segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Estudo identifica proteína que 'dirige' conversão de aprendizado em memória

Cientistas ligam deficiência na produção da proteína Arc com perda de memória e doenças como Mal de Alzheimer

BBC
Getty Images
Falta da proteína Arc poder ter relação com Alzheimer e autismo
Cientistas encontraram novas informações sobre a função de uma importante proteína no cérebro utilizada no processo que transforma o aprendizado em memória de longo prazo.
Em artigo na revista científica Nature Neuroscience, eles afirmam que mais pesquisas sobre o papel da proteína Arc (actin-regulated cytoskeleton) poderia ajudar na busca por novos tratamentos contra doenças neurológicas.

A mesma proteína pode ser um fator atuante no autismo, dizem os cientistas. Pesquisas recentes detectaram a falta da proteína Arc no cérebro de pacientes de Alzheimer e indicado que a função da proteína era crucial.

Para o professor de neurologia e fisiologia da Universidade da Califórnia Steve Finkbeiner, que liderou a nova pesquisa, "cientistas já sabiam que a Arc estava envolvida na memória de longo prazo, porque estudos em cobaias com falta dessa proteína podiam aprender novas tarefas, mas falhavam ao tentar lembrá-las no dia seguinte".

Os novos experimentos, mais aprofundados, revelaram que a proteína Arc age como um "regulador mestre" dos neurônios durante o processo de formação da memória de longo prazo.
A pesquisa revelou que, durante a formação da memória, certos genes eram ativados e desativados em intervalos de tempo específicos para que fossem geradas as proteínas que ajudam os neurônios a estabelecer novas memórias.

Direção
Os cientistas descobriram que a proteína Arc "dirigia" esse processo, a partir do núcleo do neurônio.
Finkbeiner disse que pessoas com falta dessa proteína poderiam ter problemas de memória.
"Cientistas descobriram recentemente que a Arc se esgotava no hipocampo - o centro da memória no cérebro - em pacientes de Alzheimer."

"É possível que estas interrupções durante o processo de controle homeostático possam contribuir para o aprendizado e para os deficit de memória em pacientes de Alzheimer."
A pesquisa também confirmou que disfunções na produção e transporte da proteína Arc podem ter uma papel-chave no autismo.

A Síndrome do X Frágil, por exemplo, vista como uma causa comum tanto de autismo como de retardo mental, afeta diretamente a produção de proteína Arc em neurônios.
O time californiano de cientistas afirmou que mais estudos são necessários sobre a função da proteína Arc para a saúde humana.

Eles ressaltaram que entender o papel da Arc em doenças poderia contribuir para uma maior compreensão desses problemas e ajudar na criação de novas estratégias terapêuticas para combatê-las.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2013-06-10/estudo-identifica-proteina-que-dirige-conversao-de-aprendizado-em-memoria.html

Forma rara de autismo poderia ser tratada com suplementos alimentares, diz estudo

Um simples suplemento alimentar poderia ajudar a tratar um tipo raro de autismo que está vinculado à epilepsia e, ao que tudo indica, a uma deficiência de aminoácidos, segundo um estudo publicado na revista Science esta semana.

Cerca de 25% das pessoas que sofrem de autismo são também epilépticos, ou seja, possuem um problema nas conexões elétricas cerebrais caracterizado por convulsões cujas causas são em sua maior parte desconhecidas.

Pesquisadores americanos da Universidade da Califórnia em San Diego e de Yale (Connecticut, nordeste dos Estados Unidos) foram capazes de isolar uma mutação genética em alguns pacientes autistas epilépticos que acelera o metabolismo de certos aminoácidos, o que gera uma carência.


Esta descoberta poderia ajudar os médicos a diagnosticar este tipo de autismo mais rapidamente, o que permitiria também começar um tratamento mais cedo.
Segundo os autores deste trabalho seria possível também tratar esta forma de autismo com suplementos alimentares que contêm os chamados aminoácidos ramificados, como mostram experimentos realizados com camundongos geneticamente modificados para ter a mesma mutação genética.

Inclusão de autistas em escola regular é possível, diz especialista

Fundadora de associação alerta, porém, para necessidade de integração entre parentes, professores e colegas

Agência Brasil
Especialistas no atendimento a crianças autistas defendem que a inclusão dos pequenos em uma escola regular é possível, mas alertam para a necessidade de que os professores, os parentes e os colegas de classe estejam preparados para o convívio.


Agência Brasil
Mãe diz que integração entre os pais é interessante para a troca de experiências
“[Sem isso] O professor sofre, os outros alunos sofrem porque não entendem e, quando fazem alguma brincadeira, são repreendidos sem terem sido orientados. Os familiares e principalmente os autistas sofrem”, ressalta a psicomotricista Eliana Rodrigues Boralli Mota.

Segundo Eliana, que fundou a Associação dos Amigos da Criança Autista (Auma) há 25 anos, a família sofre tanto ou mais do que a própria criança. Por isso, acredita ser importante criar um ambiente de integração. “Tudo aí fora é preconceito. Até mesmo o atendimento médico é difícil, porque até convênios se recusam a receber autistas como dependentes. A falta de conhecimento também provoca isso”, disse Eliana, que organizou nesta quinta-feira (17) a festa em comemoração ao Dia da Criança, que é celebrado tradicionalmente no dia 12 de outubro.

Para 72% dos pais de criança autista, escola não ajuda no aprendizado do filho

Mesmo assim, 85% dos pais de autista avaliam a escola como uma experiência positiva, mostra pesquisa da USP

Uma dissertação de mestrado da Universidade de São Paulo (USP) mostra que apenas 27,7% dos pais de crianças com autismo avaliam que a escola colabora na aprendizagem acadêmica do filho. Por outro lado, 85% dos genitores entendem a escola como uma experiência positiva e 53% acreditam que o desenvolvimento social é o resultado mais relevante na frequência às aulas.

Para realizar sua pesquisa, Ana Gabriela Lopes Pimentel ouviu 56 cuidadores na região oeste da Grande São Paulo. Do total, 54 crianças iam para escola. A maioria dos pacientes era meninos, com idade entre 3 e 16 anos.

Arquivo pessoal
Gisleine Hoffmann, mãe de Lucas, de 5 anos, viu a evolução do filho ao procurar por uma nova escola

Para Ana Gabriela, a pouca menção dos resultados educacionais dos filhos é devido a um de dois fatores: ou o potencial educativo das crianças e adolescentes com autismo está sendo subestimado, ou os resultados escolares estão sendo ignorados.

A orientadora da pesquisa, professora Fernanda Dreux Miranda Fernandes, explica que os 85% de aprovação, mesmo que não signifiquem aprendizado, é resultado de uma gratidão. Ela acredita que o medo de o filho não ser aceito é tão grande que, somente o fato de a criança estar matriculada e com direito ao convívio já é visto como suficiente. 

Um equívoco, explica Fernanda. "A socialização não pode ser vista como o mais importante". Mesmo porque, afirma, a maior parte das crianças com autismo consegue acompanhar o currículo de uma escola regular, ainda que alguns com um aproveitamento relativo, desde que com acompanhamento adequado. 

Adaptações
Para Gisleine Hoffmann, mãe de Lucas, de 5 anos, a solução foi mudar de escola. Matriculado em uma colégio no interior de São Paulo desde que tinha um aninho, o garoto costumava ficar muito agitado. “Além disso, até uns três anos, ele não falava, se comunicava apenas com gestos", conta.
Quando a criança completou três anos, veio o diagnóstico de autismo. "Nisso, pedi para acompanhar algumas aulas e descobri que ele ficava afastado dos colegas. Quando não se dava bem em uma atividade, era deixado de lado”, conta.

O diagnóstico coincidiu com a mudança de cidade e Gisleine aproveitou para procurar uma escola menor. Apesar de ser regular, a atual instituição de ensino onde Lucas estuda tem apenas cinco alunos na sala.

"Busquei uma escola com poucas crianças. Foi um desafio para o Lucas e para a escola também, já que eles não tinham tido um aluno com autismo antes."

A evolução veio com pequenas coisas no dia a dia: Lucas começou a contar eventos da escola para a mãe, falar sobre os colegas e a escrever sozinho. No último Natal, escreveu a primeira cartinha para o Papai Noel. Além disso, aprendeu a jogar xadrez. "Ele é muito bom. Me contaram que os amigos pedem para jogar com ele", conta a mãe orgulhosa.

História parecida é de Paula Naime, mãe da Carolina, de 5 anos. Com dois anos e sem Carolina andar ou falar, a mãe decidiu procurar por ajuda. O neurologista recomendou que ela procurasse uma escola para que a filha se integrasse. "Na escola, me falaram que ela era diferente", conta. O diagnóstico de autismo veio dois anos depois

Questionada sobre o aprendizado da filha, ela diz que muitas escolas estão bem menos preparadas do que os pais. Matriculada em um escola regular, porém pequena, Carolina já consegue escrever o alfabeto e sabe os números. "Ás vezes, eu brinco com ela à noite, digo que ela vai ser presidente de uma multinacional. Mas, a verdade, é que ela pode ser o que ela quiser, o mais importante é que seja feliz", diz Paula.

Tempo na escola
Outra questão que chamou atenção durante a pesquisa é que apenas 70% das crianças com autismo frequentam a escola durante toda a semana, enquanto mais de 16% vão apenas três dias por semana.
Resultado de falta de estrutura e preparo, explica Fernanda Dreux. "A política pública é incluir as crianças em escolas regulares. Mas ainda há situações como a de professores que têm uma sala com 50 alunos e mais uma criança autista", pondera.

A fonoaudióloga Danielle Defense, que trabalha com crianças autistas, diz que, mesmo aliviados, muitos pais acabam frustrados com a situação e não raro, têm um histórico de tentativas em muitas escolas. "Eles mostram bastante insatisfação em como são recebidos e como são ouvidos pelos professores e diretores, por mais que as crianças estivessem na escola. Há muita resistência."
Ainda assim, Daniele insiste para que os pais não desistam, e acompanhem o progresso acadêmico do filho. "É trabalho de sociabilização é muito importante, mas a criança tem que ter aprendizado", completa.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2014-01-26/para-72-dos-pais-de-crianca-autista-escola-nao-ajuda-no-aprendizado-do-filho.html