terça-feira, 4 de setembro de 2012

Incorporando as Estratégias do Estilo Responsivo na Escola


Texto extraído do grupo mães son-rise do Sky Drive

Por Sean Fitzgerald,
professor certificado do programa Son-Rise® e diretor da Organização Autism International

Neste texto encontra-se um conjunto de ideias e sugestões para aqueles que desejam incorporar algumas das ferramentas do estilo responsivo de interação dentro do ambiente escolar.

Conteúdo - A criação de uma parceria entre os pais e a equipe de profissionais da escola - Ferramentas de ensino utilizando o foco do Estilo Responsivo - Metas para o professor auxiliar/mediador que têm como objetivo ajudar a criança no ambiente de uma escola convencional - O ambiente da classe adaptado às necessidades sensoriais - A “Integração Sensorial” e dicas que podem auxiliar o desenvolvimento das crianças levando-se em conta suas necessidades sensoriais - Uma preparação e apoio para a transição ao ambiente escolar - Sessões domiciliares em trio para praticar brincadeiras em pequenos grupos



A CRIAÇÃO DE UMA PARCERIA ENTRE OS PAIS E A EQUIPE DE PROFISSIONAIS DA ESCOLA

(Informações dirigidas aos pais)
Se a sua criança frequenta a escola ao mesmo tempo em que participa também de um programa educacional domiciliar de estilo responsivo, você pode contribuir para a criação de um projeto de metas compartilhadas e o espírito de trabalho em equipe entre você e os profissionais da escola. Compartilhe com a escola as atuais metas e estratégias de seu programa domiciliar. Informe aos profissionais da escola que você está enfatizando o desenvolvimento das habilidades sociais em casa, e de que forma você está incentivando maior contato visual, período de atenção compartilhada e comunicação. Descreva como você está utilizando o brincar e o estilo responsivo para construir um relacionamento e uma conexão ainda mais profunda com sua criança.



Informe-se sobre as atuais metas e atividades pedagógicas na escola para sua criança. Crie um simples formulário de relatos para ser preenchido pelos profissionais da escola diariamente e outro a ser preenchido quinzenalmente (um resumo). Estes relatórios têm como objetivo mantê-lo consciente das conquistas e das dificuldades de sua criança na escola.

Procure saber com antecedência quais serão as atividades propostas na escola de forma que você possa preparar sua criança para estas atividades escolares durante as sessões em casa.
Busque um equilíbrio entre o estilo diretivo e responsivo de interação. Nos estágios iniciais do Programa Son-Rise®, somos responsivos em 99% do tempo. À medida que a criança se desenvolve socialmente e se torna muito mais interativa e flexível, então nós começamos a introduzir mais períodos em que somos diretivos ou posicionamos a criança em um ambiente mais diretivo (como a escola). Queremos buscar o equilíbrio dos dois estilos de uma forma que seja efetiva para a criança. Algumas crianças, quando passam mais tempo no ambiente diretivo da escola, necessitam de um estilo mais responsivo em casa até que desenvolvam melhor a habilidade de lidar com ambientes diretivos.


No final deste texto, incluímos explicações sobre as sessões domiciliares que contam com 3(três) pessoas no quarto de brincar e que podem ser organizadas pelos pais para facilitar o desenvolvimento das habilidades sociais de seus filhos em ambientes de grupos pequenos.
FERRAMENTAS DE ENSINO UTILIZANDO O FOCO DO ESTILO RESPONSIVO
(Informações dirigidas aos professores da escola)

Áreas em que as técnicas do estilo responsivo podem ajudar no ambiente escolar:
• Aumentar a confiança
• Aumentar a motivação
• Aumentar a compreensão
• Aumentar a flexibilidade (sua e da criança)
• Aumentar o nível da interação
• Aumentar a responsividade (sua e da criança)

Incorpore celebrações sociais durante o dia da criança na escola. Mostre e compartilhe de formas variadas o quanto você aprecia o engajamento social da criança. Celebre o contato visual, os contatos físicos gentis, a comunicação interativa, e a resposta às solicitações. Celebre as interações sociais que a criança tem com adultos, assim como as que ela tem com outras crianças.


Avalie o atual equilíbrio entre um estilo responsivo e diretivo de interação na escola.
O estilo responsivo de interação se refere aos momentos em que você responde às motivações e interesses da criança (incluindo o recuo nos momentos em que a criança não deseja se engajar ou interagir com você). O estilo diretivo de interação se refere aos momentos em que você dirige uma atividade, mesmo se a criança não se mostrar pronta ou motivada para a atividade. Aumente a porcentagem de tempo em que você é responsivo em seu estilo de interação.


Fique atento ao estado de disponibilidade da criança quando introduzir atividades (em isolamento, interessada, altamente conectada). Nos períodos em que decidir utilizar um estilo responsivo de interação, apenas introduza atividades se a criança estiver interessada (presença de contato visual ou comunicação) ou altamente conectada (geralmente maior contato visual, animação facial, maior participação ativa). Ao utilizar o estilo responsivo de interação, respeite quando a criança disser não a uma atividade e pause antes de re-introduzir a mesma atividade, ou introduza uma das atividades pelas quais a criança sente-se motivada, ou permita que a criança escolha uma atividade.
Continue a monitorar e a avaliar o equilíbrio na classe entre os estilos responsivo e diretivo de interação. À medida que a criança começa a se mostrar mais interativa, responsiva e flexível, você pode gradualmente aumentar a porcentagem de tempo em que você se mostra mais diretivo em seu estilo de interação.


Crie uma lista das atividades que são motivadoras para a criança (atividades interativas que já são favoritas da criança). Ofereça as atividades motivadoras quando a criança estiver nos estados interessado ou altamente conectado durante sessões responsivas como uma maneira de investir na interação e diversão durante o período na escola.

Você pode inserir metas de habilidades sociais nestas atividades motivadoras, incentivando a criança a desenvolver suas habilidades de contato visual, comunicação, período de atenção compartilhada, flexibilidade e habilidades de amizade em geral. Incorpore o princípio de ação motivadora na criação das atividades da classe, tendo em mente as metas desejadas. Por exemplo, se você estiver trabalhando no desenho de círculos e a criança for motivada por dinossauros, então você poderia desenhar círculos ou “pegadas” ao redor dos pés dos dinossauros e encorajar a criança a fazer o mesmo. Se a atividade incluir a leitura de uma história e perguntas e respostas sobre abelhas e a criança for motivada por brincadeiras físicas e cócegas, então você poderia desenhar e prender uma pequena abelha de papel em seus dedos, e fazer cócegas na criança com ela. Leia a estória da abelha e intercale com animadas cócegas da abelha, ajudando a criança a manter-se interessada. Mais tarde na atividade, quando solicitar que
ela responda a questões de compreensão do texto, ofereça animadas cócegas da abelha após cada resposta.
Durante sessões responsivas, permita a ocorrência de atividades de autoestimulação e junte-se à atividade da criança (quando possível). Incorpore o “juntar-se” à rotina da escola. Tenha momentos em que o professor ou o professor auxiliar/mediador reproduza o comportamento de isolamento da criança de forma a demonstrar aceitação e adquirir maior compreensão de seu universo com o objetivo de aprofundar a relação com a criança. Se a criança estiver inserida em uma classe convencional dentro de um projeto de inclusão, ocasionalmente ofereça às outras crianças a oportunidade de juntar-se aos comportamentos de sua criança (crianças freqüentemente têm uma tendência natural a juntar-se ao comportamento das outras).


Isso pode tornar o comportamento da criança menos distinto do comportamento das outras crianças, encorajando maior conexão entre elas. Algumas crianças se beneficiam com a alternância entre períodos em que permanecem sentadas e concentradas e períodos de intensa estimulação sensorial. Atividades de estimulação sensorial podem incluir ações como pressões na cadeira para levantar-se (enquanto você permanece sentando, segure as laterais do assento da cadeira ou repouse sua mão em suas próprias coxas e pressione para baixo, como se estivesse prestes a se levantar, repita dez vezes) ou ofereça curtos períodos de movimentos físicos intensos como pular na cama elástica, correr, dançar, rolar no chão, etc.


Crie um quadro de limites a ser revisto semanalmente ou a cada duas semanas.
Anote as áreas em que os professores e pessoas da equipe poderão demonstrar maior flexibilidade e serem menos controladores, assim como as áreas em que a equipe poderá impor limites de maneira calma, clara e padronizada. Por exemplo, a equipe poderá decidir que permitirá que a criança se levante e fique se balançando para frente e para trás se sentir necessidade, mas não permitirá que a criança abra a torneira da pia na classe. Se a criança se levantar para balançar, o professor e o professor assistente/mediador permitirão que ela o faça durante um tempo combinado para que ela possa fazer a auto-regulação. Se a criança for até a pia e abrir a torneira, o professor assistente, o professor principal ou outra pessoa da equipe poderá lhe dizer calmamente e de forma padronizada que a torneira não é para brincar, e fechar a torneira.


Algumas crianças podem ter dificuldade para processar ao mesmo tempo múltiplos estímulos e isso pode afetar o seu comportamento. Por exemplo, um garoto apresentava dificuldades para prestar atenção à leitura de histórias na escola. Seu professor auxiliar continuamente tentava fazer com que ele prestasse atenção enquanto ele ficava com o olhar aparentemente perdido ou deitava sua cabeça na mesa de olhos para baixo. Ao perceber que essa dificuldade poderia ser devida ao processamento simultâneo de estímulos visuais e auditivos, o professor auxiliar permitiu que ele pusesse a cabeça para baixo na mesa de forma a bloquear todo o estímulo visual. Só então ele foi capaz de responder às questões do professor sobre a história. Quando o professor auxiliar tinha previamente insistido em fazer com que ele mantivesse a cabeça levantada, a compreensão da história tinha sido significativamente mais baixa. Os professores, re-avaliando o quadro de limites que haviam feito para a criança, tomaram a decisão de permitir que o aluno colocasse a sua cabeça para baixo na mesa, em vez de insistir com que ele mantivesse a cabeça em pé, de forma a “manter a atenção.”

Ofereça mais explicações para a criança com autismo em sua classe e ofereça estas explicações das mais variadas formas. Freqüentemente, a linguagem expressiva a criança está muito aquém de sua linguagem receptiva. Se a criança pode compreender o que você está explicando, então uma ótima oportunidade pode estar sendo perdida quando explicações não são concedidas (nada é perdido se a criança não compreende). Até mesmo quando a criança ainda
não compreende a explicação, ao oferecermos a explicação estamos oferecendo a ela oportunidades contínuas de aumentar a sua compreensão.


Explicar de formas variadas:
Experimente explicar utilizando sentenças completas e compartilhando detalhes do que está acontecendo e o porquê.
Experimente explicar utilizando sentenças simples e curtas.
Experimente explicar utilizando figuras ou símbolos visuais.
Experimente explicar através de modelagens (você é o modelo) e encenações.
Experimente explicar através do uso de histórias sociais, como as histórias sociais de
Carol Gray (http://www.thegraycenter.org/social-stories/what-are-social-stories).



METAS PARA O PROFESSOR AUXILIAR/MEDIADOR QUE TÊM COMO OBJETIVO AJUDAR A CRIANÇA NO AMBIENTE DE UMA ESCOLA CONVENCIONAL


(Informações dirigidas aos professores auxiliares/mediadores)
Nós queremos que a criança aprenda a:
1) Procurar ajuda, buscar referências sociais e dirigir sua atenção a outras crianças.
2) Procurar ajuda e responder ao professor principal.
3) Manter a sua auto-regulação.
4) Procurar ajuda, buscar referências sociais e responder ao professor auxiliar.


Como auxiliar a criança a procurar ajuda, buscar referências sociais e dirigir sua atenção a outras crianças.
Quando trabalhando em uma atividade, o professor auxiliar pode fazer comentários, apontar e celebrar o trabalho de outras crianças naquela atividade. Isso encoraja a criança com autismo a prestar mais atenção ao que as outras crianças na classe estão fazendo. O professor auxiliar pode também apontar, “Olhem como Charlie está esperando na fila pela sua vez. Nossa, é ótimo isso que o Charlie está fazendo.” Em outros momentos, o professor auxiliar pode pedir a uma criança responsiva para explicar algo para a criança com necessidades especiais ou até, em alguns momentos, encorajar uma outra criança a escrever em seu caderno para que a criança com autismo copie, etc.
Como auxiliar a criança a procurar ajuda e responder ao professor principal.
Para fazer isso, a criança com necessidades especiais deve ser em alguns momentos corrigida pelo professor em vez de ter o professor auxiliar sempre a ajudando ou tomando o lugar do professor. O professor auxiliar deve trabalhar em parceria com o professor principal para que possam equilibrar este trabalho conjunto de uma forma que seja eficaz para a criança especial e para os seus colegas de classe.


Como auxiliar a criança a manter a auto-regulação.
Permita que a criança algumas vezes sente-se e concentre-se novamente sem o estímulo do professor ou professor auxiliar. Isso pode levar mais tempo, mas permite que a criança desenvolva habilidades úteis de auto-regulação. Por exemplo, muitas das crianças neurotípicas se levantam entre atividades e se movem pela classe (ou até dão pulinhos e ou pequenos giros por alguns instantes). Observamos com freqüência professores auxiliares tentando manter a criança com autismo sentada. Em vez de manter a criança com autismo sentada, permita que ela se levante e se mova ao redor se as outras crianças estiverem fazendo isso. Então, dê a ela a oportunidade de voltar ao seu assento antes que a próxima atividade comece. Pause e observe se a criança volta sozinha. Se ela não voltar a se sentar por conta própria, o professor auxiliar pode diretamente pedir a ela que o faça ou celebrar as outras crianças que estão voltando aos seus assentos (trazendo a
atenção da criança com autismo para o que as outras crianças estão fazendo), ou ainda, intencionalmente esperar que o professor principal verbalmente direcione a criança de volta para o seu assento.


Como auxiliar a criança a procurar ajuda, buscar referências sociais e responder ao professor auxiliar.
O professor auxiliar pode algumas vezes participar e realizar as atividades que o professor principal tenha planejado. Em vez de apenas observar as outras crianças e orientar a criança especial, o professor auxiliar pode também trabalhar na atividade ele mesmo. O professor auxiliar pode então encorajar a criança a olhar para o que ele está fazendo em vez de simplesmente dizer a ela o que fazer. Isso permite que a criança desenvolva habilidades para buscar referências sociais e prestar atenção a alguma outra pessoa de forma a imitar e aprender com os outros. Diga diretamente à criança o que você gostaria que ela fizesse. Celebre quando ela pedir por ajuda e utilize uma das quatro ferramentas:

1. ofereça a resposta ou a modele para ela,
2. dê como referência as outras crianças, dê como referência o professor,
3. encoraje a criança a resolver a questão por si mesma.)

Um exemplo de atividade para incentivar a utilização de referências sociais.

Você pode usar um divertido aceno de cabeça significando sim/não quando se comunicar com a criança enquanto vocês estiverem envolvidos em uma atividade altamente motivadora. Desse modo, a criança é encorajada a olhar em direção ao seu rosto para obter informações. Por exemplo, eu estive recentemente com um garoto que adora jogar “4 quadrados” com seus colegas de classe. Durante o jogo, cada criança fica em seu quadrado – são 4 quadrados unidos na forma de um grande quadrado no chão. As crianças jogam a bola de um quadrado para o outro. Se a bola quica no quadrado de uma criança, ela precisa jogar a bola em direção ao quadrado de outra criança. Se a criança não consegue pegar a bola ou joga a bola para fora de todos os outros quadrados, então ela perde um ponto. Após cada pontuação, quando as crianças estivessem motivadas para começar a jogar a bola novamente, um adulto poderia segurar a bola e de forma divertida acenar negativamente com a cabeça por 5 segundos, e então de forma animada acenar positivamente com a cabeça enquanto joga a bola para o jogo recomeçar.


O AMBIENTE DA CLASSE ADAPTADO ÀS NECESSIDADES SENSORIAIS
(Informações dirigidas a todos os profissionais da escola)

Para muitas crianças, algumas alterações feitas no ambiente escolar podem ajudá-las a se sentirem mais concentradas e calmas. Aqui estão algumas questões a serem consideradas.
Poderia ser benéfico para a criança ter um espaço 1:1 ou um “ninho” na classe, ou ter uma outra sala de “recarga/descanso/ninho” à disposição?

Há meios de você diminuir o nível de distração / sobrecarga sensorial na classe? Se existem muitas imagens / informações / cores espalhadas pelas paredes da classe, a criança que está sujeita a ficar sobrecarregada com um excesso visual pode se beneficiar se você diminuir o nível de distração visual ou sentar a criança em uma área em que exista menos distrações visuais. Pode ser particularmente importante reduzir a desordem visual atrás ou em volta do professor à frente da classe. Observe se a criança mostra-se mais concentrada ao sentar-se na frente, atrás, no meio ou no canto da classe. Algumas crianças podem ter uma necessidade fisiológica de se mover de forma a permanecerem alertas. Se esse for o caso da sua criança, assentá-la no fundo da sala e ser flexível ao permitir que ela se mova pode ser uma estratégia útil. Algumas crianças simplesmente se beneficiam de se levantarem enquanto trabalham em suas carteiras.

Outras podem concentrar-se mais se elas estiverem posicionadas diretamente na frente do professor, emvez de terem de girar para o lado para ver o professor. Muitas crianças se saem melhor se sentadas próximo a alunos mais quietos que não aumentam o nível de distração. Pode ainda ajudar se a carteira da criança não estiver próxima a um corredor ou passagem com bastante movimento.
A cadeira/mesa tem tamanho apropriado para a criança? Uma criança com baixo tônus muscular vai achar mais difícil concentrar-se enquanto em sua carteira se a mesa e a cadeira não oferecerem o suporte apropriado ao corpo.

A criança se torna distraída ou sobrecarregada com os sons? Há alguns modos de você diminuir o som ambiente no contexto da classe, tais como colocar um carpete no piso da classe ou instalar cortinas para bloquear o som vindo de fora. Em alguns casos, pode-se cobrir o sino da escola de forma que ele não soe tão alto. Para algumas crianças, pode ser útil prover um conjunto de fones ou protetores de ouvidos capazes de bloquear os ruídos, os quais podem ser usados pela criança de tempos em tempos para descansar do barulho.
Algumas crianças se beneficiam de uma mesa inclinada para que elas não tenham que se curvar para enxergar ou escrever nos seus papéis. Se a mesa não for inclinada você pode colocar uma estrutura inclinada no topo dela. Seria útil prover alguns desses espaços de trabalho inclinados na classe para outras crianças também de forma que a criança com necessidades especiais pudesse se sentir mais integrada no ambiente.


A sua criança perde o foco ou se torna irritada e frustrada facilmente se há um tempo extenso entre as refeições? Tenha um lanche saudável disponível na escola, até durante os momentos em que não há hora programada para lanches, para ser oferecido às crianças que têm grandes variações no açúcar do sangue, e subseqüente variação na habilidade de se concentrarem. Para algumas crianças com dificuldade no processamento auditivo torna-se importante prover instruções por escrito ou instruções visuais em vez de ter apenas o professor ou um facilitador dando instruções verbais. Almofadas no assento ou no chão podem ajudar algumas crianças a manter o nível de concentração. Um grande pufe pode ser também útil. Permanecer em fila é mais fácil para algumas crianças se elas estão na frente ou atrás da fila, ou em alguns casos, se elas têm alguma coisa para segurar (objetos para a próxima atividade, a porta, etc).


A designação de um parceiro/um amigo no parquinho da escola pode ajudar a facilitar a conexão social no parque ou pátio. Oferecer jogos ou atividades específicas para as crianças pode ser ainda mais eficaz.

Algumas crianças se beneficiam de atividades de aquecimento proprioceptivo antes de escrever ou pintar. Você pode usar uma massinha para moldar, apertar, rolar, etc.
Você pode usar uma pequena bola para apertar ou simplesmente apertar as mãos junto ao punho e depois balançá-las algumas vezes.

Cobertores pesados ou almofadas de colo pesadas podem ajudar algumas crianças a permanecerem mais concentradas. Observe como o nível de foco da criança muda quando o professor está se movendo ou quando ele está parado. Algumas crianças podem prestar mais atenção ao que o professor está dizendo quando ele se move, e em outros casos quando ele permanece parado.
Tenha folhas de trabalho pré-preparadas e disponíveis para a criança que tem dificuldade com a motricidade fina, em vez de fazer com que ela copie tudo do quadro. Algumas crianças prestam mais atenção a uma atividade se elas são alertadas de que o professor está a ponto de dar uma instrução.
Algumas crianças com dificuldade para escrever podem ditar as respostas para um dos pais ou para o professor auxiliar. Certifique-se de que a criança ainda tenha tempo para trabalhar suas habilidades de motricidade fina e escrita.

A utilização de um teclado e um computador pode algumas vezes ser mais prático e mais efetivo para determinadas crianças.
Considere maneiras de dar intervalos em meio ao ambiente da classe que pareçam naturais, como os intervalos regulares para beber água, apontar o lápis ou recolher e distribuir material da classe.
Poderia ser útil para a criança se você desse a ela algumas ferramentas adicionais para manejar e organizar o tempo? Algumas crianças apresentam dificuldade em compreender o período de duração de alguma atividade ou o tempo previsto para a atividade durar. Em alguns casos, pode ser útil a utilização de cronômetros (cronômetro sonoro ou visual) ou de avisos de que faltam 5 minutos e depois que falta 1 minuto para a atividade acabar. Algumas crianças se beneficiam de um cronograma diário visual, um quadro de rotinas ou um planejamento diário. Você pode também, se a criança parecer se beneficiar, criar listas de atividades do dia e marcar com ela o que já tiver sido feito na lista.

Se a criança tem percepção visual ou convergência de problemas, então usar uma regra ou um marcador de livro para marcar para onde você quer que a criança olhe ou leia pode ser útil. Prepare-se para a escola (roupas, lanche, mochila, etc.) na noite anterior, de forma que as manhãs sejam menos estressantes e a sua criança chegue à escola calma e mais pronta para concentrar-se nas atividades propostas.



A “INTEGRAÇÃO SENSORIAL” E DICAS QUE PODEM AUXILIAR O DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS LEVANDO-SE EM CONTA SUAS NECESSIDADES SENSORIAIS

Integração Sensorial é o processo neurológico de selecionar, filtrar e organizar a informação sensorial para o uso. Isso significa que nós percebemos o que nós vemos, ouvimos, tocamos e sentimos com o movimento dos nossos corpos e usamos isso para planejar, coordenar e executar as nossas ações. Isso é o que permite que nos concentremos em algo e ignoremos informações excessivas. Imaturidades no desenvolvimento da integração sensorial podem levar à dificuldades de atenção, hiper ou hipo-sensibilidade ao toque, visão, audição e equilíbrio; e dificuldades com a coordenação e dispraxia. Praxis é a habilidade de agir de forma adaptativa às mudanças em nosso ambiente, de modificar as nossas ações e reagir espontaneamente em vez de agir de uma forma apreendida, ensaiada e praticada. Ela tem três componentes: idealização (pensar sobre o que fazer); planejamento (sequenciamento e organização) e execução (coordenação motora). Mary Cunningham Terapeuta Ocupacional



Ajudar uma criança em sua integração sensorial pode ajudar a criança a:
• assentar-se quieta na cadeira por conta própria
• assentar-se com o tronco ereto para trabalhar em uma mesa
• manter-se na tarefa sem precisar de constante ajuda para se concentrar
• melhorar a fluência e legibilidade da escrita
• fazer um trabalho em uma página apropriadamente
• cansar-se menos
• ter movimentos mais fluidos
• melhorar nas habilidades com a bola – poder arremessar e pegar
Atividades de desenvolvimento sugeridas
Habilidades de motricidade fina:
• Aumentar as oportunidades de brincadeiras táteis – cozinhar / fazer jardinagem / fazer artesanato
• Brincadeiras de processamento / discriminação tátil – caixas táteis, pareamento por forma, pareamento por textura
• Enfatizar os movimentos da mão e do braço todo: utilizar equipamentos grandes, brinquedos e jogos de tamanho gigante
• Aumentar a estabilidade postural para melhorar a estabilidade das juntas a partir do reforço dos ombros e quadris por meio de esportes que requerem rolamento de peso e trabalho contra resistência, natação, escalada, atividades de se arrastar ou engatinhar, fazer “carrinhos de mão”, barras do tipo trepa-trepa, etc
• Atividades que desenvolvam continuamente habilidades motoras finas; coordenação olho-mão, escrita cursiva, etc. Por exemplo: laçar, bordar, trabalhar com miçangas, brinquedos de martelar

Habilidades de motricidade grossa:
• Jogos e atividades de movimento incorporando movimentos em todas as posições – caminhar/correr/engatinhar/rolar - em uma variedade de ambientes; estruturas de escalada enfatizando movimentos espontâneos em vez de habilidades aprendidas
• Aumento da estabilidade postural a partir do reforço dos ombros e quadris por meio de esportes requerendo rolamento de peso e trabalho contra resistência, natação, escalada, atividades de se arrastar/engatinhar, carrinhos de mão, barras do tipo trepa-trepa, etc
• Use atividades de ‘sugar’ e ‘soprar’ – soprar tintas, canetas de soprar, canudos para beber e para brincar de levantar e deixar um objeto cair. Estas atividades podem ser adaptadas para as tarefas de casa, como aprender a soletrar ou tabelas de multiplicação. Isso promove tanto a estabilidade postural como o controle visual.
Equilíbrio:
• Experiências de movimentos espontâneos sobre superfícies desiguais
• Para aumento da estabilidade postural veja acima
• Balanço de jardim ou de parquinho
• Variedade nos jogos de movimentação e posição; engatinhar, arrastar-se, rolar, para frente, para trás
Percepção Visual:
• Evite a desordem visual; mantenha a área de trabalho simples e arrumada
• Limite a exposição a materiais visualmente complexos; tenha uma área com poucos estímulos visuais disponível para o uso da criança quando estressada
• Use uma “moldura de papel cartão” para leitura de áreas específicas
• Brinque com jogos de percepção visual (ex: palavras com as letras embaralhadas) por breves períodos, já que a criança com dificuldades de processamento visual tende a se cansar rapidamente
Habilidades de Atenção:
• Atividades para impulsionar a atenção que promovem a estimulação sensorial por
meio da participação em movimentos ativos:
- Pressões na cadeira
- Dieta sensorial para manter-se alerta: pequenos intervalos com movimentos físicos para manter-se alerta

Recomendações para a Escola:
Os equipamentos seguintes podem ajudar algumas crianças:

• Algumas crianças podem se beneficiar do uso de lápis ou canetas com circunferências de corpo mais grossas. Canetas e lápis com circunferência de corpo maior diminuem a tensão muscular e as tornam mais confortáveis para escritas mais extensas. Observação: agarras extras em lápis são muitas vezes desajeitadas para segurar o lápis corretamente. Se possível, utilize canetas ou lápis
que foram fabricados com um corpo mais grosso. O importante é encontrar algo confortável para a criança.

• Uma régua com uma faixa elevada ao longo de seu comprimento pode ajudar uma criança a usá-la com sucesso. Estas são conhecidas como réguas de projetista.

• Algumas crianças devem usar uma “moldura de papel-cartão” durante a leitura para encobrir palavras e linhas ao redor. Isso reduz o desafio perceptivo de uma página inteira impressa.

• Algumas crianças precisam ser posicionadas na classe de forma que seus movimentos não colidam em nenhuma outra pessoa. Algumas crianças se beneficiam do uso de acessórios para os assentos como almofadas infláveis, inclinadas e texturizadas

(ex: “Move and Sit Cushion Wedge” no site http://shoponline.pfot.com/seatcushions.htm).


UMA PREPARAÇÃO E APOIO PARA A TRANSIÇÃO AO AMBIENTE ESCOLAR - SESSÕES DOMICILIARES EM TRIO PARA PRATICAR BRINCADEIRAS EM PEQUENOSGRUPOS
(Informações dirigidas aos pais)

Uma sessão em trio é uma sessão interativa realizada no quarto de brincar da criança com a participação de dois adultos responsivos e da criança com autismo. Uma sessão em trio também pode envolver um adulto responsivo, uma criança neurotípica e uma criança com autismo. Organizar sessões em trio durante o programa domiciliar da criança pode auxiliar o desenvolvimento social desta criança tanto nos casos em que a criança já frequenta a escola como naqueles casos em que a criança ainda não foi integrada no ambiente escolar.

O Programa Son-Rise® encoraja sessões 1 para 1 (1 adulto responsivo e a criança com autismo) durante as fases iniciais do programa domiciliar da criança. Mesmo após as etapas iniciais do desenvolvimento do programa, recomendamos que a maioria das sessões da criança no quarto de brincar ainda sejam 1 para 1. O momento que acreditamos ser o mais útil para se incorporar uma terceira pessoa às sessões de quarto é aquele em que a criança já se desenvolveu socialmente de forma a estar motivada para participar das atividades que as outras pessoas estão envolvidas mas ainda não apresenta algumas das habilidades sociais necessárias para uma participação bem-sucedida. Sessões em trio podem ajudar, pois as duas pessoas podem modelar as diversas habilidades sociais, possíveis participações sociais em atividades e jogos, alternância de vez, etc. Sessões em trio ajudam a criança a sentir-se mais confortável e segura em um ambiente de pequeno grupo.

Quando você decidir oferecer à sua criança uma sessão em trio, convide um segundo adulto responsivo para o quarto de brincar. As famílias que desenvolvem um Programa Son-Rise® geralmente começam sobrepondo o horário de dois de seus voluntários. Por exemplo, se no cronograma de sessões um voluntário está com a sessão programada para o horário das 9 às 11 horas da manhã e outro voluntário tem a sessão programada das 11 às 12 horas, a família pede ao voluntário das 11 horas para começar e terminar a sessão um pouco mais cedo. Desta forma, ele pode sobrepor o seu horário ao horário da pessoa brincando no quarto antes dele, e participar da sessão em trio. Inicialmente, sugerimos um período de 15 minutos em que duas pessoas permanecem brincando no quarto com a criança.

Durante a sessão em trio, o segundo adulto pode modelar coisas que nós queremos que a criança faça. Por exemplo, se eu fosse o adulto líder e quisesse que a criança brincasse com um jogo de boliche, eu poderia arrumar os pinos e, quando a criança estivesse prestando atenção, eu poderia pedir ao adulto auxiliar que rolasse a bola.

Eu poderia então oferecer ao adulto auxiliar uma grande celebração e assim que ele se afastasse eu poderia pedir à criança que realizasse a ação que ela teria acabado de ver modelada.

Para uma criança que é mais flexível e encontra-se nos estágios 4 e 5, esta é também uma oportunidade para o adulto líder ter maior liberdade para utilizar um estilo mais diretivo de interação. Ele pode agir como se fosse o professor, já o adulto auxiliar e a criança podem agir como se fossem os colegas de classe que vão seguir as instruções e regras.

Ficará evidente quando esta dinâmica for eficaz porque neste caso a sua criança será capaz de seguir as regras durante grande parte do tempo e concentrar-se em ambas as pessoas na sessão. Se você tentar fazer isso e a presença da segunda pessoa parecer ser praticamente ignorada ou até atrapalhar a interação, então adie as sessões em trio até um estágio superior no desenvolvimento social da criança.
Quando decidir organizar sessões em trio com uma segunda criança (criança neurotípica), o adulto pode se concentrar em envolver a criança neurotípica na brincadeira e então convidar a criança com autismo para participar da atividade, ter a sua vez nas atividades, etc. A intenção é ter uma segunda criança que inspire a criança com autismo a querer participar mais das interações. Irmãos, colegas de classe, amigos, primos, etc., podem ser convidados para participar das sessões em trio. Crianças responsivas e flexíveis são as mais recomendadas para estas sessões. Em alguns casos, crianças que são poucos anos mais velhas que a criança com autismo podem ajudar muito. É comum encontrarmos muitas meninas que parecem participar de forma mais flexível nas sessões em trio com crianças com autismo. Sessões em trio são uma oportunidade para ajudar a inspirar uma criança a querer brincar com um pequeno grupo de pessoas, a aprender a esperar (pela sua vez), a compartilhar e a aprender a participar de um jogo através da observação dos outros.

Se você estiver oferecendo sessões em trio e sua criança não estiver se beneficiando desta forma (adquirindo estas habilidades), então continue a utilizar sessões 1 para 1 durante o programa de sua criança até um estágio mais avançado do desenvolvimento.

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