas/Consultas.html

http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Servicos/inspiradores/inspiradores.html



6 – DVDS DISPONÍVEIS SOB ENCOMENDA (legendas em português):



- “Histórias Inspiradoras”, 107 minutos. Vídeo com histórias de recuperação através do método Son-Rise.
http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Apoio/DVD/DVD.html

- “Uma Solução para o Autismo – Iniciando o Programa Son-Rise”, 53 minutos. Vídeo com demonstrações de técnicas e princípios da abordagem (o mesmo vídeo que pode ser assistido online). http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Apoio/videos/AutismoVideo/SolucaoDVD/SolucaoDVD.html



7 – LIVROS DISPONÍVEIS SOB ENCOMENDA:



- “Brincar para Crescer”, 206 páginas. O livro contém 201 Atividades projetadas para ajudar crianças especiais a desenvolver habilidades sociais fundamentais. Escrito por Tali Berman e Abby Rappaport com tradução para o Português.

- “O Autismo Sob o Olhar da Terapia Ocupacional”, 166 páginas. Escrito por Ariela Goldstein, aborda a integração sensorial, que afeta comportamentos, motivações, e habilidades de interagir das pessoas com autismo. A integração sensorial pode ser um acompanhamento perfeito para quem está fazendo um programa ou qualquer outro trabalho com uma criança ou adulto com autismo.

- “Autismo Esperança pela Nutrição”, 296 páginas. Escrito por Claudia Marcelino, apresenta a história de vida de uma mãe que encontrou na nutrição o caminho para melhorar a qualidade de vida e a saúde de seu filho, e contém receitas desenvolvidas e testadas, com ótimos resultados, além de ensinamentos sobre os alimentos, suas adequações e qualidades nutritivas.
http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Apoio/Livros/Livros.html



8 - GRUPO:



Uma outra ótima fonte de informação sobre o Programa Son-Rise é o grupo de discussões no Yahoo formado por familiares que estão aplicando ou começando a aplicar o programa. Há muita troca de informações lá!
http://groups.yahoo.com/group/sonrise_brasil.



9 - NEWSLETTER:



Caso você deseje receber nossas comunicações no futuro, pedimos a gentileza de se inscrever em nosso site para o recebimento de nossas newsletters - boletins eletrônicos com dicas de como desenvolver um programa educacional para sua criança, informações sobre os próximos cursos, novos vídeos e livros disponíveis, etc. Para se inscrever, clique neste link:
http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Apoio/Newsletter/Newsletter.html



Maria do Socorro, informamos que a impressão do Livro Brincar para Crescer já está disponível na Europa!



Acessando o link abaixo e solicitando o Livro, você o receberá impresso em seu endereço na Espanha:

http://stores.lulu.com/store.php?fStoreID=3066290



Gostaríamos de informá-la ainda que acessando o nosso site a partir dos links abaixo você encontrará mais informações sobre como iniciar a aplicação do método em sua residência, com o seu filho, auxiliando no desenvolvimento das habilidades sociais dele:

http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Programa/Inicio/Inicio.html

http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Programa/Inicio/Inicio.html

http://www.inspiradospeloautismo.com.br/Programa/Atividades/Atividades.html



Por favor, entre em contato conosco caso tenha qualquer dúvida.



Atenciosamente,



Patrícia Guatimosim

Diretora de Comunicação

Email:patricia@inspiradospeloautismo.com.br

Fone: +55 11 3711 4402 begin_of_the_skype_highlighting +55 11 3711 4402 end_of_the_skype_highlighting

www.inspiradospeloautismo.com.br



P.S - Por favor, nos avise quanto ao recebimento desta mensagem para que saibamos que as informações chegaram até você.

A criança em isolamento

Sabemos que uma das características de uma criança com autismo é o isolamento. Quando observamos essa criança, não parece que ela está nos pedindo ajuda ou mesmo querendo ser libertada desse lugar ou dessa situação.
É uma criança que ás vezes sorri tranqüila e totalmente absorta em seus pensamentos  e porque não falar se divertindo. A criança se diverte e se acalma com os ismos, é nisso que acreditamos, as terapeutas Son Rise.
Raun Kaufman, primeira criança que estava autista e que sua história deu origem ao programa Son Rise diz, “autismo é uma desordem sócio relacional e não comportamental”. Mudar o comportamento da criança não a tornará menos autista. Estereotipias são comportamentos repetitivos, auto estimulantes que as crianças fazem por diversas razões. Os ismos nos remetem a duas noções, a criança o faz em isolamento e faz para nos afastar dela. Não porque não ama a mãe, pai e as pessoas e também não é porque não é amada por eles, mas elas são desafiadas a interagir e a controlar o ambiente.
Imagine-se numa sala de aula, onde ouvimos o barulho externo e assim mesmo conseguimos focar nossa atenção no professor e quase não percebemos os ruídos que vem de fora, como se eles diminuíssem o volume. Somos capazes de  nos desligar e nos atentar ao que importa.
As crianças ouvem os sons com o mesmo volume, não filtram e não priorizam o “importante” e recebem uma enxurrada de estímulos sensoriais, parecem não nos ouvir, não prestam atenção, na verdade as crianças fazem com o tato, ouvido e olfato tornando-as sobrecarregadas e confusas.
E quanto tudo está confuso, o mais difícil para a criança com autismo é a interação social, é interagir com os humanos. O que elas tentam é criar a previsibilidade num mundo tão previsível.
E é muito difícil criar algo assim… E buscando o controle, fazem algo previsível para elas, algo que as acalmem imediatamente, balançam as mãos perto dos olhos, se balançam para frente e para trás, pulam e gritam sorrindo, giram rodas de carros, enfileiram objetos e tantos outros movimentos repetitivos ou atividades rígidas ou rituais pré definidos.
Outra luta de nossas crianças é a difícil habilidade de fazer amigos. E será que isso é ensinado por nós adultos? Só para refletir.
Na prática observo e concordo inteiramente com Raun quando diz que para fazer amigos é compartilhar dos mesmos interesses e as vezes fazemos algo para agradar o outro mesmo quando não queremos porque é muito bom ver o outro feliz.
Seu filho não amará tudo o que você o ensinar mas poderá estar envolvido com você e tão interessado que investirá em você.
E se não mudarmos nosso olhar em relação a isso, se não aceitarmos a criança como ela está naquele momento e se não nos juntarmos a ela com uma atitude de apreciação pelo que faz e compreensão, estaremos o tempo todo a impedindo de se organizar. A mensagem que aparecerá assim “Pare de fazer o que quer e faça o que eu quero”.
Amar a criança por inteiro é amar e apreciar o que ela faz com a certeza que faz o melhor que ela pode. E podemos ajudá-las a passar por isso de uma forma lúdica e dinâmica, nos juntando no isolamento, esperando o sinal verde da interação, daí para a fase interessada e altamente conectada.
Nesse precioso momento que a criança se abre, podemos solicitar (metas, de contato visual, linguagem…), pois está preparada e motivada para aprender.
Sonia Falcão
Terapeuta Ocupacional
Fonte: texto adaptado de um vídeo do site: inspiradospeloautismo.com.br

Floortime – A disciplina da indisciplina (A criança com autismo) 26 26UTC fevereiro 26UTC 2010

Posted by autismoencanta in Artigos, Autismo.
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O que sentimos quando nos deparamos com o filho, com um olhar melancólico nos dizendo – Faz tanto tempo que não brincamos juntos.
Por um instante tentamos nos eximir da culpa e relembramos… “Ontem mesmo fizemos compras e conversamos antes de dormir”
Refletindo melhor tive de assumir que realmente não tinha estado “inteira” com meus filhos nas últimas semanas.
No dia a dia, o “dia” passa velozmente não deixando espaço para tomar consciência de nossas ações. Se conseguir cumprir os compromissos que estão na agenda, o dia foi produtivo.
Levar o filho á escola, ler histórias antes de dormir e alimenta-lo não substituía a atenção individualizada, ou seja, não tinha despendido alguns minutos para “estar com eles” simplesmente, sem cumprir tarefas.
Não tinha jogado o jogo que eles gostassem de jogar, não tinha relaxado da maneira que eles quisessem relaxar e não tinha simplesmente brincado do modo como eles queriam.
Muitos pais preocupados com seus horários e obrigações no trabalho se perdem no caminho, não ajustando um tempo para as crianças diz Stanley I. Greenspan, M.D., um psiquiatra infantil, universidade de George Washington em Washington, C.C criador do Floortime, que significa ao pé da letra “tempo no chão”
Mudar de atitude é deixar de ver sem olhar, ouvir sem escutar e tocar sem sentir.
Até agora nos referindo á crianças normais que percebem a diferença das conversas com seus pais, conversas que constroem vocabulário e um bate papo que transmite a sensação simplesmente do “estar junto” demonstrando que gosta de sua companhia.
Tudo é muito natural e não há seqüelas graves na educação dos filhos. De uma maneira ou outra existe a lei compensação.
A situação muda quando existe uma criança autista ao nosso lado. Sabe-se que essa criança requer um cuidado especial, suas características principais são dificuldades para se relacionar, déficit na comunicação e na forma de manipular objetos e brinquedos.  Tríade do autismo.
O ambiente influencia o ser humano, ele pode construir ou destruir uma pessoa,pois,  quando é adequado favorece o desenvolvimento.
Dr.Greenspan desenvolveu o Floortime, que é por onde se começa a trabalhar, reservando pelo menos 30 minutos por dia para simplesmente brincar, sem utilizar esse tempo para ensinar algo para seu filho, não se tornar terapeuta ou professor, simplesmente ser pai ou mãe.
Não utilizar esse tempo no chão para brincar e ver televisão ou ler o jornal ao mesmo tempo.  A atenção vai ganhar qualidade e individualidade, simplesmente por estar junto.
Nesse momento a família deve aproveitar para observar e seguir a criança, o que ele quer fazer, quais são os movimentos que você deve seguir, ele é quem dá as ordens, ele é quem domina a conversação e você o acompanha. É a etapa da aproximação.
Relaxe e não avalie a brincadeira, brinque e se divirta com ele. Role no chão, aproveite para abraçá-lo, aproveite e ria e procure olhar nos olhos de sua criança. Etapa de comunicação.
Seu papel é estar presente e participar ativamente sem fazer julgamento, isso se chama interagir. Se a criança subitamente perder o contato visual e o interesse. “Retome e observe a situação” Em qual momento isso aconteceu?” Será que minha voz está muito alta? Ou baixa? Estou demonstrando calma para escutar?Estou ciente dos gestos e do ritmo da criança?Estou observando como ela quer se relacionar?
O período em passamos com a criança no “chão” mostramos a ela que podemos iniciar a brincadeira ou o relacionamento no nível em que ela está e que podemos ficar com ela o tempo que ela precisar. Isso gera um alto grau de compreensão e sentimento de ser amado.
Adotando as estratégias do Floortime com crianças com autismo podemos traçar alguns desafios importantes focando no objetivo de aumentar a comunicação e interação com o ambiente.
Como podemos manter a criança mais alerta, mais flexível, com mais iniciativa?
Como podemos aumentar sua resistência á frustração?
Como podemos aumentar sua iniciativa e resolver pequenos problemas?
Como podemos lidar com atividades mais longas? (processamento sensorial e planejamento motor)
Como podemos aumentar sua comunicação verbal e gestual?
Como podemos torná-la mais independente nas atividades da vida diária.
Como podemos avaliar aspectos cognitivos?
São muitos os benefícios desse trabalho, pois ele realça o relacionamento entre a família e a criança, entre o terapeuta e a criança, através da descoberta de interesses comuns, desenvolvendo a empatia e a compreensão.
O prazer de estar junto gera mais confiança e afinidades.
O efeito desse tempo no chão pode ser positivo no comportamento da criança com autismo, quando observamos gritos, comportamentos auto-lesivos, inquietação ou falta de colaboração podemos estar diante de um apelo por atenção.
Repetir uma ação várias vezes, desenvolvemos um hábito e o hábito modifica nossas atitudes e mudando o atitudinal podemos modificar comportamentos.
Pingar uma gota diariamente é o botão que dispara os passos para alcançar os resultados esperados.
Reserve um tempo de 30 minutos diariamente, esteja preparado, não existe condicional, faça o que tem de ser feito, prepare o ambiente e os desafios dentro da sala, esteja inteira, desligue a TV, som e celular.
Relaxe e acompanhe, divirta-se, pegue carona nas brincadeiras, não se preocupe como que os outros vão achar, role no chão, abrace, balance, imite o que a criança fizer, cante, faça sons.
Vá introduzindo objetos e enriqueça os jogos, crie e construa o brincar descobrindo seu próprio cenário.
Espere e dê a possibilidade da criança reconhecer o problema e ajude lidar com eles fornecendo mais informações para resolvê-los, (por exemplo, para onde devemos olhar? Verificou todos os lados? Existe uma tampa? Vamos tentar puxar. É furada? Você precisa de uma ferramenta para puxar?).
Se surpreenda junto, mostre suas expressões de alegria, surpresa e espanto.
No Floortime as etapas estão estruturadas para dar o suporte necessário ás famílias e terapeutas para que o tratamento de crianças com autismo tenha evolução gradual com consciência e responsabilidade. Um pensar transformador que garante a “disciplina da indisciplina”

Sou encantada pelo autismo 26 26UTC fevereiro 26UTC 2010

Posted by autismoencanta in Artigos, Autismo.
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Eu posso dizer que sou uma pessoa encantada por crianças com autismo. Durante toda minha trajetória profissional como terapeuta ocupacional vivi, convivi e senti crianças e jovens com necessidades especiais.
Depois de muitos anos focada na área educacional clínica, atualmente estou traçando um caminho maravilhoso junto com famílias e crianças com autismo.
Sempre tive uma atitude humanista que evita comparações e acredita no potencial de cada ser humano. Acredito também no olhar , na alegria e no brincar como a melhor forma de nos relacionar.
Diante de tantas propostas de tratamentos terapêuticos para o autismo, me identifiquei com o Programa Son Rise.
Quanta surpresa a cada texto que leio, eu percebo que o Son Rise dá nomes aos métodos e técnicas que já utilizo espontâneamente.
Estar no meio de crianças é o maior laboratório para descobrir o que realmente interessa para desenvolve-las.
O brincar é a matéria prima principal da terapia ocupacional e dar significado ao brincar não é muito fácil, todo mundo brinca mas ninguém sabe o que é realmente. Dra.Anita Bundy(TO),Play in Occupational Therapy for Children,pg52 a 65), desenvolveu um teste para avaliar o brincar utilizando os três primeiros iténs de uma lista que definia as características que deveria haver para que uma atividade fosse definida como brincar:
Auto escolhido
Motivação intrinseca
Habilidade para suspender a realidade
Alto grau de liberdade associado á ele
Envolve mais atenção ao processo que ao produto
Não existe um modo certo de brincar
Importa menos o que você faz ao brincar, que como o faz
Esse teste a meu ver, é bastante acadêmico pois, podemos observar essa atitudes nas crianças e é exatamente assim que queremos ver as crianças com autismo, brincando com prazer.
Deixe-a brincar… livre de interrupções… a criança ensina….Pare e observe, segure sua ansiedade, junte-se a ele com ternura, brinque como ele brinca.
Deixe a criança te levar e vai ver que realmente dá resultado, nós ganhamos o contato visual e a serenidade.
Quando a criança percebe a alegria que ela proporciona em você enquanto essa brincadeira acontece… aí estamos estabelecendo o laço de confiança.
Sonia Falcão

Autismo, TO e muito amor

Olhando para trás, trinta anos depois do meu primeiro contato com o autismo, quanta coisa mudou, quantos sentimentos foram transformados em experiência e quanto ainda me sinto jovem. Jovem sim, que ainda busca caminhos com entusiasmo e empolgação por aprender  e descobrir trilhas com o amadurecimento da idade.

 Escolhi o autismo antes mesmo de escolher ser terapeuta ocupacional. Fui trabalhar numa escola de ensino especializado,l fui coordenadora por 20 anos. Lá além de crianças e jovens com autismo também convivi com a deficiência intelectual e outras síndromes. Paralelamente atendia crianças com paralisia cerebral numa clínica em terapias individuais de 40 minutos.
Por característica pessoal e por ter tido o privilégio de estar ao lado da profa. Nylse Cunha que trouxe a Brinquedoteca ao Brasil e defende o Brincar como o principal recurso para a aprendizagem, eu me tornei uma profissional extremamente lúdica e uma terapeuta ocupacional apaixonada pelo brincar e fazer rir.
É importante enfatizar que a abordagem centrada no cliente, seguindo o quadro de referência humanista da TO, é a que escolhi como alicerce de minha atuação profissional.
Esse texto é a expressão de uma prática amorosa profunda que agora se encontra em um momento reflexivo.  A emoção fica oculta por restrição da palavra escrita.
Em 2006, resolvi mergulhar e dedicar todo o meu tempo ao Autismo, ou melhor, à criança que está autista e sua família que tem garra e esperança, pois o autismo é tratável.  AH! Como tudo mudou e isso é maravilhoso.
Nas sessões a mudança começa pelo tempo de terapia, não há condições de construir uma interação com a criança em apenas 40 minutos e nem uma atmosfera lúdica e divertida. Se respeitarmos o ritmo da criança e o seu tempo para se preparar para interagir, podemos perceber que muitas vezes, quando estamos sentindo que o ambiente está ficando favorável e surge um contato de olho, um sorriso ou um toque…..a terapia acaba! E outra criança está a sua espera.  A troca da quantidade de pacientes pela qualidade da terapia foi fundamental para os resultados positivos.
O terapeuta atua como um facilitador, oferecendo oportunidades, capacitando a criança a explorar pensamentos e sentimentos em um ambiente seguro e provendo recursos que a criança identifique como necessários. São importantes o desenvolvimento da auto valorização e a sensação de controle da situação.
A criança é encorajada a dirigir sua própria terapia, as brincadeiras e atividades são escolhidas por ela e devem ter significado para ela.
Nessa abordagem é fundamental que o terapeuta não exerça poder sobre a criança, e é preciso assegurar que o controle será dado á ela, mesmo ás custas de uma lenta tomada de decisão. Novamente como facilitador, o terapeuta promove oportunidades e informações para ajudar a criança decidir aquilo que deseja e então organizar os recursos ou intervenção para que isso seja alcançado.
Outra e muito importante mudança que percebo nos dias de hoje é a participação dos pais nesse processo de tratamento de seus filhos.
Não são mais os profissionais que estão com o saber, o saber está cada vez mais com as famílias que nos oferecem o genuíno dossiê de como seu filho aprende, como seu filho sente, como seu filho reage, como seu filho se diverte.
E cabe a nós profissionais adiar o julgamento e pensar junto, interpretar esses dados, associar  com o nosso conhecimento e experiência e desenvolver um programa de tratamento criativo, dinâmico,  divertido e viável para cada família e  não impor planejamentos engessados.
Na TO, temos tanto a ensinar mas se a criança não estiver interessada, nada teremos…
Estabelecer os desafios, os objetivos e as ações e embarcar nessa viagem de amar incondicionalmente, amar é uma viagem a ser feita com alguém na qual, ao mesmo tempo em que curtimos essa entrega, desvendamos os mistérios que ela nos apresenta a cada momento.
SoniaFalcaoSonia Aparecida Falcão é terapeuta ocupacional (TO), especialista em Saúde Mental da Criança e do Adolescente, atua numa abordagem relacional humanista, fundou o Programa Realizza com “Férias mais Divertidas” e “Autismo Encanta“. Coordena MBA em Gestão de Pessoas, telepresencial da rede LFG/Anhanguera.
E-mail:  autismoencanta@gmail.com                    www.revistaautismo.com.br

A arte de brincar

Eu posso dizer que sou uma pessoa encantada por crianças com autismo. Durante toda minha trajetória profissional como terapeuta ocupacional vivi, convivi e senti crianças e jovens com necessidades especiais.
Depois de muitos anos focada na área educacional clínica, atualmente estou traçando um caminho maravilhoso junto com famílias e crianças com autismo.
Sempre tive uma atitude humanista que evita comparações e acredita no potencial de cada ser humano. Acredito também no olhar , na alegria e no brincar como a melhor forma de nos relacionar.
Diante de tantas propostas de tratamentos terapêuticos para o autismo, me identifiquei com o Programa Son Rise.
Quanta surpresa a cada texto que leio, eu percebo que o Son Rise dá nomes aos métodos e técnicas que já utilizo espontâneamente.
Estar no meio de crianças é o maior laboratório para descobrir o que realmente interessa para desenvolve-las.
O brincar é a matéria prima principal da terapia ocupacional e dar significado ao brincar não é muito fácil, todo mundo brinca mas ninguém sabe o que é realmente. Dra.Anita Bundy(TO),Play in Occupational Therapy for Children,pg52 a 65), desenvolveu um teste para avaliar o brincar utilizando os três primeiros iténs de uma lista que definia as características que deveria haver para que uma atividade fosse definida como brincar:
Auto escolhido
Motivação intrinseca
Habilidade para suspender a realidade
Alto grau de liberdade associado á ele
Envolve mais atenção ao processo que ao produto
Não existe um modo certo de brincar
Importa menos o que você faz ao brincar, que como o faz
Esse teste a meu ver, é bastante acadêmico pois, podemos observar essa atitudes nas crianças e é exatamente assim que queremos ver as crianças com autismo, brincando com prazer.
Deixe-a brincar… livre de interrupções… a criança ensina….Pare e observe, segure sua ansiedade, junte-se a ele com ternura, brinque como ele brinca.
Deixe a criança te levar e vai ver que realmente dá resultado, nós ganhamos o contato visual e a serenidade.
Quando a criança percebe a alegria que ela proporciona em você enquanto essa brincadeira acontece… aí estamos estabelecendo o laço de confiança.
Sonia Falcão

Floortime – A disciplina da indisciplina (A criança com autismo)

O que sentimos quando nos deparamos com o filho, com um olhar melancólico nos dizendo – Faz tanto tempo que não brincamos juntos.
Por um instante tentamos nos eximir da culpa e relembramos… “Ontem mesmo fizemos compras e conversamos antes de dormir”
Refletindo melhor tive de assumir que realmente não tinha estado “inteira” com meus filhos nas últimas semanas.
No dia a dia, o “dia” passa velozmente não deixando espaço para tomar consciência de nossas ações. Se conseguir cumprir os compromissos que estão na agenda, o dia foi produtivo.
Levar o filho á escola, ler histórias antes de dormir e alimenta-lo não substituía a atenção individualizada, ou seja, não tinha despendido alguns minutos para “estar com eles” simplesmente, sem cumprir tarefas.
Não tinha jogado o jogo que eles gostassem de jogar, não tinha relaxado da maneira que eles quisessem relaxar e não tinha simplesmente brincado do modo como eles queriam.
Muitos pais preocupados com seus horários e obrigações no trabalho se perdem no caminho, não ajustando um tempo para as crianças diz Stanley I. Greenspan, M.D., um psiquiatra infantil, universidade de George Washington em Washington, C.C criador do Floortime, que significa ao pé da letra “tempo no chão”
Mudar de atitude é deixar de ver sem olhar, ouvir sem escutar e tocar sem sentir.
Até agora nos referindo á crianças normais que percebem a diferença das conversas com seus pais, conversas que constroem vocabulário e um bate papo que transmite a sensação simplesmente do “estar junto” demonstrando que gosta de sua companhia.
Tudo é muito natural e não há seqüelas graves na educação dos filhos. De uma maneira ou outra existe a lei compensação.
A situação muda quando existe uma criança autista ao nosso lado. Sabe-se que essa criança requer um cuidado especial, suas características principais são dificuldades para se relacionar, déficit na comunicação e na forma de manipular objetos e brinquedos.  Tríade do autismo.
O ambiente influencia o ser humano, ele pode construir ou destruir uma pessoa,pois,  quando é adequado favorece o desenvolvimento.
Dr.Greenspan desenvolveu o Floortime, que é por onde se começa a trabalhar, reservando pelo menos 30 minutos por dia para simplesmente brincar, sem utilizar esse tempo para ensinar algo para seu filho, não se tornar terapeuta ou professor, simplesmente ser pai ou mãe.
Não utilizar esse tempo no chão para brincar e ver televisão ou ler o jornal ao mesmo tempo.  A atenção vai ganhar qualidade e individualidade, simplesmente por estar junto.
Nesse momento a família deve aproveitar para observar e seguir a criança, o que ele quer fazer, quais são os movimentos que você deve seguir, ele é quem dá as ordens, ele é quem domina a conversação e você o acompanha. É a etapa da aproximação.
Relaxe e não avalie a brincadeira, brinque e se divirta com ele. Role no chão, aproveite para abraçá-lo, aproveite e ria e procure olhar nos olhos de sua criança. Etapa de comunicação.
Seu papel é estar presente e participar ativamente sem fazer julgamento, isso se chama interagir. Se a criança subitamente perder o contato visual e o interesse. “Retome e observe a situação” Em qual momento isso aconteceu?” Será que minha voz está muito alta? Ou baixa? Estou demonstrando calma para escutar?Estou ciente dos gestos e do ritmo da criança?Estou observando como ela quer se relacionar?
O período em passamos com a criança no “chão” mostramos a ela que podemos iniciar a brincadeira ou o relacionamento no nível em que ela está e que podemos ficar com ela o tempo que ela precisar. Isso gera um alto grau de compreensão e sentimento de ser amado.
Adotando as estratégias do Floortime com crianças com autismo podemos traçar alguns desafios importantes focando no objetivo de aumentar a comunicação e interação com o ambiente.
Como podemos manter a criança mais alerta, mais flexível, com mais iniciativa?
Como podemos aumentar sua resistência á frustração?
Como podemos aumentar sua iniciativa e resolver pequenos problemas?
Como podemos lidar com atividades mais longas? (processamento sensorial e planejamento motor)
Como podemos aumentar sua comunicação verbal e gestual?
Como podemos torná-la mais independente nas atividades da vida diária.
Como podemos avaliar aspectos cognitivos?
São muitos os benefícios desse trabalho, pois ele realça o relacionamento entre a família e a criança, entre o terapeuta e a criança, através da descoberta de interesses comuns, desenvolvendo a empatia e a compreensão.
O prazer de estar junto gera mais confiança e afinidades.
O efeito desse tempo no chão pode ser positivo no comportamento da criança com autismo, quando observamos gritos, comportamentos auto-lesivos, inquietação ou falta de colaboração podemos estar diante de um apelo por atenção.
Repetir uma ação várias vezes, desenvolvemos um hábito e o hábito modifica nossas atitudes e mudando o atitudinal podemos modificar comportamentos.
Pingar uma gota diariamente é o botão que dispara os passos para alcançar os resultados esperados.
Reserve um tempo de 30 minutos diariamente, esteja preparado, não existe condicional, faça o que tem de ser feito, prepare o ambiente e os desafios dentro da sala, esteja inteira, desligue a TV, som e celular.
Relaxe e acompanhe, divirta-se, pegue carona nas brincadeiras, não se preocupe como que os outros vão achar, role no chão, abrace, balance, imite o que a criança fizer, cante, faça sons.
Vá introduzindo objetos e enriqueça os jogos, crie e construa o brincar descobrindo seu próprio cenário.
Espere e dê a possibilidade da criança reconhecer o problema e ajude lidar com eles fornecendo mais informações para resolvê-los, (por exemplo, para onde devemos olhar? Verificou todos os lados? Existe uma tampa? Vamos tentar puxar. É furada? Você precisa de uma ferramenta para puxar?).
Se surpreenda junto, mostre suas expressões de alegria, surpresa e espanto.
No Floortime as etapas estão estruturadas para dar o suporte necessário ás famílias e terapeutas para que o tratamento de crianças com autismo tenha evolução gradual com consciência e responsabilidade. Um pensar transformador que garante a “disciplina da indisciplina”

A criança em isolamento

A criança em isolamento
Sabemos que uma das características de uma criança com autismo é o isolamento. Quando observamos essa criança, não parece que ela está nos pedindo ajuda ou mesmo querendo ser libertada desse lugar ou dessa situação.
É uma criança que ás vezes sorri tranqüila e totalmente absorta em seus pensamentos  e porque não falar se divertindo. A criança se diverte e se acalma com os ismos, é nisso que acreditamos, as terapeutas Son Rise.
Raun Kaufman, primeira criança que estava autista e que sua história deu origem ao programa Son Rise diz, “autismo é uma desordem sócio relacional e não comportamental”. Mudar o comportamento da criança não a tornará menos autista. Estereotipias são comportamentos repetitivos, auto estimulantes que as crianças fazem por diversas razões. Os ismos nos remetem a duas noções, a criança o faz em isolamento e faz para nos afastar dela. Não porque não ama a mãe, pai e as pessoas e também não é porque não é amada por eles, mas elas são desafiadas a interagir e a controlar o ambiente.
Imagine-se numa sala de aula, onde ouvimos o barulho externo e assim mesmo conseguimos focar nossa atenção no professor e quase não percebemos os ruídos que vem de fora, como se eles diminuíssem o volume. Somos capazes de  nos desligar e nos atentar ao que importa.
As crianças ouvem os sons com o mesmo volume, não filtram e não priorizam o “importante” e recebem uma enxurrada de estímulos sensoriais, parecem não nos ouvir, não prestam atenção, na verdade as crianças fazem com o tato, ouvido e olfato tornando-as sobrecarregadas e confusas.
E quanto tudo está confuso, o mais difícil para a criança com autismo é a interação social, é interagir com os humanos. O que elas tentam é criar a previsibilidade num mundo tão previsível.
E é muito difícil criar algo assim… E buscando o controle, fazem algo previsível para elas, algo que as acalmem imediatamente, balançam as mãos perto dos olhos, se balançam para frente e para trás, pulam e gritam sorrindo, giram rodas de carros, enfileiram objetos e tantos outros movimentos repetitivos ou atividades rígidas ou rituais pré definidos.
Outra luta de nossas crianças é a difícil habilidade de fazer amigos. E será que isso é ensinado por nós adultos? Só para refletir.
Na prática observo e concordo inteiramente com Raun quando diz que para fazer amigos é compartilhar dos mesmos interesses e as vezes fazemos algo para agradar o outro mesmo quando não queremos porque é muito bom ver o outro feliz.
Seu filho não amará tudo o que você o ensinar mas poderá estar envolvido com você e tão interessado que investirá em você.
E se não mudarmos nosso olhar em relação a isso, se não aceitarmos a criança como ela está naquele momento e se não nos juntarmos a ela com uma atitude de apreciação pelo que faz e compreensão, estaremos o tempo todo a impedindo de se organizar. A mensagem que aparecerá assim “Pare de fazer o que quer e faça o que eu quero”.
Amar a criança por inteiro é amar e apreciar o que ela faz com a certeza que faz o melhor que ela pode. E podemos ajudá-las a passar por isso de uma forma lúdica e dinâmica, nos juntando no isolamento, esperando o sinal verde da interação, daí para a fase interessada e altamente conectada.
Nesse precioso momento que a criança se abre, podemos solicitar (metas, de contato visual, linguagem…), pois está preparada e motivada para aprender.
Sonia Falcão
Terapeuta Ocupacional
Fonte: texto adaptado de um vídeo do site: inspiradospeloautismo.com.br

Sensibilidade química, você tem e talvez nenhum médico te contou !

Essencialmente, são três os campos de estudos que se conectam para gerar o que denominamos Medicina Ambiental, Ecologia Médica, Medicina Ecológica ou Ecologia celular:
  • Alergia,
  • Imunologia,
  • Toxicologia.
O sistema imune, o sistema de desintoxicação e o sistema endócrino são o foco clínico das repercussões orgânicas adaptativas das influências ambientais (principalmente Toxinas) sobre o organismo humano.

Os alimentos que consumimos, o ar que respiramos e a água que bebemos deixaram de ser simples substâncias inertes, meras fontes de moléculas para construir o organismo humano. Atualmente, esses elementos essenciais à vida passaram a conter moléculas que originalmente (organicamente) não faziam parte de sua constituição.

Nos tempos atuais, os alimentos para serem aprimorados ou preservados da decomposição natural, têm a inclusão de substâncias químicas conservantes, antioxidantes para dar aspecto mais atraente, corantes e aromatizantes para acentuar sabor e pesticidas para evitar que sejam devorados por insetos.  A figura abaixo descreve as principais fontes de Toxinas.



A água pode conter metais pesados e mesmo solventes orgânicos e o ar pode ter tantas partículas nocivas, a ponto de se tornar importante causador de mortes cardíacas e doenças neurodegenerativas, como ocorre nas grandes cidades.

Alguns indivíduos, que denominamos sensíveis, têm dificuldade de gerenciar a detoxificação da poluição do ambiente, desenvolvendo reações inflamatórias agudas ou crônicas a essas exposições.

Dependendo da localização, os sofrimentos delas resultantes serão denominados pela associação do nome da região anatômica onde se manifestam ao radical grego “ite”, que significa inflamação. Por exemplo, pneumonite de hiper sensibilidade, rinite alérgica, sinusite alérgica, colite, artrite etc.

Existem duas formas básicas, medicamente falando, de abordar essas patologias:
  • Suprimir os sintomas com medicamentos sintomáticos (corticóides, anti-inflamatórios, anti-alérgicos, ou analgésicos) ou;
  • Buscar identificar as origens dessas inflamações reicidivantes.
A Medicina Ambiental procura saber primeiramente a causa dos processos inflamatórios de repetição.

O organismo humano tem uma capacidade individual de suportar a carga total de poluentes em determinado espaço de tempo. Toda vez que essa capacidade é ultrapassada, ocorrerá uma reação adaptativa e que se expressará clinicamente como sintomas de uma doença, como enxaqueca, rinite, asma, urticária ou fibromialgia.

É comum que os pacientes apresentem, muitas vezes, algumas características que sugerem uma origem ambiental para seus problemas de saúde. Melhoram quando vão para a montanha, praia ou deserto, e com a prática do jejum, religioso ou não, mas pioram com mudanças de clima e são sensíveis a odores fortes;

Também apresentam múltiplas queixas, entre elas alterações de humor. Muitos têm históricos de exposição a químicos e a fungos do ar (em residências ou em ambiente de trabalho). Muitos têm históricos de reações a alimentos que contêm pesticidas (por exemplo, alface, tomates, pepinos e morangos), porém seus anticorpos IgE específicos são negativos. Muitos pacientes apresentam intolerância ao leite e ao trigo. No Brasil podem desenvolver sensibilidade ao arroz e ao feijão. Um grande número deles reage mal à administração de remédios antiinflamatórios, analgésicos, sedativos, para tratar os sintomas em geral.

Grande parcela de pacientes tem acidose no aparelho digestivo ou sistêmica. Os quadros mais graves mostram PCR (proteína C reativa, um marcador inflamatório) elevada (acima de 5), gasometria venosa (de leitura imediata) com PO2 acima de 30 ou menor que 25 (oxigênio alto no sangue venoso) e, em casos mais complexos, ácido láctico acima de 29. Os dois últimos exames informam que existe um distúrbio mitocondrial, ou seja, o indivíduo encontra-se em estado anaeróbico. Suas mitocôndrias estão sujas e não funcionam.

Exames termográficos revelam alguns sinais clínicos importantes: hipertermia periorbicular resultante de distúrbios do sono, sinais de reações inflamatórias no cólon, sinais de sobrecarga hepática, hipertermia generalizada em todo o tronco, sinal do Manto (sinal termográfico de fibromialgia) e por último, mas não menos importante, vasoconstricão periférica.



Os Ecologistas Clínicos classificam as pessoas com esse conjunto complexo de sintomas como portadoras da Síndrome de Sensibilidade Química.

Atualmente, o mais importante estudioso desse fenômeno é o Dr. Willian Rea, presidente da Fundação Americana de Medicina Ambiental, em Dallas, Texas, que se tem dedicado a atender e a cuidar de pacientes complexos, oriundos de países industrializados, acometidos dessa Síndrome. Seu livro mais importante, em quatro volumes, intitula-se Chemical Sensitivity, ainda sem tradução em português. Trata-se de uma obra que trata, ao mesmo tempo, de casos clínicos vistos de forma individualizada e de conjuntos de pacientes enquadrados dentro de variantes de apresentação clínica, guiadas pelo diagnóstico.

Nesses pacientes, a conduta inicial é:
  1. Reduzir a carga total de agressão ambiental a que estão submetidos.
Ou seja, recomenda-se:
  1. Consumo de alimentos orgânicos (se possível, alimentação 100% natural e orgânica) associado à dieta de exclusão de alimentos ofensivos considerados pelos médicos como alergênicos.
  2. Ingestão de água pura - fontes não-contaminadas e com pH alcalino (8.0 ou >),
  3. Inalação de oxigênio úmido (6-8 litros por minuto, por 21 dias, durante duas horas diárias) – terapia de Von Ardenne,
  4. Sauna seca,
  5. Drenagem linfática.
Essas medidas, quando aplicadas de forma conjunta, tendem a aliviar rapidamente os sintomas desses pacientes, que passam por si próprios a reconhecer os fatores ambientais que os agridem. Uma vez desintoxicados, percebem com maior clareza os efeitos que os poluentes contidos na água, no ar e nos alimentos provocam em seus organismos. Os gráficos abaixo listam alguns dos benefícios dos programas de desintoxicação:



Acredito que no Brasil existam muitos locais, como regiões de montanha, praias e estações de água, propícios à criação de Unidades de Controle Ambiental onde os pacientes poderiam ser desintoxicados e recuperados para viver sem problemas inflamatórios. São verdadeiros oásis médicos em um mundo cada vez mais envenenado.

No local onde vivo, muitos dos pacientes que se apresentaram em meu serviço clínico com alergias e processos inflamatórios complexos (Sensibilidade Química), eram sensíveis a fungos, tinham exposição ao mofo (fungos em paredes, em aparelho de ar condicionado e em infiltrações de água) e tiveram sua saúde restaurada após serem aconselhados a evitar os fatores ambientais desequilibrantes.

Os fungos são reconhecidos agentes perturbadores da saúde física e mental desde a época do Velho Testamento, em que o Levítico 14-33 a 48 ensina o método de fazer o diagnóstico se uma casa está contaminada com a "lepra da casa", termo usado pelos antigos para designar a contaminação residencial por mofo. Há 5 mil anos, os sacerdotes judeus já percebiam que influências ambientais, como o fungo de parede, afetavam não somente o corpo, mas também a mente, causando significativo impacto na qualidade de vida. Em sua história, os judeus viveram sob grande pressão (os judeus durante longo tempo foram um povo migrante).

Todos nós, que atualmente fazemos parte de uma sociedade industrial, somos submetidos a considerável pressão social, econômica e política. O estresse tóxico (distress) e a fadiga adrenal resultantes desse modo de vida favorecem a Sensibilidade Química, ao enfraquecer um dos principais órgãos de adaptação ambiental, a glândula adrenal.

Quando a adrenal torna-se fatigada, perde o controle das reações inflamatórias do sistema imunológico, sobrecarregando os sistemas desintoxicantes que os tornam disfuncionais, o que enseja quadros clínicos complexos. Quadros esses que deveriam ser tratados com exclusão de alguns alimentos, substituição de água, oxigenação, depuração por sauna, drenagem linfática, imunoterapia e reposição de vitaminas e sais minerais via oral ou endovenosa.

Fibromialgia, fadiga crônica, vasculite, síndrome miofascial, rinite vasomotora, cefaléia tensional, síndrome do cólon irritável, gastrite nervosa, distúrbio neurovegetativo, distúrbio somatomórficos e "burn out" são algumas das patologias que acometem os portadores de Sensibilidade Química, doença ambiental que só agora começa a ser estudada no Brasil.



Por sua crescente importância na área médica, a Sensibilidade Química será o tema principal do II Congresso Internacional de Medicina Ambiental, que acontecerá em São Paulo nos dias 19 e 20 de Novembro de 2011. A programação do congresso está disposta no link: http://www.medicinaambiental.net/programacao_pt.html