A COMUNICAÇÃO E AS TECNOLOGIAS
Tecnologias de apoio
As tecnologias de apoio são qualquer utensílio, peça de equipamento ou sistema adquiridos, que depois são modificados ou adaptados ao utilizador, cuja finalidade é aumentar, manter ou melhorar a capacidade funcional da pessoa com deficiência. Representam um contributo inestimável no campo da habilitação e educação, com especial incidência nas áreas do desenvolvimento cognitivo, psicomotor, meio aumentativo e/ou alternativo de comunicação e ainda como meio facilitador da realização de uma tarefa. São, por vezes, a única alternativa desta população para poderem interagir com o meio, possibilitando-lhe um verdadeiro acesso à educação, lazer, etc
Durante a avaliação deve ter-se em conta qual o segmento/componente que a criança consegue activar voluntariamente e de forma imediata quando requerido. Para que esta observação seja possível é necessário que a criança se encontre com um posicionamento correcto.Na prescrição da tecnologia de apoio deve-se ter em atenção: Quais os movimentos a utilizar, área do corpo a controlar, amplitude de movimentos exigida, grau de força utilizada, quantidade de movimentos exigida, qual a velocidade de acesso e tipo de opções.
Sistema aumentativo e/ou alternativo de comunicação (SAAC)
A proposta de actuação do TO é possibilitar às crianças, através da estimulação, treino e adaptações, o desenvolvimento de habilidades funcionais preparando-os para a actuação e desempenho mais adequados nas suas actividades de auto-cuidados, na actividade de brincar e nas actividades ocupacionais. Nas pessoas com dificuldades comunicativas é também papel do TO estabelecer uma possibilidade de retorno ao acto comunicativo, recorrendo a SAAC.
SAAC são recursos especiais que podem proporcionar a possibilidades de comunicação e interacção através de dispositivos de mensagem simples e múltiplas, com digitalização de voz, sistemas gráficos, utilizando pranchas de comunicação, comunicadores de diversos tipos, e até computadores com software que permita a construção de quadros de comunicação e digitalização de voz.
Têm como objectivo compensar e facilitar limitações expressivas ou desordens na compreensão da linguagem, podem ser úteis para pessoas com limitações na comunicação gestual, oral e/ou escrita. (Panham HMS, 2001).
A comunicação classifica-se em:
- Suplementar: quando o indivíduo utiliza um outro meio de comunicação para compensar limitações que apresente na fala, sem substitui-la totalmente.
- Alternativa: quando o individuo utiliza outro meio de comunicação em vez da fala, devido à impossibilidade de articular ou produzir sons adequadamente.
Os SAAC dividem-se em:
- Sistemas que não precisam de ajuda externa – o indivíduo usa o próprio corpo através de sinais, piscar de olhos, vocalizações, apontar, escrita e outros gestos;
- Sistemas que necessitam de ajuda – utilização de recursos para transmitir e receber mensagens através de objectos, sistemas gráficos, Braille, prancha de letras, listas de palavras, gravador, comunicador e computador.
Os SAAC podem ser encontrados em:
- Tecnologias de apoio tradicionais: pranchas de comunicação, eye gaze, colete, etc.
- Alta tecnologia: computadores, fala artificial, comunicadores com voz gravada, etc.
A comunicação alternativa pode ser feita utilizando diferentes signos:
- Signos gestuais
Os signos gestuais referem-se à língua gestual utilizada por exemplo pelos surdos, que varia de acordo com o pais. Existem também símbolos gestuais que utilizam gestos que vão de acordo com a línguagem oral/falada do país. Existem também os signos Makaton, este sistema usa gestos, símbolos, figuras e expressões faciais. Os Sinais usados são conceitos/ideias seleccionados de acordo com o que é mais apropriado para a criança. Este programa utilizando gestos e símbolos em simultâneo com a fala, permite desenvolver a comunicação funcional, a estrutura da linguagem oral e da literacia facilitando o acesso aos significados do e no mundo com os outros o que proporciona maior disponibilidade para a relação.
(Stephen von Tetzchner, Martinsen, H., 2000)
- Signos gráficos
Alguns sistemas gráficos são organizados em categorias sintácticas (Bliss e PCS), outros em categorias semânticas (PIC). Os símbolos Bliss e PCS utilizam cores diferentes para organizar as classes de palavras (verde para verbos, azul para adjectivos e advérbios, laranja para substantivos, amarelo para pronomes pessoais), o sistema PIC possui símbolos a preto e branco. (Lima, C & Ferreira, L., 2004)
1. Sistema Bliss: composto por símbolos feitos de formas geométricas, que representam conceitos simples ou complexos, por exemplo: caixa + olhar + ouvir + eletricidade = televisão. Apesar da sua vasta possibilidade de combinações, a sua aprendizagem á mais lenta e exige maior desempenho cognitivo.
1. Sistema Bliss: composto por símbolos feitos de formas geométricas, que representam conceitos simples ou complexos, por exemplo: caixa + olhar + ouvir + eletricidade = televisão. Apesar da sua vasta possibilidade de combinações, a sua aprendizagem á mais lenta e exige maior desempenho cognitivo.
2. Sistema PIC: sinais em branco sobre fundo negro. Estão organizados nas pranchas de comunicação obedecendo a uma organização semântica. Os desenhos aparentam-se a sinais do ambiente comunitário. Indicados para crianças que apresentem dificuldades de visão, visto que o branco no preto cria um maior contraste. Apresenta limitações no facto de ainda ter um leque reduzido de símbolos.
3. Sistemas PCS: é um sistema gráfico-visual composto por símbolos pictográficos, ou seja, relacionados ao desenho das figuras que representam, sendo por isso mais apropriado para casos em que é esperado um nível simples de linguagem expressiva, vocabulário limitado e estruturas de frases curtas. Podem ser utilizados juntamente com fotos, desenhos próprios, figuras de revistas, etc. A prancha é adequada ao usuário de acordo com a sua personalidade. (Finnie, NR., 2000)
(Lima, C & Ferreira, L., 2004)
4. Sistema PECS (Picture Exchange Communication System): Este sistema utiliza cartões contendo fotos ou logotipos de coisas relevantes para a criança. Fomentando a comunicação, a resolução de problemas (pedir ajuda), a descriminação de figuras e a estruturação de frases. Pode-se iniciar com coisas que a criança gosta de comer e ensiná-la a utilizar os cartões como objeto de troca pelo que deseja.
Vantagens:
- Signos tangíveis:
São signos ligados a objectos utilizados na acção, que representam. A criança pode tocar e manipular estes elementos. Por exemplo para representar a vontade de ir dar uma volta na cadeira de rodas, pode utilizar-se como a borracha da roda da cadeira como elemento, sendo que quando se realiza esta acção o que a criança sente é esta borracha. Os signos tangíveis podem apresentar ou não saída de voz ou varrimento.
Assim as opções apresentadas nos dispositivos podem ter uma modalidade visual, táctil ou auditiva. Sendo que estas opções podem ser representadas por ortografia tradicional, símbolos para representar ideias, ícones, linhas desenhadas ou fotografias, síntese de voz, etc.
Existem várias formas de se seleccionar, o elemento que se pretende:
A criança pode seleccionar (directamente) o elemento/opção: apontando, com movimentos de uma parte do corpo, ou através do uso de um ponteiro /luz fixo(a) na cabeça, voz, mão, dedos etc. A selecção também pode ser indirecta em existem passos intermédios no processo de selecção: pode ser através de tabelas de dupla entrada ou o método de varrimento, em que uma luz, barra, cursor ou aparelho, se move entre as opções disponíveis, esta luz, por exemplo, pode mover-se automaticamente, ai a criança só usa um dispositivo/estratégia para assinalar quando a luz está na opção que pretende (varrimento automático), ou a criança pode usar dois dispositivos (ou accionar duas vezes no interruptor) um para controlar o movimento da luz e outro para assinalar a opção que pretende (varrimento dirigido). A luz pode percorrer uma opção de cada vez (varrimento simples) ou em conjuntos (blocos, linhas, colunas) onde posteriormente se selecciona o elemento desejado (varrimento combinado: linear ou circular).
Comunicar
Para se comunicar é necessário querer e saber como interagir e o que comunicar, as crianças com autismo têm dificuldade em interpretar a informação que as rodeia, e por isso têm dificuldades na comunicação. Por vezes as crianças com autismo apresentam pouca mímica facial, sendo difícil saber se existe disponibilidade para comunicar, e por isso têm também dificuldade em interpretar as expressões dos outros. Estas crianças preferem a comunicação visual à oral visto haver dificuldades ao nível da percepção, por isso são mais utilizados signos gráficos.
Como comunicar?
- Para sermos bons comunicadores é necessário mostrar disponibilidade para comunicar com a criança.
- Identificar as suas competências comunicativas (usar frases mais simples)
- Identificar as estratégias facilitadoras a partir da análise do padrão de comunicação da criança.
- Identificar os campos de interesse da criança.
O comunicador deve controlar:
· A sua posição face á criança (por vezes com as crianças com autismo pode utilizar-se o mediador – espelho, ou uma posição lateral – menos invasiva.
· Direcção do olhar e tempo de contacto (deve estar-se atento a onde a criança e quando prende mais o olhar).
· A sua aparência: por vezes é adequada a utilização de roupa neutra, sem padrões, de forma a evitar o desvio da atenção da criança para estes.
· Os seus gestos, mímica e expressão facial.
· O contacto físico que estabelece com a criança: as alterações tácteis, fazem com que este contacto possa ser invasivo e desagradável.
· O acompanhamento do interlocutor.
É possível facilitar a comunicação:
Criando um ambiente mais adequado (não exagerar nos estímulos, por exemplo guardar o material em armários)
Por á disposição da criança tudo o que necessita para comunicar ( a prancha…tem de estar acessível, no campo de visão e “à mão” da criança, para que ela a posa usar sempre que necessite)
Encontrando tópicos que sejam de interesse para a criança
Dar oportunidade para a criança comunicar (tem de haver turnos iguais para ambos os intervenientes, tem de se aprender o seu meio de comunicação pedindo e dando tempo.)
A comunicação é a forma que se tem de interagir, trocar informações, conhecimentos, transmitir e compartilhar sensações, pensamentos e sentimentos. É importante que a comunicação seja multimodal, a criança deve ter acesso a todas as formas de comunicação possíveis para ela. A implementação de SAAC vem atender às crianças com PEA promovendo o desenvolvimento de possibilidades comunicativas e tornando-as activas nas relações interpessoais.
Por á disposição da criança tudo o que necessita para comunicar ( a prancha…tem de estar acessível, no campo de visão e “à mão” da criança, para que ela a posa usar sempre que necessite)
Encontrando tópicos que sejam de interesse para a criança
Dar oportunidade para a criança comunicar (tem de haver turnos iguais para ambos os intervenientes, tem de se aprender o seu meio de comunicação pedindo e dando tempo.)
A comunicação é a forma que se tem de interagir, trocar informações, conhecimentos, transmitir e compartilhar sensações, pensamentos e sentimentos. É importante que a comunicação seja multimodal, a criança deve ter acesso a todas as formas de comunicação possíveis para ela. A implementação de SAAC vem atender às crianças com PEA promovendo o desenvolvimento de possibilidades comunicativas e tornando-as activas nas relações interpessoais.
Referências Bibliográficas:
Stephen von Tetzchner, Martinsen, H. (2000) Introdução à Comunicaçao Aumentativa e Alternativa. 2ªed, Porto Editora. Porto.
Beukelman, D. Yorkston, K. e Reichle, J. (2000) Augmentative and Alternative Comunication for adults with acquired neurologic disosders. Paul H. Brookes Publishing Co. Baltimore.
Lima, C. e Ferreira, L. (2004) Paralisia Cerebral: Neurologia, Ortopedia, Reabilitação. Guanabara Koogan. Brasil.
Finnie, NR. (2000) O manuseio em casa da criança com Paralisia Cerebral. 3ª edição. Manole. Brasil.
Carvalho, A., Onofre, C., APRENDER A OLHAR PARA O OUTRO: Inclusão da Criança com Perturbação do Espectro Autista na Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico. acedido em 27 de Dezembro de 2008 pelas 14 horas em : http://sitio.dgidc.minedu.pt/recursos/Lists/Repositrio%20Recursos2/Attachments/712/aprender_olhar_outro.pdf
Beukelman, D. Yorkston, K. e Reichle, J. (2000) Augmentative and Alternative Comunication for adults with acquired neurologic disosders. Paul H. Brookes Publishing Co. Baltimore.
Lima, C. e Ferreira, L. (2004) Paralisia Cerebral: Neurologia, Ortopedia, Reabilitação. Guanabara Koogan. Brasil.
Finnie, NR. (2000) O manuseio em casa da criança com Paralisia Cerebral. 3ª edição. Manole. Brasil.
Carvalho, A., Onofre, C., APRENDER A OLHAR PARA O OUTRO: Inclusão da Criança com Perturbação do Espectro Autista na Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico. acedido em 27 de Dezembro de 2008 pelas 14 horas em : http://sitio.dgidc.minedu.pt/recursos/Lists/Repositrio%20Recursos2/Attachments/712/aprender_olhar_outro.pdf
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