Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) no Autismo
O
autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que
afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização
(estabelecer relacionamentos) e de comportamento (responder
apropriadamente ao ambiente — segundo as normas que regulam essas
respostas). Esta desordem faz parte de um grupo de síndromes chamado
transtorno global do desenvolvimento (TGD), também conhecido como
transtorno invasivo do desenvolvimento (TID), do inglês pervasive
developmental disorder (PDD).
Mais recentemente cunhou-se o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) para englobar o Autismo, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação.
Segundo a ASA (Autism Society of American), indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das características listadas a seguir:
1. Dificuldade de relacionamento com outras pessoas
2. Riso inapropriado
3. Pouco ou nenhum contato visual
4. Aparente insensibilidade à dor
5. Preferência pela solidão; modos arredios
6. Rotação de objetos
7. Inapropriada fixação em objetos
8. Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade
9. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino
10. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina
11. Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam perigo)
12. Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determinada maneira os alisares)
13. Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal)
14. Recusa colo ou afagos
15. Age como se estivesse surdo
16. Dificuldade em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras
17. Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente
18. Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos
É
relevante salientar que nem todos os indivíduos com autismo apresentam
todos estes sintomas, porém a maioria dos sintomas está presente nos
primeiros anos de vida da criança. Estes variam de leve a grave e em
intensidade de sintoma para sintoma. Adicionalmente, as alterações dos
sintomas ocorrem em diferentes situações e são inapropriadas para sua
idade. Vale salientar também que a ocorrência desses sintomas não é
determinista no diagnóstico do autismo, para tal, se faz necessário
acompanhamento com médico neurologista. E a criança precisa ter sua vida
afetada em 3 áreas antes dos 3 anos de idade:
a) comprometimento na interação social;
b) comprometimento na comunicação verbal e não-verbal, e no brinquedo imaginativo;
c) comportamento e interesses restritos e repetitivos.
Na Universidade de Kentucky, nos Estados Unidos, há diversos estudos sobre cérebro autista. Um destes estudos, realizado por Dr. Casanova, em 2006, demonstra que a Estimulação Magnética Transcraniana tem a capacidade de diminuir os sintomas do autismo como hipersensibilidade, sem comprometer a criatividade e habilidades que fazem as pessoas autistas tão extraordinário.
O Tratamento de Estimulação Magnética Transcraniana se baseia na estimulação ou inibição da parte mais externa do cérebro chamada neocórtex. Dentro do neocórtex existem grupos de células chamadas minicolunas. Estas minicolunas são a menor unidade de células capazes de processar informação. As minicolunas incluem células relativamente grandes, os neurônios, o que permite a comunicação não só dentro de uma minicoluna mas também entre diferentes partes do cérebro.
Em pessoas com autismo as minicolunas são menores e mais numerosos do que o normal. Além disso, os neurônios dentro de cada minicoluna são reduzidos em tamanho. Isso pode ser bom e ruim, pois desde que a eficiência das conexões entre os neurônios seja mantida. No entanto, a presença de menores neurônios no cérebro de pacientes autistas tem um efeito dramático sobre a maneira que diferentes partes do cérebro interagem uns com os outros. As atividades que exigem projeções mais longas (por exemplo, linguagem) pode ser prejudicada enquanto aqueles que dependem de conexões mais curtas (por exemplo, manipulações matemáticas), podem ser conservados ou reforçado. "
A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) pode "inverter o campo magnético no córtex", reforçando assim o isolamento ao redor do minicolunas. Mais importante, o tratamento não tem efeito colateral de mudar os processos de personalidade ou pensamento da pessoa a ser tratada.
Um estudos publicado, em 2008, no Journal of Autism and Developmental Disorders foca na neuropatologia do autismo que é caracterizado por uma perturbação de modulação cortical. Neste estudo, se propôs o uso de baixa freqüência da Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), como forma de aumentar a inibição de contato das minicolunas no autismo. Treze pacientes (ADOS e ADI-R diagnized) e igual número de controles participaram do estudo. A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) foi feita em 0,5 Hz, 2 vezes por semana durante três semanas na área suplementar motora do córtex pré-frontal dorsolateral direito. Resultado de medidas baseadas em potenciais relacionados a eventos (ERP), a atividade gama induzida, e medidas comportamentais mostraram melhora significativa pós-Estimulação Magnética Transcraniana (EMT).
Os resultados sugerem que a EMT oferece uma intervenção potencial terapêutico para o autismo com ótimos resultados. A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) demonstrou ser efetiva no tratamento de doenças mentais, como esquizofrenia e depressão, agora também vários outros estudos com a Estimulação Magnéica Transcraniana têm demonstrado resultados positivos no autismo.
Para maiores informações entre em contato com a Clínica Neurológica Higashi (Neurologia e Neuroestimulação) pelo telefone (21) 3439-8999 (Rio de Janeiro).
Acesse também para mais informações na nossa página sobre Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva.
Leitura complementar:
- Casanova MF, Kooten IAJ van, Switala AE, Engeland H van, Heinsen H, Steinbusch HWM, Hof PR, Schmitz C. Abnormalities of cortical minicolumnar organization in the prefrontal lobes of autistic patients. Clinical Neuroscience Research 2006; 6(3–4), 127–133.
- Chae, J. H., Nahas, Z., Wassermann, E., Li, X., Sethuraman, G., Gilbert, D., et al. (2004). A pilot safety study of repetitive transcranial magnetic stimulation (rTMS) in Tourette's syndrome. Cognitive and Behavioural Neurology, 17(2), 109-117
- Mantovani, A., Lisanby, S. H., Pieraccini, F., Ulivelli, M., Castrogiovanni, P., & Rossi, S. (2006). Repetitive transcranial magnetic stimulation (rTMS) in the treatment of obsessive-compulsive disorder (OCD) and Tourette's syndrome (TS). International Journal of Neuropsychopharmacology, 9(1), 95-100.
- Estate M. Sokhadze, Ayman El-Baz, Joshua Baruth, Grace Mathai, Lonnie Sears and Manuel F. Casanova. Effects of Low Frequency Repetitive Transcranial Magnetic Stimulation (rTMS) on Gamma Frequency Oscillations and Event-Related Potentials During Processing of Illusory Figures in Autism. Journal of Autism and Developmental Disorders. Volume 39, Number 4, 619-634, DOI: 10.1007/s10803-008-0662-7. 2008.
Produzido por:Andrea Nunes Higashi
Coordenadora de Educação e Pesquisa da Clínica Higashi – Neuroestimulação e Neurologia Rio de Janeiro e Londrina
Coordenadora de Educação e Pesquisa da Clínica Higashi – Neuroestimulação e Neurologia Rio de Janeiro e Londrina
A partir de que idade pode ser feita a TMS?
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