sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O envolvimento familiar







Envolvimento Familiar
Atendendo às enormes dificuldades de generalização, a colaboração de todas as pessoas que diariamente convivem com a criança é fundamental para o seu desenvolvimento.
Apesar de tudo, é frequente depararmo-nos com o contrário: pais desiludidos que não compreendem o que acontece com o seu filho ou que fazem deste uma ideia muito particular.
Temos de reconhecer que é fundamental a primeira abordagem feita aos pais, logo que o problema é detectado. A intervenção deve transmitir-lhes:
· Desculpabilização: não esqueçamos o enorme dano produzido pelas teorias psicanalíticas em que os pais eram culpabilizados pela problemática do filho;
· Reconhecimento por tudo quanto fazem pelo seu filho, por muito pouco ou mesmo inadequado, que nos pareça.
· Favorecer os processos de “sentido comum”, assim como de observação, depois de lhes dar, na medida do necessário, uma explicação sucinta da problemática do filho.
· Valorizar, em geral, o papel que, enquanto pais, têm para o filho, mesmo que tenham um problema tão grave.

Devemos em todos os momentos implicar toda a família nas aprendizagens da criança, mostrando-lhes a utilidade dessas aprendizagens, quer sejam palavras ou gestos.

Confronto Parental face ao DiagnósticoO modelo de MacKeith (1973) propõe cinco estádios de reacções parentais face ao diagnóstico. Este modelo revela a noção de que este tipo de reacções não ocorre apenas uma vez na vida, mas que se repetem ao longo da vida por associação a períodos de crise ou de transição, decorrentes do “ciclo de vida”.
O primeiro desses estádios reflectia choque, o segundo negação, o terceiro um misto de tristeza e raiva, o quarto adaptação e o quinto uma reorganização. Com efeito, o primeiro período de crise intensa, identificado por MacKeith, ocorre quando os pais tomam consciência da incapacidade e deficiência do seu filho; o segundo na época em que a criança se encontra na fase de entrar na escolaridade, no momento em que os pais têm de enfrentar a realidade em termos de nível de desenvolvimento e expectativas para o seu filho, assim como os reflexos em termos académicos e de autonomia. O terceiro período de crise aparece associado ao facto da criança ter que abandonar a escola. De uma forma geral, envolve problemas associados à maturação física e cognitiva no contexto social e psicológico, assim como limitações funcionais. A adolescência tende a ser um período de agravamento em termos de alterações de comportamento, um período de frustrações e confusão. Para os pais a grande preocupação centra-se no facto de procurar preparar o futuro, em termos de autonomia e independência. Nesta fase, a severidade e a visibilidade das incapacidades têm um papel preponderante.
Ainda de acordo com MacKeith, o período de crise final ocorre quando os pais tomam consciência de que não podem assumir por mais tempo a responsabilidade de cuidar do seu filho. E têm que procurar uma solução.
Outro destes modelos, é o de Gayhardt que tentou igualmente, interpretar estes sentimentos sob a forma de um esquema de dor ou sofrimento, frequentemente típico nestes pais.

Resultados de vários estudos sobre o impacto do diagnostico mostraram a existência de uma sequência deste tipo, embora, em diferentes graus. Não se trata de um estado ou de uma sequencia linear ou de uma sequencia livre, mas de um estado emocional que flutua entre sentimentos de Choque, Negação, Culpa, Ansiedade, Revolta e Aceitação, estádios estes que se podem repetir por esta ou outra sequencia, em diferentes períodos da vida mais críticos.

Papel do Psicólogo:– Suporte emocional/apoio psicológico à família/pais;
– Grupos de pais;
Mas para isso necessita de tempo, trabalho de articulação em equipa, formação.



Bibliografia:
Batista, R. (2ªed.), Necessidades Educativas Especiais, DinaLivro: Lisboa, 1997

Nenhum comentário:

Postar um comentário