quarta-feira, 15 de junho de 2011

Temple Grandin, a autista Ph.D

Temple Grandin, a autista Ph.D

Uma pena eu não ter a assinatura do HBO. Se tivesse, poderia assistir hoje à noite (22h05) à reprise do filme Temple Grandin, feito pela HBO para passar apenas na HBO. Ganhador de cinco Emmys no último domingo, Temple Grandin mostra como o autismo guiou uma jovem americana ao brilhantismo no ramo da pecuária. É uma história real e fascinante.
Temple nasceu autista, coisa que na época ninguém conhecia muito bem. Seu jeito peculiar de pensar e seu comportamento antissocial e agressivo eram mal vistos por professores e colegas de escola na infância. Frequentemente brigava com outras crianças. Ela tinha dificuldade de aprender certas coisas, porque as coisas para ela seguiam uma lógica particular. A única coisa que podia deixar Temple mais calma era um abraço forte, mas ela não conseguia dizer isso nem a sua mãe.
A necessidade inexpressa de ser abraçada deu a ela uma ideia fixa: ela tinha de construir a máquina do abraço. Dona de uma habilidade espetacular de visualizar formas que nunca tinha visto (Temple diz sempre que o autista pensa em imagens), ainda adolescente ela começou a projetar em sua mente um equipamento que fosse capaz de apertá-la até o alívio de suas tensões. E não sossegaria até pôr sua ideia em prática. “As fixações podem ser canalizadas para fins construtivos. Remover a fixação pode ser uma imprudência”, diz Temple em sua autobiografia Uma menina Estranha (Cia. das Letras, 1999).
Sem conhecimento técnico prévio, Temple desconfiou que o brete, um aparelho usado no manejo de gado, pudesse ser adaptado para ela. O brete era um aparelho rústico que, apertado ao corpo do animal, mantinha-o calmo antes do abate. Temple sabia que era disso que precisava. Então resolveu testar. Entrou no aparelho como se fosse um boi, puxou suas cordas e sentiu um alívio que desejara por anos. A partir daí, com o apoio de um professor no colégio rural em que estudava, Temple dedicou-se ao estudo do bem-estar animal, e também ao seu próprio. Anos mais tarde, após vários cursos superiores, tornou-se uma das maiores especialistas em abate humanitário, e também uma grande entenderora do autismo. “Paradoxalmente, era no matadouro que eu estava aprendendo a dar afeto”, escreveu Temple.
O filme conta toda essa história e ainda mostra como Temple via a realidade e as imagens em sua mente. A bela atriz Claire Danes ficou irreconhecível para encarnar Temple na telinha, mas, segundo a própria senhora Temple, que deu entrevistas direto do tapete vermelho no dia da premiação, ficou idêntica à original. Ainda não assisti, mas recomendo pela tremenda lição que Temple nos oferece sobre as riquezas que podem existir mesmo onde não estamos acostumados a enxergá-las.

http://www.youtube.com/watch?v=TG6UI5BmhuA&feature=player_embedded

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