Autora: Jill Stein
O azul de metileno composto, que tem uma variedade de usos, reduz acentuadamente os sintomas residuais de depressão e mania em pacientes com transtorno bipolar, de acordo com resultados de um estudo de fase 3 lançado no 24º Congresso do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacolo gia.
No entanto, os dados do estudo de 26 semanas também mostram que o agente oral só melhora ligeiramente os sintomas cognitivos.
"Sintomas residuais de depressão e de ansiedade ocorrem em mais da metade dos pacientes submetidos ao tratamento para o transtorno bipolar, e muitas vezes, são a principal razão pela qual os pacientes não podem voltar ao pleno funcionamento" , disse Martin Alda, MD, professor e membro do Departamento de Psiquiatria, Universidade Dalhousie, em Halifax, Nova Scotia, no Canadá, ao Medscape Medical News.
"Abordagens comumente usadas para o gerenciamento de sintomas residuais, que normalmente envolvem otimização de estabilizadores de humor - como o lítio, carbamazepina, antipsicóticos atípicos, e lamotrigina - podem ser úteis ao ponto de os pacientes não apresentarem mais depressão profunda ou mania grave, no entanto, eles ainda não estão capazes de funcionar a 100%."
"Enquanto não há nenhum tratamento específico aprovado para o manejo dos sintomas residuais em pacientes bipolares, há ainda menos opções para a disfunção cognitiva, que está presente na maioria dos pacientes com transtorno bipolar," acrescentou. "Diferentes ideias têm sido tentadas, incluindo a reabilitação cognitiva, insulina intranasal, e N-acetilcisteí na, mas nada foi demonstrado como totalmente eficaz e nada é usado na prática clínica."
O Dr. Alda foi rápido ao salientar que cerca de um terço dos pacientes com transtorno bipolar irão melhorar significativamente com o estabilizador de humor lítio administrado como monoterapia e não terão sintomas residuais ou disfunção cognitiva.
Protocolo de estudo do azul de metileno
O azul de metileno é usado principalmente para o tratamento de envenenamento por monóxido de carbono, mas também é usado como um corante para melhorar a visualização de tecidos durante a cirurgia. Diversos estudos clínicos de transtorno bipolar têm relatado efeitos favoráveis sobre o humor com o composto.
O Dr. Alda e sua equipe levantaram a hipótese de que o azul de metileno poderia melhorar os sintomas residuais em pacientes bipolares por conta de um possível efeito neuroprotetor mediado pela inibição das enzimas óxido nítrico sintase e guanilato ciclase.
O estudo envolveu 37 homens e mulheres de 18 a 65 anos de idade que satisfaziam ambos os critérios de diagnóstico e pesquisa, de acordo com os critérios para transtorno bipolar da quarta edição do Diagnostic and Statistical Manual (DSM IV).
No início do estudo, 20 pacientes eram eutímicos, 14 pacientes estavam levemente deprimidos, e 3 pacientes apresentavam uma ciclagem leve.
Os pacientes foram randomizados para 13 semanas de tratamento com azul de metileno em baixa dose (15 mg por dia), que foi um substituto para o placebo, ou em alta dose (195 mg por dia), e depois passaram para um tratamento alternativo durante as próximas 13 semanas. Como o azul de metileno altera a coloração da urina, não foi possível utilizar um placebo padrão.
Todos os participantes foram tratados com lamotrigina como estabilizador de humor primário; medicamentos adicionais foram permitidos, desde que se mantivessem constantes durante todo o ensaio.
Melhoras observadas com azul de metileno
A pontuação na escala de classificação de depressão de Montgomery-Åsberg (MADRS) na linha de base foi 11,1 ± 7,7, a escala Hamilton Rating Scale for Depression (HAMD) foi de 5,5 ± 5,0, a pontuação na Young Mania Rating Scale foi de 2,8 ± 3,2, e a Hamilton Anxiety Scale (HAMA) foi de 7,4 ± 4,6.
"Nossa principal descoberta foi que a dose ativa de azul de metileno foi muito eficaz para problemas residuais, com os pacientes sentindo uma melhora subjetiva e em medidas objetivas, incluindo as escalas de classificação para a ansiedade e depressão", disse o Dr. Alda.
Em comparação com a dose de placebo, a dose ativa de azul de metileno levou a melhora dos sintomas de depressão nas escalas MADRS e HAMD de 6,6 ± 14,2 e 4,1 ± 10,0 pontos, respectivamente (medidas de efeito, 0,47 e 0,42, respectivamente; P = 0,02 e 0,03, respectivamente) .
Além disso, os pacientes na dose ativa relataram uma melhora na ansiedade na escala HAMA de 4,1 ± 9,0 pontos (medida do efeito, 0,46; P = 0,004). As pontuações de mania mantiveram-se baixas e constantes ao longo do estudo.
O efeito do azul de metileno nos sintomas cognitivos, como a memória verbal, foi fraco e apenas marginalmente significativo. De forma importante, o composto não piorou qualquer um dos sintomas cognitivos.
"Embora os resultados tenham sido menos marcantes na memória verbal, não sabemos se realmente 13 semanas é tempo suficiente para melhorar o funcionamento neuropsicológico, que pode ser medido estatisticamente, mas não para ter um enorme efeito sobre o funcionamento geral", disse o Dr. Alda.
A medicação foi bem tolerada, com apenas efeitos adversos transitórios, como náuseas.
Embora 10 pacientes tenham abandonado o estudo, principalmente porque não gostavam da coloração azul da sua urina, 5 pacientes permaneceram no tratamento ativo após a conclusão do ensaio.
Transtorno Bipolar: uma doença tratável
"A primeira mensagem para se levar é que o azul de metileno é um bom tratamento para pacientes com transtorno bipolar que não se estabilizaram em seu tratamento atual", disse o Dr. Alda.
"A segunda mensagem é que as pessoas com transtorno bipolar podem realmente evoluir muito bem com o tratamento e muitas vezes podem melhorar a ponto de pleno funcionamento.
Quando vemos pacientes que estão um pouco melhores, não devemos ficar totalmente satisfeitos, e devemos procurar uma recuperação tão completa quanto possível."
"O tratamento é ideal para pacientes que não melhoram 100% - que ao invés disso estão em 70% a 80%, ou seja, pararam de ter depressão e episódios maníacos, mas ainda não chegaram lá", acrescentou. "Esses pacientes seriam candidatos para o azul de metileno. É um 'ajuste' ao invés de um tratamento primário com estabilizadores de humor."
Um "estudo interessante"
"Este é um estudo muito interessante. Ele me faz lembrar de quando eu comecei a psiquiatria há 30 anos. Havia uma equipe de Dundee, na Escócia, relatando que o azul de metileno poderia ser útil na psicose maníaco-depressiva" , disse David Nutt, DM, que é professor de neuropsicofarmacolo gia do University College em Londres, Reino Unido, ao Medscape Medical News. "Há uma ressurreição cíclica do azul de metileno em psiquiatria, porque parece ser biologicamente ativo, mas o problema é que historicamente estes ensaios não são replicados."
"Sintomas residuais são comuns em pacientes com transtorno bipolar, como são em todo transtorno psiquiátrico, e ninguém fica totalmente melhor, exceto talvez os pacientes com transtorno de pânico", explicou o Dr. Nutt. "Sintomas residuais são incapacitantes e que tornam os pacientes vulneráveis à recaída, por isso é importante objetivar que as pessoas passem de um estado de recuperação para um estado de remissão. Estudos nesta área são bem vindos. Se o azul de metileno funciona neste cenário, isso será ótimo, mas os dados do presente estudo precisam ser replicados. O tempo dirá."
O estudo foi financiado pelo Stanley Medical Research Institute em Washington DC. O Dr. Alda e o Dr. Nutt não declararam relações financeiras relevantes.
24th Congress of the European College of Neuropsychopharmaco logy (ECNP). Abstract P.2.e.001. Presented September 5, 2011.
Jill Stein is a freelance writer for Medscape.
Copyright 2011 WebMD, Inc.
O azul de metileno composto, que tem uma variedade de usos, reduz acentuadamente os sintomas residuais de depressão e mania em pacientes com transtorno bipolar, de acordo com resultados de um estudo de fase 3 lançado no 24º Congresso do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacolo
No entanto, os dados do estudo de 26 semanas também mostram que o agente oral só melhora ligeiramente os sintomas cognitivos.
"Sintomas residuais de depressão e de ansiedade ocorrem em mais da metade dos pacientes submetidos ao tratamento para o transtorno bipolar, e muitas vezes, são a principal razão pela qual os pacientes não podem voltar ao pleno funcionamento"
"Abordagens comumente usadas para o gerenciamento de sintomas residuais, que normalmente envolvem otimização de estabilizadores de humor - como o lítio, carbamazepina, antipsicóticos atípicos, e lamotrigina - podem ser úteis ao ponto de os pacientes não apresentarem mais depressão profunda ou mania grave, no entanto, eles ainda não estão capazes de funcionar a 100%."
"Enquanto não há nenhum tratamento específico aprovado para o manejo dos sintomas residuais em pacientes bipolares, há ainda menos opções para a disfunção cognitiva, que está presente na maioria dos pacientes com transtorno bipolar," acrescentou. "Diferentes ideias têm sido tentadas, incluindo a reabilitação cognitiva, insulina intranasal, e N-acetilcisteí
O Dr. Alda foi rápido ao salientar que cerca de um terço dos pacientes com transtorno bipolar irão melhorar significativamente com o estabilizador de humor lítio administrado como monoterapia e não terão sintomas residuais ou disfunção cognitiva.
Protocolo de estudo do azul de metileno
O azul de metileno é usado principalmente para o tratamento de envenenamento por monóxido de carbono, mas também é usado como um corante para melhorar a visualização de tecidos durante a cirurgia. Diversos estudos clínicos de transtorno bipolar têm relatado efeitos favoráveis sobre o humor com o composto.
O Dr. Alda e sua equipe levantaram a hipótese de que o azul de metileno poderia melhorar os sintomas residuais em pacientes bipolares por conta de um possível efeito neuroprotetor mediado pela inibição das enzimas óxido nítrico sintase e guanilato ciclase.
O estudo envolveu 37 homens e mulheres de 18 a 65 anos de idade que satisfaziam ambos os critérios de diagnóstico e pesquisa, de acordo com os critérios para transtorno bipolar da quarta edição do Diagnostic and Statistical Manual (DSM IV).
No início do estudo, 20 pacientes eram eutímicos, 14 pacientes estavam levemente deprimidos, e 3 pacientes apresentavam uma ciclagem leve.
Os pacientes foram randomizados para 13 semanas de tratamento com azul de metileno em baixa dose (15 mg por dia), que foi um substituto para o placebo, ou em alta dose (195 mg por dia), e depois passaram para um tratamento alternativo durante as próximas 13 semanas. Como o azul de metileno altera a coloração da urina, não foi possível utilizar um placebo padrão.
Todos os participantes foram tratados com lamotrigina como estabilizador de humor primário; medicamentos adicionais foram permitidos, desde que se mantivessem constantes durante todo o ensaio.
Melhoras observadas com azul de metileno
A pontuação na escala de classificação de depressão de Montgomery-Åsberg (MADRS) na linha de base foi 11,1 ± 7,7, a escala Hamilton Rating Scale for Depression (HAMD) foi de 5,5 ± 5,0, a pontuação na Young Mania Rating Scale foi de 2,8 ± 3,2, e a Hamilton Anxiety Scale (HAMA) foi de 7,4 ± 4,6.
"Nossa principal descoberta foi que a dose ativa de azul de metileno foi muito eficaz para problemas residuais, com os pacientes sentindo uma melhora subjetiva e em medidas objetivas, incluindo as escalas de classificação para a ansiedade e depressão", disse o Dr. Alda.
Em comparação com a dose de placebo, a dose ativa de azul de metileno levou a melhora dos sintomas de depressão nas escalas MADRS e HAMD de 6,6 ± 14,2 e 4,1 ± 10,0 pontos, respectivamente (medidas de efeito, 0,47 e 0,42, respectivamente; P = 0,02 e 0,03, respectivamente)
Além disso, os pacientes na dose ativa relataram uma melhora na ansiedade na escala HAMA de 4,1 ± 9,0 pontos (medida do efeito, 0,46; P = 0,004). As pontuações de mania mantiveram-se baixas e constantes ao longo do estudo.
O efeito do azul de metileno nos sintomas cognitivos, como a memória verbal, foi fraco e apenas marginalmente significativo. De forma importante, o composto não piorou qualquer um dos sintomas cognitivos.
"Embora os resultados tenham sido menos marcantes na memória verbal, não sabemos se realmente 13 semanas é tempo suficiente para melhorar o funcionamento neuropsicológico, que pode ser medido estatisticamente, mas não para ter um enorme efeito sobre o funcionamento geral", disse o Dr. Alda.
A medicação foi bem tolerada, com apenas efeitos adversos transitórios, como náuseas.
Embora 10 pacientes tenham abandonado o estudo, principalmente porque não gostavam da coloração azul da sua urina, 5 pacientes permaneceram no tratamento ativo após a conclusão do ensaio.
Transtorno Bipolar: uma doença tratável
"A primeira mensagem para se levar é que o azul de metileno é um bom tratamento para pacientes com transtorno bipolar que não se estabilizaram em seu tratamento atual", disse o Dr. Alda.
"A segunda mensagem é que as pessoas com transtorno bipolar podem realmente evoluir muito bem com o tratamento e muitas vezes podem melhorar a ponto de pleno funcionamento.
Quando vemos pacientes que estão um pouco melhores, não devemos ficar totalmente satisfeitos, e devemos procurar uma recuperação tão completa quanto possível."
"O tratamento é ideal para pacientes que não melhoram 100% - que ao invés disso estão em 70% a 80%, ou seja, pararam de ter depressão e episódios maníacos, mas ainda não chegaram lá", acrescentou. "Esses pacientes seriam candidatos para o azul de metileno. É um 'ajuste' ao invés de um tratamento primário com estabilizadores de humor."
Um "estudo interessante"
"Este é um estudo muito interessante. Ele me faz lembrar de quando eu comecei a psiquiatria há 30 anos. Havia uma equipe de Dundee, na Escócia, relatando que o azul de metileno poderia ser útil na psicose maníaco-depressiva"
"Sintomas residuais são comuns em pacientes com transtorno bipolar, como são em todo transtorno psiquiátrico, e ninguém fica totalmente melhor, exceto talvez os pacientes com transtorno de pânico", explicou o Dr. Nutt. "Sintomas residuais são incapacitantes e que tornam os pacientes vulneráveis à recaída, por isso é importante objetivar que as pessoas passem de um estado de recuperação para um estado de remissão. Estudos nesta área são bem vindos. Se o azul de metileno funciona neste cenário, isso será ótimo, mas os dados do presente estudo precisam ser replicados. O tempo dirá."
O estudo foi financiado pelo Stanley Medical Research Institute em Washington DC. O Dr. Alda e o Dr. Nutt não declararam relações financeiras relevantes.
24th Congress of the European College of Neuropsychopharmaco
Jill Stein is a freelance writer for Medscape.
Copyright 2011 WebMD, Inc.
onde comprar no brasil o azul de metileno para uso oral?
ResponderExcluirObrigado!
https://www.youtube.com/watch?v=o-qkVxLL50Q
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=o-qkVxLL50Q
Excluirde forma sub-lingual é mais aproveitado, pois cai na corrente sanguínea sem passar pelo processo de metabolização do figado, estudos revelam que uma dosagem de 60mcg por gota é ideal para tratamento do transtorno
Excluirbipolar, uma dica de quem vende...
https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-973225307-azul-de-metileno-pa-60mcg-puro-que-usp-brinde-lugol-5-_JM
Eu Compro aqui em minha cidade mesmo, varias farmácias vendem é baratinho,normalmente as farmácias indicam para tratamentos tópicos, custa $3,50 mas como a procura tem aumentado pode subir.
ResponderExcluirCuidado, pois esses de farmácia geralmente contém muitos metais pesados. Prefira o azul de metileno grau USP ou PA.
ExcluirMas esse azul de metileno de farmácia não é de grau PA,é sim grau USP, tem que ser o PA.
ExcluirComum de farmacia nao deve ser tomado para uso oral tem que ser PA.....nao usem de farmacia ..
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