Blogueiro da Folha de São Paulo chama autistas e outros deficientes de "pessoas malacabadas". O tom é de brincadeira, mas não tem a menor graça! Tem esterótipos e termos que deveriam ser engraçados, mas que só depreciam os deficientes.
Reproduzo, aqui, inclusive com alguns dos comentários. O Link da matéria está acima!
A conquista dos autistas
POR Jairo Marques
“Zente”, apesar de alguns meios de
comunicação já terem falado sobre o assunto, ainda falta um bocado de
informação no que diz respeito de mais uma lei criada neste país. Desta
vez, as regras dizem respeito a esse universo paralelo em que vivem as
pessoas “malacabadas”.
“Beleza tiozão, mas deixa de lengua-lengua e desembucha. O que mudou?”
Seguinte, meu povo querido: desde o
começo de dezembro de 2012, os “zimininos” autistas passam a ter os
mesmíssimos direitos que qualquer pessoa com deficiência.
Isso quer dizer que o galerê com autismo
vai entrar na cota do mercado de trabalho, vai poder comprar carro com
desconto de imposto, vai ter assegurado mecanismos de inclusão e que
facilitem sua interação em sociedade.
Eu jamais poderia ser contrário a essa
iniciativa, ‘oficourse’, que vem na esteira da grande mobilização que
fez a comunidade ligada à causa. Extraordinária a vitória deles.
O que me cabe diante dessa conquista é
dar boas-vindas ao povão “tchubirube” que vai ajudar empurrar essa Kombi
‘véia’ rumo a um mundo com mais atenção às suas diversidades.
Mas cabem alguns questionamentos tanto para os atores políticos, empresariais e líderes sociais:
- Primeiramente, é preciso uma ação em
massa para que todos saibam ter definições mais claras do que é o
espectro autista. No Brasil, até médicos ainda têm dificuldades para
definir um diagnóstico precoce da deficiência.
- Autismo vai fazer parte do grupo de
deficiência sensorial, física ou intelectual ou nenhuma dessas? Quais
serão as demandas específicas desse público? Se cadeirante quer rampa,
cego quer braile, surdo quer legendas ou sinais, qual a demanda que
todos nós, leigos, devemos batalhar por esse grupo?
- Com mais pessoas pleiteando os mesmos
direitos, ampliam-se as demandas. Qual a resposta do poder público para
isso? Ou vamos ter apenas um número maior de pessoas reclamando,
reclamando, reclamando que as coisas não funcionam como deveriam?
- Alguns autistas possuem limitações em
ter interações sociais. Como fica o papel da sociedade nisso? Já passou
da hora de bater o bumbo a respeito dessa questão. Se até hoje puxam o
braço dos cegões ao atravessar a rua, em vez de cedê-lo, imagina o que
não rola com alguém que pode ter dificuldades diversas de se relacionar.
- E as escolas? Os professores começaram
há poucos anos entender, repito, entender as peculiaridades de um PC,
de um surdo… Que estrutura eles terão para dar o atendimento correto a
um autista?
É ótimo para os políticos propagandearam
que aprovaram uma lei (mais uma), mas é péssimo não ter um caminho
definido de ação e de resposta concreta diante daquilo que puseram peso
legal.
Os autistas são, evidentemente, muito
bem-vindos ao time dos que não tem perna, dos que tem o escutador de
novela avariado, dos que puxam cachorro, dos que são meio “lelés”, dos
que babam um pouquinho pelo canto da boca.
O que queremos agora, com essa força
extra (que havia um tempo já se achegava!!) é engrossar o coro de que é
preciso ação efetiva para que as coisas aconteçam, para que o respeito
às diferenças se exerça e que todos possam, de forma efetiva, viver bem
em seus espaços do jeito que são… ou que podem ser.
A folha era um jornal bom, mas tá se tornando papel de limpar a bunda…e olha lá, só se for a tua tbém! ahsiuahsuihauihsiuahusas E apaga esse comentário tbém jiglozão, só mostra os outros elogiando suas asneiras né? jigolô e fujão ainda…. tira sarro da sua cara na proxima vez que escrever manézão! :*
Suas palavras me soaram buscando IBOP e vc conseguiu. Chamou atenção pela sua negatividade e me pareceu ter tido uma péssima noite antes de colocar suas palavras, “maucriadas”, totalmente descabidas. Talvez valesse a pena se retratar com aqueles que fizeram alguma coisa por um alguem a quem vc usa para vender jornal. Que pena!
Renata Rezende Valente Benjamin
É preciso, SIM, que as pessoas saibam o que é o autismo. Cada criança no espectro é única, mas muitas apresentam características idênticas, as quais a sociedade desconhece. A imagem que todos têm do autista é de alguém que se balança, não interage… ou então daqueles gênios dos filmes. Precisamos de espaço. Dizem que uma próxima novela vai apresentar um personagem autista, o que é ótimo, pois populariza o tema, espero que seja abordado de forma ampla, e não de forma estereotipada.
Precisamos de visibilidade, e a TV ainda é a maior forma de divulgar e informar, desde que seja feito de forma adequada.
As demandas para pessoas com autismo variam, de acordo com idade ou grau do autismo, porém, há coisas básicas, como na idade escolar, por exemplo, o ideal é ter, na escola, profissionais especializados no assunto, para que possam fazer abordagens específicas. Um exemplo: a criança autista, independente do grau, necessita de suporte visual, necessita conhecer sua rotina, então, que as escolas propiciem isso, figuras explicativas, quadro de atividades com as figuras, atividades adaptadas… Uma turma toda fazendo uma atividade de matemática e a criança autista, na mesma sala, pintando o desenho de um patinho não é incluir. Mas, se a criança conseguir, de outra forma, desenvolver o mesmo objetivo da atividade, adaptar isso, para que ela esteja também participando da aula de matemática. Atitudes simples ajudam, como, por exemplo, alternativas para as questões sensoriais, um cantinho, na sala de aula, para o aluno “relaxar”, “se desligar”, não só o autista, mas faz-se um cantinho onde ele vá e outros colegas tb participem, se revezando… enfim, são exemplos pequenos de demandas específicas. Como a escola faz parte da vida de todos, é principalmente lá que as coisas devem funcionar da maneira mais adequada possível, através de pessoas e de recursos materiais, partindo da informação também, aos colegas, aos professores, aos pais dos colegas… para que todos tenham conhecimento de como ajudar e contribuir para o melhor ambiente possível.
Dificuldades de interação muitas pessoas têm, mesmo as não autistas. Aí, parte-se do bom-senso. Em uma sala de aula, por exemplo, o professor, por meio de estudos e muito diálogo com a família a terapeutas da criança, vai criar estratégias para que, aos poucos, a criança interaja mais. Uma criança autista, no recreio, por exemplo, pode querer se isolar, então, que se criem alternativas para que isso não ocorra, atividades que envolvam a criança até esmo durante o recreio. Um exemplo real é de uma escola que criou o “Clube do Amigo”, e durante o recreio algumas crianças praticavam atividades esportivas com as outras que tivessem dificuldade… uma desculpa para haver o momento de interação.
Enfim, para cada situação, há um conjunto de ações que podem e devem ser tomadas, assim como em qualquer outro caso de deficiência. Como o autismo ainda possui causa desconhecida e não é uma deficiência que apareça em um exame, por exemplo, é difícil de diagnosticar e de conseguir um laudo.
Entretanto, hoje, há muito mais informação a respeito, há novas leis (leis, no papel, não servem para nada, mas são necessárias para que pais possam ir até esse papel e dizer: eu tenho direito, sim, olhe, está na Lei!), há mais discussões a respeito. Começa assim, pela informação. A partir disso, é uma luta diária, como é para tudo, principalmente em nosso país. E, por mais informação que exista, há quem olhe torto, há quem não saiba como agir e há quem nem tenha vontade de agir, e temos que conviver com isso. Ficar parado é que não dá!
Infelizmente, no caso dos professores (sou professora também), somos nós, os pais, que devemos “ensiná-los” muitas alternativas e abordagens… Ninguém nos preparou para sermos pais de crianças com dificuldades no desenvolvimento, nós tivemos que aprender “na marra”, e queremos que as escolas se preparem, mas a grande maioria só irá se preparar se nós ficarmos insistindo e mostrarmos a importância disso. E aí, temos papel fundamental, por isso não há inclusão escolar sem parceria família-escola.
São inúmeras questões, mas muitas não são tão difíceis quanto parecem, partem apenas da boa vontade. Uma lei como essa também faz com que instituições como a escola se desacomodem, saiam de sua “zona de conforto” e busquem mais informação, a princípio pela “obrigação”, depois, como ocorre com tudo, vão percebendo que não é tão complicado e vira parte da rotina. Os bons professores procuram fazer o melhor, o que lhes falta, geralmente, é incentivo e orientação. Uma pessoa que escolhe ser professor, nesse país, é porque acredita em algo maior, com certeza ninguém escolhe pelo dinheiro… então, geralmente, são pessoas abertas a aprender e a ajudar, basta haver uma parceria legal. E é isso que eu penso, começa pela escola, depois vai se espalhando.
Coleguinhas que conviverem com uma criança autista já terão outra visão do espectro… e assim vai. É demorado, mas não é impossível.
Abraços, Janice
Sinto na pele tudo o que vc escreveu aqui.
De que adianta a lei se as escolas não sabem o que é AUTISMO?
Tantas pessoa que tem um autista na família e poderiam ter enriquecido a discussão, mas preferiram ficar te apedrejando sem nem conhecerem o seu trabalho de tanto tempo empurrando a kombi véia.
Gostei do seu texto, como sempre.
Adoro seu modo de escrever.
Só quero dizer que eu sou estrupiada SIM! Tem tantas coisas que me ofendem bem mais do que o seu termo…
E além disso, eu tenho muito orgulho do meu irmão com Síndrome de Asperger. Eu o amo do jeito que ele é!
Tamo junto, Jairo!
“Malacabados” é seu conhecimento de causa, ou seria só uma forma de polemizar e aparecer? E discordo que você não ofendeu ninguém: como mãe de autista me sinto MUITO ofendida com esta pseudo-matéria. Na era da globalização, cada um fala a MERDA que quiser. Pura MERDA.