Relation Play – Do movimento para o desenvolvimento
As Perturbações do Espectro Autista apresentam grandes défices nas competências da comunicação e da interacção social. Com efeito, as crianças com esta patologia sentem-se incapazes de se relacionar com as pessoas que as rodeiam, pois não compreendem a sua forma de pensar e sentir. Além disso, é característica comum a reacção aversiva ao toque.
Tendo por base a análise do movimento de Rudolf Laban, Verónica Sherborne idealizou o Relation Play como forma de promover o desenvolvimento global da criança com dificuldades de aprendizagem, considerando o relacionamento consigo própria e com o outro essenciais para uma progressão satisfatória.
O jogo da relação é feito através de uma sequência de movimentos corporais, que, experienciados em cooperação com o outro, promovem a consciência do eu e a consciência do outro, indispensáveis para a comunicação efectiva entre ambos. São movimentos livres, no chão e no espaço, não há certo nem errado e nenhuma concorrência, todos são bem sucedidos à sua maneira. A linguagem corporal, a mímica, as expressões faciais, o toque e o contacto ocular estão constantemente presentes.
Sherborne desenvolveu três tipos de movimento, que mimetizam a forma como nos relacionamos:
- "com”- movimentos a dois, em que o parceiro activo contém e suporta o outro, parceiro passivo;
- “partilhado” – movimentos interdependentes, em que os dois parceiros se suportam mutuamente e cooperam de forma igual;
- “contra”- movimentos direccionados contra o parceiro, que focam a energia corporal e testam a força e estabilidade.
- “partilhado” – movimentos interdependentes, em que os dois parceiros se suportam mutuamente e cooperam de forma igual;
- “contra”- movimentos direccionados contra o parceiro, que focam a energia corporal e testam a força e estabilidade.
A apresentação seguinte mostra algumas fotografias de sessões de Relation Play e algumas das técnicas utilizadas neste tipo de intervenção:
Os movimentos são simples e baseiam-se na forma natural da pessoa se movimentar, para que a criança se identifique com eles. Na prática, o terapeuta molda o tipo de interacção, o seu ritmo e intensidade às reacções da criança, que tem a liberdade de expressar o que lhe agrada.
A criança concentra-se nas sensações físicas inerentes ao movimento, o que torna mais fácil compreender a posição do seu corpo no espaço, a posição das partes do corpo umas em relação às outras, e a sua funcionalidade. Esta consciência permitir-lhe-á adaptar as suas respostas motoras na realização dos exercícios, contribuindo para aumentar a auto-estima e a auto-confiança.
A relação que se estabelece deve ter por base a aceitação e o respeito mútuos, para que progressivamente a criança ganhe confiança no terapeuta e o inclua no seu mundo. O terapeuta começa pelos exercícios mais simples, aumentando progressivamente o nível de dificuldade à medida que a criança se sente mais segura.
Esta técnica, devido ao seu poder terapêutico e educativo, é utilizada por variados profissionais, tais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, educadores do ensino especial e professores de educação física.
Os professores, pais e irmãos podem aprender alguns exercícios para realizarem com a criança, na escola e em casa, pois a prática intensiva e continuada é fundamental para que a criança consiga desenvolver o seu potencial.
Actualmente, esta abordagem abrange pessoas de todas as idades e com qualquer tipo de necessidades especiais, contudo estes exercícios são particularmente importantes para aquelas que têm dificuldades em relacionar-se com o seu próprio corpo e com os outros, tendo sido aplicados à síndrome de Down, ao atraso mental e ao autismo.
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