segunda-feira, 13 de junho de 2011

Equoterapia


Equoterapia, oque é ?



A Equoterapia pode ser definida como um método científico aplicado como terapia na Saúde e na Educação, que utiliza o CAVALO, numa abordagem multiprofissional e interdisciplinar, buscando o desenvolvimento e o crescimento bio-psico-social de praticantes que necessitem impulsionar suas potencialidades e minimizar suas deficiências para viverem melhor.
A Equoterapia emprega o cavalo e as técnicas de equitação como agentes e princípios promotores de ganhos físicos, psíquicos e sociais. Esse tipo de atividade terapêutica facilita e exige a participação do cavaleiro, como um todo, contribuindo assim, para o aprimoramento da força muscular, do relaxamento, da conscientização do próprio corpo e o desenvolvimento aperfeiçoado do equilíbrio e da coordenação.
Como surgiu?


O uso do cavalo com fins terapêuticos vem de longa data. Nos tempos de Hipócrates (478-370 a.C.), no seu livro das Dietas, prescrevia equitação para regenerar a saúde e preservar o corpo humano de muitas doenças, mas, sobretudo para o tratamento da insônia. Além disso, afirmava que a equitação praticada ao ar livre faz com que os músculos melhorem o seu tônus. Em 124 a.C. Asclepíades, de Prússia aconselhava como tratamento para a epilepsia e em diferentes casos de paralisia. Merkurialis (1569), em sua obra “De arte gymnastica”, menciona que a equitação não só exercia o corpo, mas também os sentidos. O autor faz menção aos diferentes tipos de andaduras, diz que a equitação aumenta o “calor natural” e remedia a “escassez de excreções”. O médico italiano, Giuseppe Benvenuti em 1772, se interessou pelo assunto e dedicou a Sigismundo Chigi, príncipe de Farrneta, com os votos de restabelecimento da saúde com esta prática o livro As reflexões acerca dos efeitos do movimento do cavalo, onde diz que a equitação, além de manter o corpo são e de promover diferentes funções orgânicas, causa uma ativa função terapêutica. Em 1782, Joseph C. Tissot tratou exaustivamente dos efeitos dos movimentos eqüestres em seu livro Ginástica Médica ou Cirúrgica ou Experiência dos Benefícios Obtidos pelo Movimento. Além dos efeitos positivos, Tissot também descreveu, pela primeira vez, as contra-indicações da prática excessiva deste esporte. De acordo com o autor, existem três formas de movimento: ativa, passiva e ativo-passiva, que é típica da equitação. Tissot ilustra os diferentes efeitos das várias andaduras, entre elas, o passo, considerado como sendo a mais eficaz do ponto de vista terapêutico. Gustavo Zander (sueco), fisiatra e mecanoterapeuta, em 1890 foi o primeiro a afirmar que as vibrações, transmitidas ao cérebro com 180 oscilações por minuto, estimulam o sistema nervoso simpático. Comprovou sua afirmação sem associar ao cavalo. Em 1984, quase cem anos depois, o médico e professor Dr. Detlvev Rieder, chefe da unidade neurológica da Universidade Martin Luther, da Alemanha, mediu estas vibrações sobre o dorso do cavalo na andadura ao passo e, incrível coincidência, corresponde exatamente aos valores que Zander havia recomendado. Em 1901 foi fundado, na Inglaterra, o primeiro hospital ortopédico do mundo Hospital Ortopédico de Oswentry, em função da guerra dos Boers na África do Sul, o número de feridos era muito grande. Uma dama inglesa, patronesse daquele hospital, resolveu levar os seus cavalos para lá, a fim de quebrar a monotonia do tratamento dos mutilados. Este é o primeiro registro de uma atividade eqüestre ligada a um hospital. No Hospital Universitário de Oxford (1917), fundou o primeiro grupo de equoterapia, para atender o grande número de feridos da 1ª Guerra mundial, também com a idéia fundamental de lazer e de quebra de monotonia do tratamento
Após a Primeira Guerra Mundial, o animal entra definitivamente para a terapia médica. Os primeiros a realizarem este emprego foram os países escandinavos, seguidos pela Alemanha, França e Inglaterra.
Cabe registrar a inspiração e o estímulo que os diversos grupos interessados na atividade tiveram com o magnífico exemplo da dinamarquesa Liz Hartel, aos 16 anos vítima da poliomielite, o seu quadro era grave que por muito tempo só se deslocava de cadeira de rodas e depois, muletas. Só que ela pratica equitação antes e, contrariando a todos, continuou a praticá-la. Oito anos depois, nas Olimpíadas de 1952, foi premiada com a medalha de prata em adestramento, competindo com os melhores cavaleiros do mundo. O público só percebeu seu estado quando ela, ao apear do cavalo para subir ao pódio, teve de se valer de duas bengalas canadenses. Esta façanha foi repetida quatro anos depois, nas olimpíadas de Melbourne, em 1956. A partir destes feitos, os resultados obtidos por ela despertam a atenção da classe médica, que passou a se interessar pelo programa da atividade eqüestre como meio terapêutico, tanto que, em 1954, já na Noruega, aparecia a primeira equipe interdisciplinar formada por uma fisioterapeuta e seu noivo, que era psicólogo e instrutor de equitação (ELSBET). Em 1956 foi criada a primeira estrutura associativa na Inglaterra.
Em 1965, na França nasceu a reeducação eqüestre, como mencionam De Lubersac e Lalleri na introdução de seu manual intitulado A Reeducação através da Equitação (1973), se bem que, em 1963, esta já fosse utilizada empiricamente, como menciona Killilea em seu livro de Karem com amor, onde conta a história de uma jovem deficiente reeducada com a equitação e natação.
Na França, logo notaram como esta atividade é uma possibilidade do portador de deficiência se recuperar e valorizar as próprias potencialidades. Em 1965, a equoterapia torna-se uma matéria didática e, em 1969, teve lugar o primeiro trabalho científico de equoterapia no Centro Hospitalar Universitário da Universidade de Salpentire, em Paris. Em 1972 foi feita a defesa da primeira tese de doutorado em medicina, em reeducação eqüestre, na Universidade de Paris, em Val-de Marne, pela Dra. Collette Picart Trintelin. Em 1974, na cidade de Paris, foi realizado o 1º Congresso Internacional, que a cada três anos se repete.
No Brasil, este recurso terapêutico começou a ser valorizado em 1989, na Granja do Torto, em Brasília com a ANDE / BRASIL (Associação Nacional de Equoterapia), com o apoio dos profissionais de saúde do Hospital do Aparelho Locomotor – SARAH. No Rio de Janeiro este trabalho teve início em 1991 com a equipe da Escola de Equitação do Exército. Em fevereiro de 1995, a equipe da Escola de Equitação do Exército realizou um Curso de Informações Técnicas de Equitação Terapêutica / Equoterapia, junto com a Dra. Mary C. Woolverton (Vice-presidente da North American Riding for the Handicapped Association), associação que implantou essa modalidade terapêutica nos EUA, quando então realizou esse trabalho dentro de um HOSPITAL MILITAR para a recuperação dos soldados mutilados da guerra do Vietnã. A Drª Mary Woolverton prossegue coordenando os trabalhos da NAHRA, fundada em 1969, nos EUA.
Em 1995, a Universidade Gama Filho inseriu a hipoterapia como disciplina no currículo do curso de formação de Fisioterapia, ministrada pela Dra. Tânia Frazão.
Em 1999, foi realizado o primeiro Congresso Brasileiro de Equoterapia.
Atualmente esta equipe, que representa a AETERJ (Associação de Equoterapia do Estado do Rio de Janeiro) desenvolve este trabalho com fins terapêuticos em diversos centros, com uma equipe multidisciplinar (fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, professores de educação física, pedagogos, fonoaudiólogos, psicomotricistas e outros) e adota uma abordagem interdisciplinar.

A Equoterapia adota quatro momentos fundamentais, sendo eles:

Programas Básicos


a) Hipoterapia - o cavalo como instrumento cinesioterapêutico. O cavalo se torna um instrumento dotado de ritmo, oscilação e corpo. Encontramos dois níveis de atuação: deficiente em situação apodal, quadrípede e bípede, ou ainda, psicoses graves, insuficiência mental e distúrbios relacionais.

b) Reeducação eqüestre - é a fase em que o cavalo é tido como instrumento pedagógico. Utiliza-se da arte eqüestre, com fins pedagógicos objetivando pacientes que já possuem alguma autonomia. Seu objetivo é a capacidade de conduzir o cavalo, adotando recursos pedagógicos como reforço visando os conceitos educativos.

c) Pré-esporte – o cavalo como promotor da realidade social. Atividade na qual os praticantes trabalham individualmente ou em grupos, com o objetivo de organizar o espaço e o tempo e para preparar-se para a sua inserção na sociedade. Nesta fase são ensinados o trote e o galope.

d) Esporte - o cavalo como promotor da inserção social. Onde o praticante é inserido (ou reinserido) na sociedade, esta fase promove a socialização e uma melhora na estruturação da personalidade. Assim, os jovens podem ter acesso a vários esportes eqüestres e participarem de diversas modalidades. Atualmente, existe o Hipismo Adaptado, forma de esporte para as pessoas portadoras de necessidade especiais, no qual participam praticantes de todo o Brasil.

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