segunda-feira, 13 de junho de 2011

Interação sensorial - o que é

O QUE É INTEGRAÇÃO SENSORIAL

O cérebro recebe constantemente grandes quantidades de informação através dos sentidos. É através deles que a criança, conforme aprende a se mover, equilibrar-se e relacionar-se com os objetos e pessoas aos seu redor , aprende sobre o mundo em que vive. O cérebro organiza toda a informação recebida para possibilitar uma resposta. Essa organização que o cérebro dá à informação sensorial é chamada de integração sensorial. Ela permite que dirijamos nossa atenção para produzir comportamento útil e adaptativo e para que nos sintamos bem sobre nós mesmos.
No início da vida o cérebro desenvolve a organização que será a estrutura para comportamento e aprendizagem posteriores. Nesses primeiros anos, os movimentos espontâneos, as brincadeiras que envolvem o corpo todo, são muito eficazes em desenvolver o sistema nervoso.
O cérebro humano frequentemente tem sido comparado a um computador. Ele depende da informação que recebe do ambiente através dos sistemas sensoriais. Depende de informação visual, auditiva , tátil, olfativa e gustativa. Além disso, precisa também de informação sobre gravidade e movimento. O cérebro reune todas essas sensações e as organiza para um plano de ação.
Distúrbio na recepção e organização das informações sensoriais recebidas sobre o mundo vai afetar o desempenho nas demais áreas. Quando a criança não recebe informações sensoriais importantes de forma clara e concisa, pode não estar recebendo o “alimento” que o cérebro precisa para o processo de aprendizagem. Assim, vemos crianças muito inteligentes, que não produzem de acordo com o potencial intelectual que possuem. Podemos então suspeitar que exista uma dificuldade no processamento sensorial
ALGUNS SINAIS DE PROBLEMAS NA INTEGRAÇÃO SENSORIAL
1. Falta de força e tônus muscular, o que pode resultar em má postura e fadiga
2. Má consciência espacial e desenvolvimento pobre da percepção de posição, resultando em insegurança durante os movimentos.
3. Falta de coordenação entre os dois lados do corpo. A criança pode ficar desajeitada e confusa quando as duas mãos precisam trabalhar em conjunto, como para atividades de cortar ou escrever.
4. Falta de coordenação entre os olhos e o corpo, de modo que há uso ineficaz de informação visual para auxiliar no desempenho de ações.
5. Atenção de curta duração. A criança geralmente tem dificuldade em focaliza nas tarefas que precisa fazer.
6. Lentidão ao desempenhar ou aprender tarefas motoras novas, uma vez que precisa pensar sobre cada movimento que faz. Desajeitada, bate-se nas coisas ou cai muito parecendo não ver os obstáculos no caminho.
7. Comportamento hiperativo; a dificuldade em concentração faz com que perceba todas as coisas ao mesmo tempo e não consiga se concentrar em uma só.
8. Sentido tátil mal desenvolvido, fazendo com que não goste de ser tocada, tenha dificuldade em aprender sobre a forma e textura das coisas. Por outro lado, pode não perceber seu espaço pessoal e tocar demais as pessoas, chegar perto demais.
9. Criança extremamente difícil para se alimentar: só come comidas com um certo tipo de textura, ou na mesma temperatura.
10. Apresenta medo excessivo, isola-se
11. Dificuldade em graduar a força que precisa para manipular objetos ou tocar as pessoas.
12. Problemas em usar e entender linvuagem, resultando em problemas na fala, leitura e escrita. Problemas na articulação da fala sem razão aparente
Essas dificuldades tendem a aparecer tanto no lazer quanto no trabalho. Podem não se relacionar bem com os companheiros ou ter de fazer tanto esforço que não se divertem. Nem todos esses sinais precisam estar presentes e geralmente não estão presentes ao mesmo tempo. A intensidade com que aparecem e o número deles que a criança apresenta vão determinar o quanto interferem em sua habilidade de aprender.
O QUE PODE SER FEITO
O brincar é a melhor forma de desenvolver a integração sensorial. Desde pequena a criança naturalmente procura as atividades que promovem uma boa integração da informação recebida através dos sentidos. Ao se movimentar, aprende sobre os limites do seu corpo dentro do espaço que a rodeia. Ao manipular objetos, aprende sobre seu peso, textura, força que precisa para segurá-los. Toda essa informação é recebida para o cérebro, organizada e armazenada, possibilitando que a criança aprenda cada vez mais sobre o mundo em que vive.
O mundo moderno, a vida nas grandes cidades, eliminou uma grande parte do brincar que propicia esse aprendizado natural através das brincadeiras motoras e sensoriais. Cada vez mais a criança está confinada em um espaço, sem oportunidade para as explorações que seu cérebro precisa para se desenvolver. Defrontamo-nos então com uma criança que não sabe canalizar sua energia, organizar seu espaço e se torna mais ativa do que o desejável. Existe uma certa dificuldade em atingir o nível de alerta que o cérebro precisa para realmente se beneficiar do processo educativo. Como pais e professores podemos dar oportunidades enriquecidas para que nossas crianças brinquem de forma a desenvolver melhor a integração sensorial e aprender melhor.
Nos casos em que a informação não é integrada da forma que deveria ser, dizemos que existe uma disfunção de integração sensorial (DIS). Podem então surgir problemas na aprendizagem, auto-estima, relacionamento social ou hiperatividade. Quando há suspeita de que a criança apresenta disfunção de integração sensorial, é indicada uma avaliação por terapeuta ocupacional com especialização nessa área. Dependendo dos resultados da avaliação pode ser indicada uma terapia com uma abordagem de integração sensorial. O termo “disfunção de integração sensorial (DIS)”é um termo guarda-chuva. Sob ele se abrigam várias sub-áreas:
1. Distúrbios de modulação, que incluem:
• Defensividade tátil
• Defensividade sensorial
• Insegurança gravitacional
• Intolerância a movimento
2. Distúrbios de coordenacão
• Integração bilateral e sequenciamento
• Dispraxias (ou dificuldade de planejamento motor)
Um aspecto importante da terapia de integração sensorial é que a motivação da criança e o brincar é que são as ferramentas usadas. Através de um ambiente sensorial enriquecido, recomendações de uma “dieta sensorial” para o lar e brincadeiras que levam a criança a perceber melhor o mundo ao seu redor, essa criança pode desenvolver melhor integração sensorial e vir a produzir de acordo com seu potencial intelectual.

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