Pesquisadores descobrem um meio de tornar mais lentas as células cerebrais que podem desencadear distúrbios neurológicos
Susannah F. Locke
Cientistas afirmam ter localizado com precisão um gene cerebral que pode
acalmar as células nervosas muito irrequietas, o que potencialmente
abre caminho para novas terapias para o autismo e outros distúrbios
neurológicos.
“É animador porque abre uma nova perspectiva nessa
área,” comenta Michael Greenberg, neurobiologista da Harvard Medical
School.“Ninguém havia encontrado até agora um gene que controlasse esse
processo.”
O cérebro tenta constantemente manter um equilíbrio
entre a atividade exagerada e a atividade reduzida de células nervosas.
Os neurologistas acreditam que quando esse equilíbrio é rompido, podem
ocorrer distúrbios como o autismo e a esquizofrenia. Não se sabe com
certeza por que os neurônios ─ células nervosas ─ perdem o controle. Mas
Greenberg acredita que ele e seus colegas localizaram, em camundongos,
um gene que ajuda a manter a atividade neural sob controle ─ e talvez um
dia possa ser aproveitado para prevenir ou reverter problemas
neurológicos.
Pesquisadores anunciaram na Nature a
descoberta de que um gene chamado Npas4 que produz, em grande escala,
uma proteína que impede os neurônios de se tornarem muito excitados ao
se comunicarem entre si por meio de conexões conhecidas com sinapses.
Quando essa proteína é bloqueada, os neurônios disparam mais sinais que o
normal, mas quando os níveis da proteína aumentam, os neurônios se
acalmam.
Gina Turrigiano, neurocientista da Brandels University,
que estuda aspectos da comunicação entre neurônios, observa que o estudo
de Greenberg se revela “potencialmente, um caminho bastante
intrigante,” para controlar a atividade neural. Mas ela ressalta que o
Npas4 pode não ser o único gene que faz isso. Camundongos sem Npas4
podem sobreviver, embora possam ser capturados mais facilmente e tenham
um tempo de vida mais curto que camundongos normais.
Enquanto os
cientistas aprofundam seu conhecimento sobre a forma como as células
cerebrais se mantêm em equilíbrio, Greenberg acredita que serão capazes
de identificar pessoas geneticamente mais propensas a sofrer distúrbios
neurológicos e de desenvolver novos medicamentos para prevenção e
tratamento desses pacientes.
Ele alerta para o fato de que
outros genes, também afetados pelo Npas4, estão sendo associados ao
autismo, mas adverte que as novas terapias resultantes de sua pesquisa
“ainda têm um longo caminho a percorrer,” conclui. “Estamos apenas
começando, ainda há muito por conhecer”.
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