quinta-feira, 17 de maio de 2012

Papo de mãe: especilista de gente

do blog lagarta vira pupa
fonte: http://lagartavirapupa.com.br/blog/especialista-de-gente/

Hoje, temos mais um guest post. E tudo por causa de um email que recebi em um grupo que participo. Foi a querida Cristina Alves que escreveu sobre essa coisa de nos tornarmos “especialistas de gente”.

Cris, muito obrigada por me deixar publicar aqui! E um feliz dia das mães atrasado pra todas vocês!
“Fiquei pensando em como o autismo transforma a vida dos familiares de pessoas autistas. Pra mim, como para a grande maioria das pessoas, autista era aquela pessoa como do filme “Meu filho, meu mundo” e isso para nós praticamente não existia, ficava no país do “Tão, tão Distante”.

Aí veio um lindo bebê que fazia algumas coisas diferentes. Eu achava engraçado que meu filho com um mês olhava pra minha boca, qdo  lhe falava ele também resmungava, como se quisesse falar. Uma vez eu precisei levar minha outra filha pra escola e o deixei na vizinha. A vizinha observou que ele iria falar logo, já que ele fazia isso. Guardei isso no meu coração.
Meu relacionamento com o bebê era ótimo. Quando ele chorava, eu conseguia distinguir o que ele queria. Um dia ele chorou e eu falei para meu marido que ele tinha feito coco. Meu marido perguntou como eu sabia e eu disse que pelo choro. Tambem guardei isso no meu coração.

Aos dois ou três meses, eu fui ao ponto do ônibus com ele no colo pra levá-lo ao médico e quando o motorista ligou o motor, o bebê estremeceu. Parecia emocionado com o ônibus. Como podia uma criança tão pequena? Eu guardei, também, isso no meu coração.

Aos seis meses, passamos a primeira virada de ano juntos e meu filho entrou em desespero com os fogos e de uma maneira tão desesperadora que eu liguei para um pediatra sobre como eu deveria proceder, já que eu não conseguir acalmá-lo. O médico respondeu que o bebê já estava no colo da mãe e que isso era o bastante. Eu vi que, por mais que fizesse, não, não era o bastante,  e guardei, também, isso no meu coração.

Muitas coisas assim “diferentes” foram nos acontecendo e tudo eu guardei no meu coração. Mas não entendia, só fui entender quando o levei a um médico de genética que deu o possível diagnótico de um autismo não clássico. Também passamos com um médico neurologista que falou coisas horríveis, me culpando e saí de lá aos prantos.

Aí, sim, as coisas foram clareando, e isso graças as pessoas que conheci na internet. Sim, pessoas conhecidas na internet,  porque a classe  médica ficou devendo e muito.

Tudo o que fui guardando no meu coração, o que seria impossível escrever num pequeno texto,  serviu para me fazer crescer, a conhecer melhor as pessoas, e foi assim que eu virei uma especialista de gente. Gente marido, gente filha, gente irmãos, gente médica, gente professora, gente coleguinhas de escola, gente mães de crianças autistas ou não, gente que eu nem conhecia e que se achava no direito de saber mais do meu filho que eu,  gente que nos deu a mão e nos guiou, gente que até me chamou a atenção para o que eu não estava percebendo e fiquei agradecida.

Toda essa gente eu também guardo no meu coração, tudo serviu para me tornar uma especialista em gente.

Feliz dia das mães para todas as mães, mas especialmente para as outras especialistas de gente como eu.”

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